Transtornos alimentares
Transtornos alimentares são síndromes psiquiátricas complexas e ainda relativamente pouco entendidas, mostrando-se cada vez mais importantes no cenário da psiquiatria moderna. A associação de alterações psicopatológicas, nutricionais e somáticas situa os transtornos alimentares em um campo multidisciplinar por excelência, onde o trabalho de equipe entre vários profissionais de saúde cumpre papel fundamental numa intervenção (TAVARES, 2008 cita DA SILVA 2021).
Ainda segundo o autor citado acima, embora ainda possam ser classificados como relativamente raros diversos estudos sugerem que a incidência de transtornos alimentares vem aumentando nas últimas décadas, mesmo em culturas onde este diagnóstico é considerado menos frequente.
Entre os transtornos alimentares mais conhecidos, citam-se a Bulimia nervosa e a Anorexia Nervosa. A bulimia nervosa é um transtorno da alimentação, enquanto características fundamentais: episódios recorrentes de compulsões periódicas que se caracteriza por ingestão de um número grande de alimentos e após a ingestão a pessoa provoca o ato do vômito (ROMARO; ITOKAZU, 2002 cita DA SILVA 2021).
Por sua vez, a anorexia nervosa caracteriza-se por perda de peso intensa à custa de dietas muito rígidas autoimposta pela busca excessiva da magreza, distorção da imagem corporal e amenorreia (ABREU; FILHO, 2004 cita DA SILVA 2021).
Terapia cognitivo-comportamental – TCC
Segundo Duchesne; Almeida (2002 cita DA SILVA 2021) a Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) é uma intervenção geralmente mais breve que as demais abordagens, têm uma estrutura e orientada principalmente para metas do paciente, que tem sido amplamente utilizada nos centros de pesquisa e tratamento de transtornos alimentares, no estudo dos autores ela mostra sua eficácia, principalmente quando o tratamento é associado com outros profissionais, em uma equipe multidisciplinar, tais como: nutricionistas, médicos clínicos e psiquiatras
Nas sessões em TCC, os principais objetivos são gerar satisfação com a imagem corporal do paciente, para a qual um ambiente virtual é criado e utilizado, e segundo instruí-lo para a motivação para a mudança, essa mudança é realizada principalmente pelo método socrático, que é a técnica central em toda terapia, espera-se assim minimizar a distorção de si mesmo e que o paciente reconheça sua distorção corporal (ESPINOSA, 2007 cita DA SILVA 2021).
Terapia cognitivo-comportamental nos transtornos alimentares
Os programas de intervenção cognitivo-comportamentais voltados para intervenção nos transtornos alimentares, preveem reestruturar o sistema de crenças do paciente. Crenças são compreensões duradouras tão fundamentais e profundas que frequentemente não são articuladas nem para si, a pessoa considera essas ideias como verdades absolutas. Elas são globais, rígidas e super generalizadas, as crenças refletem o significado dos esquemas (SERRA, 2013 cita DA SILVA 2021).
Essa crença uma vez ativada gera um pensamento, uma emoção e um comportamento. Isso tudo faz com que pessoas diante de uma mesma situação tenham reações diferentes, pois cada pessoa tem seu sistema de esquemas e crenças que uma vez ativado vai gerar pensamentos diferentes, emoção e comportamento (SERRA, 2013 cita DA SILVA 2021).
Os significados mal adaptativos, dos quais resultam a psicopatologia dos transtornos alimentares, são construídos m relação ao que é denominado de “Tríade Cognitiva”, ou seja, as crenças do indivíduo em relação ao self (eu), ao ambiente (experiência atual) e ao futuro (objetivo) (RANGÉ, 1998; BECK, ALFORD, 2000 cita DA SILVA 2021).
Ainda segundo os autores supracitados, esses pacientes desenvolvem algumas crenças acerca do peso, da sua formação corporal, alimentação e valor pessoal (desvalor), que dessa forma mantém o transtorno, porém uma das crenças principais presentes é que esses pacientes equacionam valor pessoal ao peso e formato corporal, ignorando ou não valorizando outros parâmetros. Assim, para esses pacientes a magreza estaria associada à competência, superioridade e sucesso (DA SILVA 2021).
Literatura e artigos científicos sobre TCC no TA
Grande parte dos estudos são unânimes quanto ao tratamento dentro da Terapia Cognitivo Comportamental (DUCHESNE; ALMEIDA, 2002; DUCHESNE et al., 2007; cita DA SILVA 2021).
No estudo das autoras Duchesne; Almeida (2002 cita DA SILVA 2021), elas descrevem as principais técnicas cognitivas e comportamentais utilizadas em intervenções com os pacientes com TA, além de examinar as evidências disponíveis acerca de sua efetividade. Essa abordagem vem sendo muito aplicada nos transtornos alimentares.
São utilizadas, segundo os mesmos autores supracitados, estratégias cognitivas e comportamentais para o tratamento ambulatorial dos transtornos alimentares. Ainda segundo as autoras vários ensaios clínicos avaliaram a real eficácia da terapia cognitivo comportamental, indicando que ela ajuda na redução ou diminuição da frequência de episódios de compulsão alimentar dos comportamentos purgativos e da restrição alimentar. Tem sido relatado também o progresso em relação ao humor dos pacientes, do funcionamento social e redução da preocupação com peso e formato corporal (DA SILVA 2021).
No artigo dos autores Duchesneet al (2007 cita DA SILVA 2021), os mesmos incluíram no estudo ensaios clínicos e metanálises publicados entre janeiro de 1980 e fevereiro de 2006, em todas as línguas para a elaboração do artigo. Pela compreensão do artigo, pode-se perceber que após o tratamento dentro da abordagem, há uma melhora geral no funcionamento psicológico dos pacientes com Transtorno da compulsão alimentar (TCAP), que é transtorno da compulsão alimentar periódica. É enfatizada a importância de um tempo maior no tratamento para melhores resultados, lembrando que a média são 12 sessões.
De acordo com Duchesneet al (2007 cita DA SILVA 2021), além das técnicas cognitivas, também são utilizadas técnicas comportamentais para ajudar na modificação e na alimentação desses indivíduos. Como exemplos dessas técnicas, podem ser citados o automonitoramento (análise sistemática e anotação dos alimentos ingeridos e das situações associadas), as técnicas para controle de estímulos (que envolvem o reconhecimento das situações que beneficiam a ocorrência da compulsão alimentar e o desenvolvimento de um estilo de vida que minimize o contato do paciente com esses eventos) e o treinamento em resolução de problemas, que auxilia o paciente a desenvolver estratégias alternativas para enfrentar seus obstáculos sem recorrer à alimentação indevida.
Em geral, a TCC também focaliza estratégias para prevenção de recaídas. Nesse artigo percebe-se a partir da análise dos resultados que, após a TCC, há um avanço do funcionamento psicológico geral dos pacientes com TCAP. Os autores enfatizam aqui também que 12 sessões são suficientes para o tratamento, reiterando o que os autores citados acima reintegram (DA SILVA 2021).
Para ajudar os profissionais na área de saúde e educação, a Neuropsicopedagoga Clínica e estre em Educação Renata Bringel, ministra os cursos Online Testes de Rastreio para Autismo (TEA) e Atrasos no Desenvolvimento Infantil, TDAH, Avaliação e Intervenção entre outros. Os cursos online realizados pela Professora Renata estão disponibilizados no site renatabringel.com.br
Referência:
DA SILVA, Marcos Vinicios Ramos. CONTRIBUIÇÕES TERAPÊUTICAS DA TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL NOS TRANSTORNOS ALIMENTARES: revisão narrativa. Scientia Generalis, v. 2, n. 1, p. 17-22, 2021.