Controle Inibitório em indivíduos com TDAH

Controle Inibitório é a capacidade de inibir um comportamento inconveniente ou respostas a estímulos distratores, funções executivas afetadas em indivíduos com TDAH.
Controle Inibitório é a capacidade de inibir um comportamento inconveniente ou respostas a estímulos distratores, funções executivas afetadas em indivíduos com TDAH.

Controle Inibitório

O controle inibitório refere-se a uma importante dimensão das funções executivas, que envolve a capacidade de controle de atenção, de pensamentos, de comportamento e de emoções para superar predisposições internas ou atração externa, visando atuar de forma contrária aos impulsos para responder ao que é necessário ou mais apropriado, segundo a pesquisadora Dra. Adele Diamond, responsável pelo Departamento de Neurociência do Desenvolvimento Cognitivo da Universidade British Columbia, em Vancouver, no Canadá. As capacidades contempladas pelo controle inibitório são essenciais para o desenvolvimento cognitivo das crianças.

Pesquisadores e estudiosos em neurociência afirmam que as funções executivas, relacionadas ao córtex pré-frontal, caracterizam-se basicamente pela capacidade de controlar, direcionar, gerenciar e integrar funções cognitivas, emocionais e comportamentais para execução voluntária e consciente das ações necessárias para administrar contingência em função de um objetivo. Dada a complexidade inerente a essas funções, tem sido sugerida sua decomposição em fatores mais específicos, tais como habilidades de seleção de informações, planejamento, monitoramento da atenção, organização de estratégias de memorização, discriminação de itens da memória, inibição de interferências durante uma lembrança e flexibilidade cognitiva (GAZZANIGA; IVRY; MANGUN, 2002; SERGEANT; GEURTS; OOSTERLAAN, 2002).

Controle Inibitório e seus reflexos no TDAH

Vários pesquisadores sugerem que uma alteração no funcionamento do córtex pré-frontal e de suas conexões com a rede subcortical pode ser responsável pelo quadro clínico do TDAH (BARKLEY, 1974; BARNETT; MARUFF; VANCE; LUK; COSTIN; WOOD; PANTELIS, 2001; SERGEANT; GEURTS; OOSTERLAAN, 2002). Comprometimentos nessa região estão relacionados a sintomas típicos do TDAH, como dificuldades para tomar iniciativas, planejar, estabelecer prioridades, monitorar o tempo, manter a motivação e concluir tarefas, é o que diz Dr. Paulo Mattos coordenador de pesquisa em Neurociências.

Segundo o modelo híbrido de Barkley (1997), o controle inibitório é o componente mais prejudicado no TDAH. Para o Dr. Russell A. Barkley, indivíduos com TDAH caracterizam-se principalmente por uma dificuldade em inibir comportamentos, com prejuízos nas habilidades de planejamento e de interrupção de tarefas, apresentando características como baixa tolerância à espera, alta necessidade de recompensa imediata, falha na previsão das consequências, déficit na autorregulação e presença de respostas rápidas, porém imprecisas.

Nesse contexto, Barkley (1997) afirma que o déficit atencional pode ser mais bem caracterizado como um “déficit intencional”, ou seja, na atenção dirigida para o futuro, que poderia ser a causa dos prejuízos nas atividades sociais, incluindo formação de coalizão, auto-inovação e autodefesa social, frequentemente presentes nos indivíduos com TDAH.

Níveis do Controle Inibitório

O Dr. Russell A. Barkley (1949), médico e professor pesquisador no Departamento de Psiquiatria da State University of New York Upstate Medical University, EUA, concluiu em suas pesquisas sobre TDAH que existem múltiplos processos executivos, operando de forma hierarquizada e sequencial, entre eles o controle inibitório, no qual poderia ocorrer em três níveis distintos: (I) inibição de respostas prepotentes, (II) interrupção de respostas em curso e (III) controle de interferência de distratores.

Neste sentido, os processos inibitórios contribuem para a atuação eficaz de outras funções executivas:

  1. Memória operacional: envolve a manutenção de representações mentais, retrospecção e orientação temporal;
  2. Fala internalizada: comportamento encoberto envolvendo autoinstrução, definição de regras, orientação a partir das regras definidas, raciocínio moral e reflexão sobre o comportamento em curso;
  3. Autorregulação: ativação, motivação, controle sobre o afeto, atividade levando em consideração a perspectiva social e direcionamento à conquista de metas;
  4. Reconstituição: sintaxe comportamental envolvendo fluência (verbal e não verbal), criatividade, ensaios mentais, análise e síntese comportamental.

De acordo com pesquisas atuais esses quatro processos, quando otimizados, permitem a execução motora fluente e eficaz, a qual é caracterizada por comportamentos dirigidos a metas, de forma persistente e simultânea a inibição de comportamentos irrelevantes.

Controle Inibitório em indivíduos com TDAH

Conclui-se que controle inibitório, é a capacidade de inibir um comportamento inconveniente e / ou respostas a estímulos distratores, é uma das funções executivas mais comumente afetadas em indivíduos com TDAH. As dificuldades em relação ao Controle Inibitório geralmente estão associadas à impulsividade. A inibição da resposta é essencial para o desempenho de atividades diárias, bem como o ajustamento comportamental, o que pode impactar na qualidade de vida de quem é TDAH.

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Referência:

SIMIONE, Renata Moraes. Modificações no controle inibitório de indivíduos com transtorno do déficit de atenção e hiperatividade submetidos a ETCC: ensaio clínico, randomizado, duplo-cego, cross over. 2017.

ASSEF, Ellen Carolina dos Santos; CAPOVILLA, Alessandra Gotuzo Seabra; CAPOVILLA, Fernando César. Avaliação do controle inibitório em TDAH por meio do teste de geração semântica. Psicol. teor. prat.,  São Paulo ,  v. 9, n. 1, p. 61-74, jun.  2007

BARKLEY, R. A. Behavioral inhibition, sustained attention, and executive functions: constructing a unifying theory of ADHD. Psychological Bulletin, v. 121, n. 1, p. 65-94, 1997.

MATTOS, P.; SABOYA, E.; KAEFER, H.; KNIJNIK, M. P.; SONCINI, N. Neuropsicologia do TDAH. In: ROHDE, L. A.; MATTOS, P. (Ed.). Princípios e práticas em TDAH. Porto Alegre: Artmed, 2003.

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