TCC on-line na COVID-19 e o A.C.A.L.M.E.-S.E.

TCC on-line e o A.C.A.L.M.E.-S.E. podem ser alternativas viáveis de tratamento nos sintomas desencadeados ou agravados pela pandemia da COVID – 19.
TCC on-line e o A.C.A.L.M.E.-S.E. podem ser alternativas viáveis de tratamento nos sintomas desencadeados ou agravados pela pandemia da COVID – 19.

Pandemia da COVID 19

O surgimento do primeiro caso confirmado do novo coronavírus (SARS-CoV-2) trouxe o alerta para o que viria a ser classificado como uma pandemia. O surto foi notificado, primeiramente, em Wuhan, China, em 31 de dezembro de 2019, segundo dados da Organização Mundial da Saúde – OMS (World Health Organization [WHO], 2020), que também nomeou a doença de covid-19 (Ministério da Saúde, 2020).

Além das graves preocupações com o aumento exponencial de casos, o coronavírus vem produzindo repercussões não somente de ordem biológica e epidemiológica, mas também impactos sociais, econômicos e emocionais (Teotônio et al., 2020 cita ARAÚJO, COSTA, 2021).

Com o propósito de achatar a curva epidêmica, foram necessárias medidas preventivas, como o fechamento de restaurantes, bares, lojas e escolas, bem como a adoção da quarentena e do distanciamento social, causando mudanças drásticas nas atividades diárias (Murphy et al., 2020 cita ARAÚJO, COSTA, 2021).

 As consequências da pandemia vão além do número de mortos, impactando consideravelmente a saúde mental dos indivíduos (Brooks et al., 2020 cita ARAÚJO, COSTA, 2021).

A demanda por cuidados à saúde mental tende a aumentar principalmente em pessoas diagnosticadas com covid-19, seus familiares e a população que trabalha nos sistemas de saúde, em decorrência da possibilidade de óbito, da exposição ao vírus e de todas as mudanças sociais ocasionadas pela pandemia (Wind et al., 2020 cita ARAÚJO, COSTA, 2021)

Um estudo de corte transversal com 8.079 adolescentes chineses observou que 43% tinham sintomas depressivos, 37% manifestaram sintomas ansiosos e 31% apresentaram a combinação de depressão e ansiedade durante o surto da covid-19 (Zhou et al., 2020 cita ARAÚJO, COSTA, 2021).

 Outras queixas foram identificadas, como sintomas de estresse pós-traumático, confusão e raiva, podendo perdurar no pós-crise (Brooks et al., 2020 ARAÚJO, COSTA, 2021).

O manejo de pacientes em sofrimento psíquico durante a pandemia levanta consideráveis questões no que diz respeito a intervenções terapêuticas. Diferentes pesquisas indicam a existência de uma parte da população mais vulnerável durante a pandemia do novo coronavírus, sugerindo intervenções emergenciais conforme as demandas apresentadas individualmente (Kang et al., 2020; Lai et al., 2020; Wu & Wei, 2020 cita ARAÚJO, COSTA, 2021).

TCC – terapia cognitivo-comportamental

Desse modo, surge a necessidade de intervenções baseadas em evidências. A terapia cognitivo-comportamental (TCC) consiste em um tratamento breve, focado e colaborativo que se dispõe a modificar respostas disfuncionais, alterando pensamentos e comportamentos do indivíduo. Existe uma vasta quantidade de protocolos dessa terapia para o tratamento de inúmeros transtornos psiquiátricos, em geral sendo efetivos para o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), o transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), o transtorno de ansiedade generalizada (TAG) e fobias específicas (Kaczkurkin & Foa, 2015 cita ARAÚJO, COSTA, 2021).

Nesse contexto, intervenções cognitivo-comportamentais podem ser alternativas viáveis para os agravos à saúde mental trazidos pela pandemia (ARAÚJO, COSTA, 2021).

 À luz do panorama atual e dos desafios crescentes, tornam-se necessárias a adaptação ao cenário atípico e a inserção de soluções digitais associadas a métodos já utilizados na terapia convencional (Di Carlo et al., 2021). A modalidade de intervenção on-line oferece maior flexibilidade de horários, economia dos deslocamentos e menor risco de infecção (Cowan et al., 2019), além de alguns pacientes relatarem que se sentem mais abertos e dispostos em abordar assuntos difíceis (Simpson & Reid, 2014 cita ARAÚJO, COSTA, 2021), (Luik et al., 2019 cita ARAÚJO, COSTA, 2021).

TCC e manejo da TAG na pandemia através da estratégia A.C.A.L.M.E.-S.E

Após muitos estudos a TCC se mostrou um tratamento eficaz para o tratamento de depressão, transtornos de ansiedade e também de forma central, para transtornos psiquiátricos. Ela objetiva a reestruturação cognitiva, através da identificação, questionamento e substituição de comportamentos, para Beck et al. (1979 cita BARARÓ, DOS SANTOS, 2021) consiste em um tratamento breve, focado e colaborativo pois conta com a essencial participação ativa do paciente (BARARÓ, DOS SANTOS, 2021).

Para Rangé & Borba (2008 cita BARARÓ, DOS SANTOS, 2021), permanecer no presente e aceitar um estado de ansiedade totalmente é a chave para lidar com ele, isso faz com que ele desapareça. Para isso, utilizar os oito passos da estratégia A.C.A.L.M.E.-S.E., ajudará a lidar com a ansiedade de forma exitosa (BARARÓ, DOS SANTOS, 2021):

A.C.A.L.M.E.-S.E

1 Aceite a sua ansiedade.

Um dicionário define aceitar como dar “consentimento em receber”. Concorde em receber as suas sensações de ansiedade. Mesmo que lhe pareça absurdo no momento, aceite as sensações em seu corpo assim como você aceitaria em sua casa um visitante inesperado ou desconhecido ou uma dor incômoda. Substitua seu medo, raiva e rejeição por aceitação. Não lute contra as sensações. Resistindo você estará prolongando e intensificando o seu desconforto. Ao invés disso, flua com elas.

2 – Contemple as coisas em sua volta.

Não fique olhando para dentro de você, observando tudo e cada coisa que você sente. Deixe acontecer com o seu corpo o que ele quiser que aconteça, sem julgamento: nem bom nem mau. Olhe em volta de você, observando cada detalhe da situação em que você está. Descreva-os minuciosamente para você, como um meio de afastar-se de sua observação interna. Lembre-se: você não é sua ansiedade. Quanto mais você puder separar-se de sua experiência interna e ligar-se nos acontecimentos externos, melhor você se sentirá. Esteja com ansiedade, mas não seja ela; seja apenas observador.

3 – Aja com sua ansiedade.

Aja como se você não estivesse ansioso(a), isto é, funcione com as suas sensações de ansiedade. Diminua o ritmo, a velocidade com que você faz as suas coisas, mas mantenha-se ativo(a)! Não se desespere, interrompendo tudo para fugir. Se você fugir, a sua ansiedade vai diminuir, mas o seu medo vai aumentar: donde na próxima vez a sua ansiedade vai ser pior. Se você ficar onde está – e continuar fazendo as suas coisas bem devagar – tanto a sua ansiedade quanto o seu medo vão diminuir. Continue agindo, bem devagar!

4 – Libere o ar de seus pulmões!

Respire bem devagar, calmamente, inspirando pouco ar pelo nariz e expirando longa e suavemente pela boca. Conte até três, devagarinho, na inspiração, outra vez até três, prendendo um pouco a respiração e até seis, na expiração. Faça o ar ir para o seu abdômen, estufando-o ao inspirar e deixando-o encolher-se ao expirar. Não encha os pulmões. Ao exalar, não sopre: apenas deixe o ar sair lentamente por sua boca. Procure descobrir o ritmo ideal de sua respiração, neste estilo e nesse ritmo, e você descobrirá como isso é agradável.

5 – Mantenha os passos anteriores.

Repita cada um, passo a passo. Continue a: (1) aceitar sua ansiedade; (2) contemplar; (3) agir com ela e (4) respirar calma e suavemente até que ela diminua e atinja um nível confortável. E ela irá, se você continuar repetindo estes quatro passos: aceitar, contemplar, agir e respirar.

6 – Examine seus pensamentos.

Examine seus pensamentos. Você talvez esteja antecipando coisas catastróficas. Você sabe que elas não acontecem. Você mesmo já passou por isso muitas vezes e sabe que nunca aconteceu nada do que você pensou que fosse acontecer. Examine o que você está dizendo para você mesmo(a) e reflita racionalmente para ver se o que você pensa é verdade ou não: você tem provas de que o seu pensamento é verdadeiro? Há outras maneiras de você entender o que está lhe acontecendo? Lembre-se: você está apenas ansioso(a): isto pode ser desagradável, mas não é perigoso. Você está pensando que está em perigo, mas você tem provas reais e definitivas disso?

7 – Sorria, você conseguiu!

Você merece todo o seu crédito e todo o seu reconhecimento. Você conseguiu, sozinho(a) e com seus próprios recursos, tranquilizar-se e superar este momento. Não é uma vitória, pois não havia um inimigo, apenas um visitante de hábitos estranhos que você passou a compreendê-lo e aceitá-lo melhor. Você agora saberá como lidar com visitantes estranhos.

8 – Espere o futuro com aceitação.

Livre-se do pensamento mágico de que você terá se livrado definitivamente de sua ansiedade, para sempre. Ela é necessária para você viver e continuar vivo(a). Em vez de se considerar livre dela, surpreenda-se pelo jeito como você a maneja, como você acabou de fazer agora. Esperando a ocorrência de ansiedade no futuro, você estará em uma boa posição para lidar com ela novamente.

Para ajudar os profissionais na área de saúde e educação, a Neuropsicopedagoga Clínica e estre em Educação Renata Bringel, ministra os cursos Online Testes de Rastreio para Autismo (TEA) e Atrasos no Desenvolvimento Infantil, TDAH, Avaliação e Intervenção entre outros. Os cursos online realizados pela Professora Renata estão disponibilizados no site renatabringel.com.br

Referência:

ARAÚJO, Danilo de Freitas; COSTA, Elenskadja Lopes. Efetividade da Terapia Cognitivo-Comportamental on-line no cenário de pandemia da COVID-19: uma revisão sistemática. Revista Brasileira de Terapias Cognitivas, v. 17, n. 2, p. 105-112, 2021.

BADARÓ, Ana Flávia Bovi; DOS SANTOS, Mariana Fernandes Ramos. Transtorno de ansiedade generalizada (TAG) e pandemia por Covid-19: uma abordagem cognitivo comportamental Generalized anxiety disorder (GAD) and the Covid-19 pandemic: a cognitive behavioral approach. Brazilian Journal of Development, v. 7, n. 6, p. 57729-57739, 2021.

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