TDAH dicas e dificuldades na leitura

Crianças com TDAH podem apresentar prejuízos de leves a mais graves na recordação de informações e compreensão de textos. Alguns possuem maior facilidade com a leitura oral.
Crianças com TDAH podem apresentar prejuízos de leves a mais graves na recordação de informações e compreensão de textos. Alguns possuem maior facilidade com a leitura oral.

TDAH

O TDAH é a sigla usada para Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM-versão 5. O TDAH é um conjunto de sintomas e suas principais características são: desatenção, hiperatividade e impulsividade que podem causar dificuldades na leitura e na escrita.

Algumas crianças com TDAH, particularmente aquelas com problemas de atenção, podem ter um processamento ortográfico pobre, ou seja, dificuldade em perceber as propriedades visuais das palavras e reter essas informações na memória de trabalho, o que é importante para o desenvolvimento da leitura e escrita. Crianças desatentas na educação infantil e nos anos iniciais devem ser consideradas em risco de problemas de leitura posteriores, mesmo tendo as habilidades iniciais de leitura preservadas. Aspectos neurobiológicos associados ao TDAH na infância levam a vulnerabilidades no controle executivo (incluindo a velocidade de processamento e memória de trabalho), que podem ter efeitos prejudiciais sobre fluência de leitura e compreensão, mesmo na ausência de dificuldades básicas de leitura de texto (Rotta2015).

Dificuldades na leitura do TDAH

A relação entre os prejuízos e a compreensão textual dos estudantes com TDAH está caracterizada através de um estudo realizado por Cunha e colaboradores em 2013. O estudo comparou o desempenho em tarefas metalinguísticas e de leitura de estudantes com TDAH e estudantes sem queixa de transtornos comportamentais e/ou de aprendizagem, na faixa etária de 9 a 13 anos. Dados completo da pesquisa podem ser encontrado no livro ”Transtornos da aprendizagem: abordagem neurobiológica e multidisciplinar” da professora e pesquisadora Dra. Newra Tellechea Rotta.

Crianças:

• leitura lenta de palavras individuais e pseudopalavras (ou não palavras)

• a compreensão pode ser prejudicada pela lentidão na decodificação

• dificuldade em lembrar as informações contidas em história

• dificuldade em recontar histórias de maneira organizada e coesa

• ser menos sensíveis a perceber a estrutura da história

• dificuldade em organizar fatos e identificar os eventos causais em narrativas

• as dificuldades na compreensão da leitura podem ocorrer mesmo na ausência de dificuldades básicas de leitura de palavras

• prejuízos no componente executivo central da memória de trabalho podem afetar a capacidade de dividir a atenção entre duas tarefas (ler e compreender)

• a leitura de trechos de textos mais longos requer maior esforço do processamento cognitivo, e, portanto, maiores exigências sobre multitarefa

• dificuldade na compreensão de informações apresentadas oralmente

• dificuldade em fazer inferências

Adolescentes:

• adolescentes com TDAH sem comorbidade com transtorno da leitura, comparados aos sem TDAH, demonstraram dificuldades sutis nas medidas de leitura de texto; com maior diferença na compreensão de leitura silenciosa

• correlação entre a atenção sustentada e compreensão de leitura entre os adolescentes com e sem TDAH

• pior desempenho em compreensão da leitura e atenção prolongada, em relação aos colegas sem TDAH

• o tipo de apresentação do texto (espaçamento) pode interferir positivamente no nível de atenção sustentada em compreensão de leitura

• desempenho significativamente menor do que os jovens sem TDAH em medida padronizada de compreensão de leitura

• estudantes com TDAH, com bom ou mau desempenho na compreensão, apresentaram deficiências no vocabulário expressivo, raciocínio matemático, expressão escrita e em funções executivas (FE)

• vocabulário expressivo e leitura de palavras, mas não funções executivas foram responsáveis por variância única na leitura de desempenho em compreensão e mediada à relação entre os sintomas de TDAH e compreensão de leitura

Dicas de leitura para TDAH

Algumas estratégias e modificações utilizadas antes e durante a leitura podem ser úteis para melhorar as habilidades de leitura para os alunos com TDAH:

• Utilizar materiais de leitura que despertem o interesse, pois alunos com TDAH têm mais facilidade em manter a atenção por mais tempo na leitura de passagens que são excitantes, estimulantes e de menor extensão;

• Minimizar distrações externas durante o tempo de leitura (para alguns, é melhor ler em locais silenciosos, outros preferem o ruído branco – ouvir sons ou música de fundo, outros necessitam fazer pausas para movimentar-se e mudar o foco);

• Sugerir que ilustre as histórias para facilitar a compreensão;

• Ressaltar as ideias fundamentais do texto antes de pedir que ele leia – isso ajudará o estudante com TDAH a entender o que é mais importante/relevante na leitura;

• Discutir, antes da leitura, algumas questões que deverão ser respondidas com a leitura;

• Incentivar o uso de histórias gravadas em áudio ou vídeo. As gravações podem ser um passaporte do estudante para o mundo do leitor;

• Usar um marcador de livro auxilia a manter o seu lugar na página durante a leitura;

• Deslizar o dedo indicador para baixo da página a cada linha que lê pode auxiliar na leitura de passagens mais longas, ajudando a dividir o material de leitura em segmentos mais curtos;

• Ensinar estratégias ativas de leitura como sublinhar e fazer anotações, usar várias cores para destacar pontos importantes ou passagens;

• Resumir os pontos-chave do material a ser lido na mesma sequência que aparecem no texto. Fornecer informações gerais sobre a área de tópico, configuração, personagens, conflitos na história, etc., barras laterais e perguntas de capítulo;

• Apresentar ao estudante como o material de leitura é organizado, auxiliá-lo a encontrar parágrafos introdutórios e parágrafos de resumo, a usar esquemas que ajudem a identificar e organizar principais componentes;

• Rever e apresentar definições para qualquer novo vocabulário que será encontrado na leitura;

• Ensinar ao aluno como subvocalizar durante a leitura – dizer as palavras de modo que elas sejam quase inaudíveis para os outros, para facilitar a compreensão, pois a leitura silenciosa pode ser difícil para estudantes com problemas de atenção (ler em voz alta é uma boa estratégia para ajudar com compreensão, mas, para alguns, ela pode retardar a fluência da leitura e pode ser mais frustrante);

• Ajudar o aluno a sublinhar ideias-chave, a ler e gravar os pontos destacados, escutar o que foi gravado e falar sobre essas ideias. Alguns alunos se beneficiam de material de visualização, ilustrando pontos, fazendo diagramas e imagens visuais para aumentar na recordação e compreensão dos principais elementos em um trecho;

• Ampliar o tempo da leitura, pois isto permitirá mais tempo para o estudante processar o material de forma mais eficaz, revendo trechos para esclarecer dúvidas, e reler o texto para melhor compreensão. O tempo prolongado para adolescentes com TDAH para completar testes envolvendo leitura pode ajudar a compensar as suas deficiências de memória de trabalho e velocidade de processamento;

• Utilizar letras maiores e com traçado simples, espaçamento duplo, pois a apresentação do material a ser lido pode facilitar a leitura e a compreensão.

Para ajudar os profissionais na área de saúde e educação, a Neuropsicopedagoga Clínica e Mestre em Educação Renata Bringel, ministra um curso online onde apresenta o curso TDAH Avaliação e Intervenção. Os cursos online realizados pela Professora Renata estão disponibilizados no site www.renatabringel.com.br.

Referências:

ROTTA, Newra Tellechea; OHLWEILER, Lygia; DOS SANTOS RIESGO, Rudimar. Transtornos da aprendizagem: abordagem neurobiológica e multidisciplinar. Artmed Editora, 2015.

Cunha VLO, Silva C, Lourencetti MD, Padula NAMR, Capellini, AS. Desempenho de escolares com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade em tarefas metalinguísticas e de leitura. Rev CEFAC. 2013;15(1).

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