Transtorno Bipolar (TB)

O Transtorno Bipolar (TB) é caracterizado por graves alterações de humor, que envolvem períodos de humor elevado e de depressão.
O Transtorno Bipolar (TB) é caracterizado por graves alterações de humor, que envolvem períodos de humor elevado e de depressão.

Transtorno Bipolar

O Transtorno Bipolar (TB), também conhecido como “transtorno afetivo bipolar” e originalmente chamado de “insanidade maníaco-depressiva”, é uma condição psiquiátrica caracterizada por alterações graves de humor, que envolvem períodos de humor elevado e de depressão (polos opostos da experiência afetiva) intercalados por períodos de remissão, e estão associados a sintomas cognitivos, físicos e comportamentais específicos (BOSAIPO, BORGES, JURUENA 2017),

De acordo com a quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM 5), o Transtorno Bipolar se diferencia em dois tipos principais: o Transtorno Bipolar Tipo I, em que a elevação do humor é grave e persiste (mania), e o  Transtorno Bipolar Tipo II, em que a elevação do humor é mais branda (hipomania). A utilização do especificador “com características mistas” se aplica aos estados em que há a ocorrência concomitante de sintomas maníacos e depressivos, embora estes sejam vistos como polos opostos do humor.

História

A base do conceito moderno da “insanidade maníaco-depressiva” remonta a meados do século XIX, quando o psiquiatra/neurologista francês Jules Baillarger descreveu um novo tipo de insanidade, denominada “la folie à double forme” (forma dual de insanidade), cuja principal característica era a ocorrência de episódios de mania e depressão em um mesmo paciente. Na mesma época, acusando Baillarger de plágio, outro psiquiatra francês, JeanPierre Falret, publicou um artigo em que descreveu praticamente o mesmo transtorno, o qual chamou de “la folie circulaire” (insanidade circular). A despeito das similaridades, cabe notar que o conceito de Farlet se diferia do anterior na medida em que considerava “os intervalos lúcidos” entre as fases de mania e depressão, mesmo que elas estivessem separadas por um longo período de tempo.

Esses conceitos foram aprimorados pelo psiquiatra alemão Emil Kraepelin, que estudou o curso natural da doença e distinguiu as psicoses em dois grandes grupos: demência precoce e insanidade maníaco-depressiva. As classificações atuais dos transtornos mentais, ainda são baseadas na categorização de Kraepelin, que enfatizou a importância do quadro clínico e do curso longitudinal das doenças (BOSAIPO, BORGES, JURUENA 2017),

Critérios diagnósticos do Transtorno Bipolar

De modo semelhante ao Transtorno Depressivo, apesar da variação no humor ser um aspecto marcante no Transtorno Bipolar, existem muitos outros aspectos que devem ser considerados. A quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) apresenta uma lista de sintomas que, combinados à elevação do humor ou irritabilidade, caracterizam um Episódio de Mania ou Episódio Hipomaníaco, conforme detalhado:

Critérios Diagnósticos para Episódio Maníaco

A. Um período distinto de humor anormal e persistentemente elevado, expansivo ou irritável e aumento anormal e persistente da atividade dirigida a objetivos ou da energia, com duração mínima de uma semana e presente na maior parte do dia, quase todos os dias (ou qualquer duração, se a hospitalização se fizer necessária).

B. Durante o período de perturbação do humor e aumento da energia ou atividade, três (ou mais) dos seguintes sintomas (quatro se o humor é apenas irritável) estão presentes em grau significativo e representam uma mudança notável do comportamento habitual:

1. Autoestima inflada ou grandiosidade.

2. Redução da necessidade de sono (exemplo: sente-se descansado com apenas três horas de sono);

3.Mais loquaz que o habitual ou pressão para continuar falando.

4.Fuga de ideias ou experiência subjetiva de que os pensamentos estão acelerados.

5. Distrabilidade (exemplo: a atenção é desviada muito facilmente por estímulos externos insignificantes ou irrelevantes), conforme relatado ou observado.

6.Aumento da atividade dirigida a objetivos (seja socialmente, no trabalho ou escola, seja sexualmente) ou agitação psicomotora (exemplo: atividade sem propósito não dirigida a objetivos).

7.Envolvimento excessivo em atividades com elevado potencial para consequências dolorosas (exemplo: envolvimento em surtos desenfreados de compras, indiscrições sexuais ou investimentos financeiros insensatos).

C. A perturbação do humor é suficientemente grave aponto de causar prejuízo acentuado no funcionamento social ou profissional ou para necessitar de hospitalização a fim de prevenir dano a si mesmo ou a outras pessoas, ou existem características psicóticas.

D. O episódio não é atribuível a aos efeitos fisiológicos de uma substância (exemplo: droga de abuso, medicamento, outro tratamento) ou a outra condição médica.

Nota: Um episódio maníaco completo que surge durante tratamento antidepressivo (exemplo: medicamento, eletroconvulsoterapia), mas que persiste em um nível de sinais e sintomas além do efeito fisiológico desse tratamento é evidência suficiente para um episódio maníaco.

Critérios Diagnósticos para Episódio Hipomaníaco

  1. Um período distinto de humor anormal e persistentemente elevado, expansivo ou irritável e aumento anormal e persistente da atividade ou energia com duração mínima de quatro dias consecutivos e presente na maior parte do dia, quase todos os dias.
  2. . B. Durante o período de perturbação do humor e aumento de energia e atividade, três (ou mais) dos sintomas do critério B para episódio Maníaco (quatro se o humor é apenas irritável) persistem, representam uma mudança notável em relação ao comportamento habitual e estão presentes em grau significativo.
  3.  C. O episódio está associado a uma mudança clara no funcionamento que não é característica do indivíduo quando assintomático.
  4.  D. A perturbação do humor e a mudança no funcionamento são observáveis por outras pessoas.
  5.  E. O episódio não é suficientemente grave a ponto de causar prejuízo acentuado no funcionamento social ou profissional ou para necessitar de hospitalização. Existindo características psicóticas, por definição, o episódio é maníaco.
  6.  F. O episódio não é atribuível a aos efeitos fisiológicos de uma substância (exemplo: droga de abuso, medicamento, outro tratamento).

Nota: Um episódio hipomaníaco completo que surge durante tratamento antidepressivo (exemplo: medicamento, eletroconvulsoterapia), mas que persiste em um nível de sinais e sintomas além do efeito fisiológico desse tratamento, é evidência suficiente para um diagnóstico de episódio hipomaníaco. Recomenda-se, porém, cautela para que 1 ou 3 sintomas (principalmente aumento da irritabilidade, nervosismo ou agitação após uso de antidepressivo) não sejam considerados suficientes para o diagnóstico de episódio hipomaníaco nem necessariamente indicativos de uma diátese bipolar.

Nota: Os Critérios A-F representam um episódio hipomaníaco. Esses episódios são comuns no transtorno bipolar tipo I, embora não necessariamente para o diagnóstico desse transtorno.

Classificação diagnóstica do transtorno bipolar e transtornos relacionados:

O DSM-5 apresenta o transtorno bipolar e transtornos relacionados separadamente dos transtornos depressivos:

Transtorno bipolar tipo I: Distúrbio de humor em que se verifica a ocorrência de pelo menos um episódio maníaco, que pode ter sido precedido ou sucedido de episódios hipomaníacos ou depressivos.

Transtorno bipolar tipo II: Distúrbio de humor recorrente, constituído por um ou mais episódios depressivos maiores e pelo menos um episódio hipomaníaco.

Transtorno ciclotímico: Distúrbio de humor flutuante, envolvendo períodos com sintomas hipomaníacos que não preenchem os critérios para um episódio hipomaníaco; e períodos com sintomas depressivos que não satisfazem os critérios para um episódio depressivo maior.

Transtorno bipolar e transtorno relacionado induzido por substância/medicamento: Distúrbio de humor cujas características diagnósticas são essencialmente as mesmas que as de mania, hipomania ou depressão. Contudo, evidências provenientes da história clínica e de exames físicos ou laboratoriais, apontam que: (a) os sintomas se desenvolveram durante ou logo após a intoxicação por substância ou exposição a uma medicação; (b) a substância/medicamento envolvido é capaz de produzir tais sintomas.

Transtorno bipolar e transtorno relacionado devido a outra condição médica: Distúrbio de humor que ocorre como consequência fisiopatológica direta de uma outra condição médica, comprovada por evidências provenientes da história clínica, de exames físicos ou laboratoriais.

Outro transtorno bipolar e transtorno relacionado especificado: Diagnóstico atribuído quando os sintomas característicos do transtorno bipolar e transtorno relacionado (que causam sofrimento clinicamente significativo, prejuízo nas áreas social, ocupacional ou outras áreas importantes do funcionamento) não preenchem completamente os critérios para qualquer tipo de transtorno dessa classe, e o clínico escolhe comunicar a razão específica pela qual a manifestação não preenche os critérios para qualquer transtorno bipolar ou relacionado.

Transtorno bipolar e transtorno relacionado não especificado: Diagnóstico atribuído quando os sintomas característicos do transtorno bipolar e transtorno relacionado (que causam sofrimento clinicamente significativo, prejuízo nas áreas social, ocupacional ou outras áreas importantes do funcionamento) não preenchem completamente os critérios para qualquer tipo de transtorno dessa classe, e o clínico escolhe não comunicar a razão específica pela qual a manifestação não preenche os critérios para qualquer transtorno bipolar ou relacionado, pois não há informação suficiente para fazer um diagnóstico mais específico.

Fonte: Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 5° ed. APA, 2014

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Referências:

BOSAIPO, Nayanne Beckmann; BORGES, Vinícius Ferreira; JURUENA, Mario Francisco. Transtorno bipolar: uma revisão dos aspectos conceituais e clínicos. Medicina (Ribeirão Preto), v. 50, n. Supl 1, p. 72-84, 2017.

Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais [recurso eletrônico] : DSM-5 / [American Psychiatric Association ; tradução: Maria Inês Corrêa Nascimento … et al.] ; revisão técnica: Aristides Volpato Cordioli … [et al.]. – 5. ed. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : Artmed, 2014.

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