Terapia Cognitivo-Comportamental em Grupo

A Terapia Cognitivo-Comportamental em Grupo (TCCG) se mostra atualmente como uma possibilidade de intervenção para diversos transtornos e indivíduos.
A Terapia Cognitivo-Comportamental em Grupo (TCCG) se mostra atualmente como uma possibilidade de intervenção para diversos transtornos e indivíduos.

Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC)

A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) teve seu início com Aaron Beck, nas décadas de 1950 e 1960, pensada inicialmente para indivíduos com transtornos depressivos (Clark & Beck, 2012 cita Neufeld & Peron, 2018). Atualmente, intervenções com esta forma de terapia já foram testadas e avaliadas para diversos transtornos psiquiátricos (A. Beck & Weishaar, 2000 cita Neufeld & Peron, 2018).

Os pressupostos desta terapia dizem que a interpretação dos fatos pelo individuo, influenciam suas emoções e os seus comportamentos, mais do que os fatos propriamente ditos. Desta forma, as pessoas em sofrimento teriam a percepção de si mesmas, do ambiente e do futuro alteradas por pensamentos distorcidos, que não corresponderiam a realidade (Rangé et al., 2011 cita Neufeld & Peron, 2018). Portanto, a avaliação e a modificação destes pensamentos disfuncionais auxiliariam na melhora no humor e no comportamento do indivíduo (Beck, 1997 cita Neufeld & Peron, 2018).

Terapia Cognitivo-Comportamental em grupo (TCCG)

De forma semelhante, a Terapia Cognitivo-Comportamental em Grupo (TCCG) já era mencionada por Beck, Rush, Shaw e Emery (1979 cita Neufeld & Peron, 2018), voltada para a mesma população clínica. Em sua aplicação, seus pressupostos se mantem ao formato original da TCC, contudo, devem ser associadas aos fatores do processo grupal (Bieling, McCabe & Antony, 2008 cita Neufeld & Peron, 2018). Por se tratar de uma modalidade terapêutica da TCC, é importante ressaltar que o grupo permite a aplicação de técnicas especificas voltadas para o alcance de resultados também específicos no que tange a remissão de sintomas; e, uma vez que os participantes dos grupos em TCC apresentam sintomas e objetivos semelhantes, os grupos são caracterizados por certa homogeneidade em sua composição (Neufeld, 2011 cita Neufeld & Peron, 2018).

Em TCCG é comum que a sessão seja conduzida por uma equipe de terapeutas, um coterapeuta e, por vezes, por observadores (Bieling et al., 2008 cita Neufeld & Peron, 2018). Neste sentido o papel do terapeuta principal consiste em manter o foco da sessão, a condução das atividades e tomada de decisão no momento do grupo; já o coterapeuta, no momento da sessão apresenta a função de auxiliar o terapeuta principal e a observar atentamente as relações grupais e o processo terapêutico. Contudo, em momento fora da sessão, os dois terapeutas apresentam papéis e responsabilidades iguais no planejamento e na avaliação para o bom andamento do grupo (Neufeld, 2011 cita Neufeld & Peron, 2018).

Os grupos

Os grupos, quanto ao seu objetivo e formato, não seguem sempre os mesmos moldes, existindo várias possibilidades de combinações possíveis para o trabalho grupal. A escolha por um formato específico deve ser realizada a partir do objetivo proposto e das possibilidades de intervenção, considerando os participantes, o local, a frequência e a disponibilidade do serviço e/ou instituição proponente.

Em relação ao objetivo, o grupo pode ser de prevenção, promoção de saúde ou intervenção terapêutica (Neufeld, Maltoni, Ivatiuk & Rangé, 2017 cita Neufeld & Peron, 2018). Os grupos de intervenção são caracterizados por tratamentos voltados para os indivíduos que já apresentem sintomas e/ou já possuam um transtorno instaurado (Neufeld & Peron, 2018).

Prevenção

O conceito de prevenção em saúde mental diz respeito a ações preventivas que buscam evitar o surgimento ou a ampliação de um determinado transtorno, atuando, assim, na redução de incidência ou de prevalência do mesmo (Luz, Murta, & Aquino, 2015 cita Neufeld & Peron, 2018). A prevenção apresenta três níveis de intervenção, a partir dos níveis de exposição: universal, seletiva e indicada. A Universal diz respeito a população de maneira geral, sem considerar um alvo específico, podendo ser voltados para indivíduos os quais não foram identificados fatores de risco ou dificuldades. A Seletiva volta-se para indivíduos os quais já foram identificados riscos, mas que ainda não apresentam sintomas. E por fim, a Indicada, para indivíduos que apresentam sintomas de algum transtorno (Leandro-França & Murta, 2014; Munhoz, Mrazek, & Haggerty, 1996; Muñoz, et al., 2010 cita Neufeld & Peron, 2018).

Saúde Mental

Segundo a World Health Organization [WHO] Organização Mundial da Saúde (2004), a saúde mental consiste em um estado de bem-estar que permite que as pessoas acreditem em suas potencialidades e capacidades para lidar com as dificuldades cotidianas, trabalhando de forma produtiva e contribuindo para o crescimento de sua comunidade. Desta forma, a promoção de saúde mental deve focar no fortalecimento individual e coletivo, com o intuito de promoção de bem-estar e de qualidade de vida (Luz, Murta, & Aquino, 2015 cita Neufeld & Peron, 2018).

Grupos Heterogêneos e Homogêneos

Ainda, características especialmente importantes para grupos em TCCG referem-se a especificidades de critérios de possibilidades reais dos grupos. Desta forma, é preciso considerar não apenas as demandas dos participantes, mas também a sintomatologia, idade, sexo, escolaridade, cultura, entre outros aspectos dos indivíduos. Assim, os grupos podem ser heterogêneos, quando são compostos por pessoas que apresentem características diferentes entre si; ou homogêneos, quando possuem características comuns. Lembrando, ainda, que a total homogeneidade não é desejada ou até mesmo possível na maior parte dos casos, mas que um certo nível é essencial para o funcionamento da TCCG (Neufeld, 2015 cita Neufeld & Peron, 2018).

Grupos abertos, semiabertos e fechados

Além das características dos participantes, é essencial considerar algumas especificidades quando aos momentos de entrada dos indivíduos no grupo. Os grupos Abertos, permitirem a entrada ou saída do grupo a qualquer momento; semiabertos permitem o ingresso de novos participantes até um número limite de sessões; e os Fechados, não permitem o ingresso de novos membros ao longo das sessões (Neufeld, 2015 cita Neufeld & Peron, 2018).

Formato

Quanto ao formato, os grupos em TCCG podem se apresentar como Grupos de apoio, de Psicoeducação, de treinamento e/ou orientação, e terapêuticos (Neufeld, 2011 cita Neufeld & Peron, 2018). Contudo, pode-se perceber que a psicoeducação se faz presente em quase todos os formatos, o que se justifica pela grande importância desta técnica característica da TCC.

Grupos de Apoio

Os Grupos de Apoio, apresentam como objetivo o apoio aos participantes, que apresentam sintomas crônicos que estejam passando passaram ou já passaram por intervenção, e/ou para seus cuidadores. Normalmente são formados por 15 a 20 pessoas, possuindo frequência semanal, quinzenal ou mensal, sendo que os conteúdos trabalhados são as demandas trazidas pelos próprios participantes.  Ainda, embora não obrigatório, é desejável que o programa apresente estruturação para a intervenção em questão (Neufeld & Peron, 2018).

Grupos de Psicoeducação

Os grupos de Psicoeducação buscam oferecer informações e autoconhecimento relativo aos sintomas, as demandas e aos transtornos específicos para aqueles que possam se beneficiar destas informações e da identificação destas em si mesmos. Possuem em torno de 15 a 20 participantes, sendo preferencialmente fechados. A duração é de 4 a 6 semanas, com frequência semanal ou quinzenal, nas quais as sessões possuem conteúdos voltados para a psicoeducação e resolução de problemas (Neufeld, Maltoni, Ivatiuk & Rangé, 2017cita Neufeld & Peron, 2018).

Grupos de Treinamento/Orientação

Os grupos de Treinamento/Orientação procuram fornecer psicoeducação, orientação e treino para a obtenção de mudanças cognitivas, comportamentais e emocionais, voltadas para indivíduos que possam se beneficiar desta orientação e treino específicos para uma habilidade específica. Possuem no máximo 15 participantes, com estrutura fechada, de duração de mais de 8 sessões, com frequência semanal. Apresentam programa estruturado de sessões, nas quais há grande utilização e treino de técnicas cognitivas, comportamentais e de regulação emocional (Neufeld & Peron, 2018).

Grupos Terapêuticos

E por fim, os grupos Terapêuticos objetivam realizar intervenções para demandas e transtornos específicos, contando com elementos dos tipos de grupos já apresentados. São formados com no máximo 12 participantes, sendo fechados, com duração de mais de 12 sessões de frequência semanal, contanto com a estruturação de sessões, impreterivelmente (Neufeld, Maltoni, Ivatiuk & Rangé, 2017 cita Neufeld & Peron, 2018).

Para ajudar os profissionais na área de saúde e educação, a Neuropsicopedagoga Clínica e estre em Educação Renata Bringel, ministra os cursos Online Testes de Rastreio para Autismo (TEA) e Atrasos no Desenvolvimento Infantil, TDAH, Avaliação e Intervenção entre outros. Os cursos online realizados pela Professora Renata estão disponibilizados no site renatabringel.com.br

Referência:

NEUFELD, Carmem Beatriz; PERON, Suzana. A terapia cognitivo-comportamental em grupos com crianças e adolescentes: desafios e estratégias. 2018.

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