PDI e PEI qual a diferença?

PDI Plano de Desenvolvimento Individualizado) e PEI Programa de Enriquecimento Instrumental conheça suas diferenças.
PDI Plano de Desenvolvimento Individualizado) e PEI Programa de Enriquecimento Instrumental conheça suas diferenças.

PDI e PEI conbheça a diferença

PDI

O Plano de Desenvolvimento Individualizado (PDI) é um instrumento didático-pedagógico descritivo utilizado para auxiliar as ações pedagógicas de aprendizagem do aluno com deficiência que recebe o Atendimento Educacional Especializado (AEE) na Sala de Recursos Multifuncionais (SRM), sendo de responsabilidade do professor da SRM. A finalidade do PDI consiste em planejar as ações pedagógicas, auxiliando na flexibilização e adaptação curricular do aluno com Necessidade Educativa Especial (NEE), de modo a garantir um ambiente inclusivo, de acordo com o currículo desenvolvido pela Escola (DOS SANTOS, MARIA VÂNIA QUIRINO2020).

Segundo a Doutora em Educação pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da UERJ Cristina A. Aquino de Carvalho Mascaro: “Vivenciamos nas últimas duas décadas o desafio de equiparar oportunidades de aprendizagem para todos os alunos em nossas escolas, que precisam se modificar a partir dos pressupostos da inclusão.  A proposta de Educação Inclusiva requer, conforme preconizado pela conhecida Declaração de Salamanca¹ (UNESCO, 1994), que todos os alunos, independentemente de suas condições socioeconômicas, raciais, linguísticas, culturais e/ou de desenvolvimento, devem ser acolhidos nas escolas comuns, as quais devem se adaptar para atender às suas necessidades para acessibilidade pedagógica. Cabe pontuar que os preceitos da citada declaração foram incorporados à legislação educacional nacional. Neste contexto, precisamos encontrar possibilidades para prestar um atendimento diferenciado aos alunos que apresentam necessidades educacionais especiais.

(¹ Documento elaborado na Conferência Mundial sobre Educação Especial, em Salamanca, na Espanha, em 1994, com o objetivo de fornecer diretrizes básicas para a formulação e reforma de políticas e sistemas educacionais de acordo com o movimento de inclusão social).

Em pesquisa sobre a implantação de planos individualizados para alunos com deficiência intelectual, Pletsche Glat (2013, p.22) cita a Doutora, confirmaram a validade da utilização desta estratégia, entre outros aspectos, pelo PEI oferecer “parâmetros mais claros a serem atingidos com cada aluno, sem negar os objetivos gerais colocados pelas propostas curriculares”. Os dados deste estudo também demonstraram que o PEI auxilia os professores no planejamento de atividades que permitem que o aluno se desenvolva academicamente, ainda que de maneira adaptada, a partir de práticas curriculares de sua turma de referência. Conforme destacam as autoras a elaboração do PEI permite ajustes e flexibilização curricular sem o empobrecimento de conteúdos e objetivos a serem atingidos, quando vinculados ao trabalho geral da turma. Sendo assim é uma estratégia que favorece tanto o desenvolvimento de um aluno específico, como também dá suporte às ações do docente na diversidade de alunado.

No princípio inclusivo, os alunos não devem ser avaliados em relação aos seus colegas de turma, e sim em relação ao desenvolvimento de acordo com o que foi proposto para si. Isto é, se a proposta da inclusão permite que façamos alterações por meio da flexibilização do currículo, ou seja, do conteúdo ensinado para determinado aluno; a avaliação aplicada não pode ser a mesma que os demais alunos. Esse aluno é avaliado a partir do que foi proposto para ele. De forma a ilustrar esta afirmação, podemos, a partir de um caso hipotético, exemplificar: um determinado aluno pertence a um grupo (série, ano de escolaridade, turma) que em matemática esteja aprendendo multiplicação, porém este ainda não domina a adição de múltiplas parcelas. Neste caso poderá ser realizado um trabalho diferenciado com a finalidade de desenvolver a lacuna do referido conteúdo e possibilitar o avanço na elaboração conceitual na multiplicação.

Assim a avaliação da turma terá o nível de complexidade proposto no objetivo para ela e o aluno específico será avaliado de acordo com os avanços no mesmo conteúdo, tendo atividades diferenciadas que permitam aferir o seu desenvolvimento no que foi proposto. E esse tipo de avaliação só se torna possível a partir da elaboração de formas diferenciadas de ensinar determinado conteúdo e pela flexibilização das ações didáticas. Sendo assim, o trabalho pedagógico dentro dos princípios do PEI, estará permitindo tais ações no que concerne a avaliação na perspectiva inclusiva (MASCARO, 2017).

PEI

O Programa de Enriquecimento Instrumental (PEI) tem sido usado para estimulação cognitiva em diversos contextos com resultados promissores, tais como na aplicação da experiência da aprendizagem mediada no ensino à distância na intervenção em leitura e escrita no sistema Braille para crianças com deficiência visual, na reabilitação de pacientes com acidente vascular encefálico,  em indivíduos com transtornos neuropsiquiátricos, como Transtorno Obsessivo Compulsivo e crianças sem quadros específicos. O PEI é sustentado pela teoria da modificabilidade cognitiva estrutural, segundo a qual a inteligência consiste na tendência de o indivíduo ser modificado em suas estruturas cognitivas em resposta às necessidades de adaptação ao ambiente e, principalmente, em resposta às múltiplas vivências de aprendizagem mediada. Baseia-se no postulado de um funcionamento cognitivo flexível, passível de mudanças e com um potencial natural para o aprendizado, enfatizando a importância dialógica entre mediador-mediado para o impulsionamento das transformações estruturais mentais (Ricci2020).

O PEI possibilita uma mediação, por meio de instrumentos criados e sistematizados para acessar e facilitar o desenvolvimento das funções cognitivas dos indivíduos, de modo a promover uma transformação no raciocínio geral e uma transcendência das tarefas às atividades cotidianas. Funções cognitivas como memória, atenção, percepção e linguagem são consideradas processos estruturais e complexos do funcionamento mental que, quando combinados, fazem operar e organizar a estrutura cognitiva de como a mente humana pode ter seu funcionamento alterado pela mediação humana (Gomes 2002 cita Ricci 2020).

O PEI é um programa de estimulação cognitiva que visa à aplicação de instrumentos para modificabilidade cognitiva. O programa é composto por nível I, nível II e nível básico. Os níveis I e II são dirigidos a crianças escolares e adultos e são compostos por 14 instrumentos cada. Já o PEI básico é subdividido em 2 níveis e composto por 7 instrumentos, sendo direcionado para crianças pré-escolares, pessoas ainda não alfabetizadas ou que apresentam dificuldades de aprendizagem. Assim, essa versão básica objetiva prevenir e intervir em dificuldades de aprendizagem, fomentando o desenvolvimento cognitivo para construir potencialidades para aprender e preparando a criança para ingresso escolar. São utilizados sete instrumentos, com aproximadamente 25 a 30 tarefas de “lápis-papel” cada. Para que as tarefas sejam realizadas eficientemente, o mediador, aplicador do programa, deve promover a experiência de aprendizagem mediada intervindo junto à criança em sua maneira de observar, de perceber as informações, de analisar e sintetizar, de construir relações, de elaborar inferências lógicas, de apresentar comportamento sistemático e não impulsivo e de pensar antes de agir (Ricci 2020).

PEI e TDAH

Dentre diversos quadros em que há necessidade de estimulação cognitiva, podem-se citar os transtornos do neurodesenvolvimento. Dentre estes, o Transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) é caracterizado por níveis prejudiciais de desatenção, desorganização e/ou hiperatividade-impulsividade. Sintomas de desatenção e desorganização estão relacionados à incapacidade de permanecer em uma tarefa e se aparenta não prestar atenção nas outras pessoas nas mais diversas situações.

 Sintomas de hiperatividade-impulsividade se relacionam à inquietação e agitação motora, incapacidade de permanecer parado em atividades que exigem esta demanda, dificuldade em aguardar sua vez, entre outros sintomas excessivos de determinadas atividades. O TDAH costuma persistir na vida adulta e pode acarretar em prejuízos na vida social, acadêmica e profissional. Para critério diagnóstico é necessário que os sintomas do quadro estejam presentes até os 12 anos de idade, além de se manifestarem em mais de um ambiente, como exemplo: em casa e na escola (American Psychiatric Association, 2014).

O Transtorno específico da aprendizagem também faz parte dos transtornos do neurodesenvolvimento e se caracteriza por déficits específicos na capacidade individual para perceber ou processar informações com eficiência e precisão, com dificuldades na aprendizagem ou no uso de leitura, escrita e/ou matemática. Tal transtorno, apesar de manifestar-se inicialmente durante o início da escolarização fundamental, pode acarretar prejuízos duradouros em atividades que dependam destas habilidades, inclusive no desempenho profissional (American Psychiatric Association, 2014).

Programas de intervenção para a população com TDAH são de extrema importância para o desenvolvimento de suas capacidades cognitivas e melhoria nos desempenhos sociais e acadêmicos. Hipotetiza-se que o PEI possa ser uma alternativa para intervenção junto a essa população diante das dificuldades cognitivas presentes nesses transtornos.

Para ajudar os profissionais na área de saúde e educação, a Neuropsicopedagoga Clínica e estre em Educação Renata Bringel, ministra o curso Online Testes de Rastreio para Autismo (TEA) e Atrasos no Desenvolvimento Infantil, TDAH Avaliação e Intervenção, entre outros. Os cursos online realizados pela Professora Renata estão disponibilizados no site renatabringel.com.br

Referências:

DA ESCOLA, CURRÍCULO E. GESTÃO; DOS SANTOS, MARIA VÂNIA QUIRINO. USO DO PLANO DE DESENVOLVIMENTO INDIVIDUALIZADO (PDI) PARA A INCLUSÃO EDUCACIONAL DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA.

DE CARVALHO MASCARO, Cristina Angélica Aquino. O Plano Educacional Individualizado e o estudante com deficiência intelectual: estratégia para inclusão. Revista Espaço Acadêmico, v. 18, n. 205, p. 12-22, 2018.

RICCI, Karen et al. Programa de Enriquecimento Instrumental (PEI) Básico em crianças com TDAH e dislexia. Psicologia desde el Caribe, v. 37, n. 3, p. 259-282, 2020.

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