Síndrome da Hiperlexia

A síndrome da Hiperlexia é caracteriza por um conjunto de sintomas, dentre os quais se destaca a elevada capacidade de leitura em idades precoces.
A síndrome da Hiperlexia é caracteriza por um conjunto de sintomas, dentre os quais se destaca a elevada capacidade de leitura em idades precoces.

Hiperlexia

A hiperlexia se caracteriza pela aquisição espontânea e precoce da habilidade de leitura, manifestada antes dos cinco anos de idade, na ausência de instrução formal. Pode ser resultado de conduta obsessiva associada ao excelente desenvolvimento de habilidades visoperceptivas em contexto de alteração do desenvolvimento da linguagem e não está, necessariamente, correlacionada a habilidades de inteligência. A precocidade do aparecimento da habilidade de leitura pode sugerir que a criança tenha habilidade intelectual superior. Porém, é uma habilidade de decodificação, pois muitas vezes, não há compreensão leitora, apresentando dificuldades em interpretar o que se lê (LAMÔNICA et. al., 2013).

Conforme descreve a literatura mais atualizada, as crianças com síndrome da hiperlexia demonstram as seguintes características: uma precoce habilidade para ler, mais do que poderia ser esperada para sua idade; o desenvolvimento de uma intensa fascinação por letras e números; uma significativa dificuldade da linguagem expressiva e receptiva; dificuldades nas habilidades sociais e interativas com pessoas; excelente memória; dificuldade para compreender o contexto verbal; entre outras. Além disso, essas crianças podem aprender a linguagem oral de forma peculiar, com fenômenos de ecolalia e memorização de orações sem compreender seu significado; podem, também, apresentar uma intensa necessidade de manter rotinas, uma hipersensibilidade auditiva, olfativa e táctil e, muitas vezes, parecerem surdas (MILLER, 1997).

Catacterísticas da Síndrome da Hiperlexia

De acordo com Susan Martins Miller autora do livro “Lendo muito cedo” “A síndrome da hiperlexia é constituída por algumas características básicas:

A – Capacidade precoce para a leitura;

  • Não é raro que as crianças hiperléxicas leiam as palavras de cabeça para baixo, ou em qualquer posição.
  • Geralmente é entre os 18 e os 24 meses que as crianças hiperléxicas demonstram capacidade para identificar letras e números.
  • Por volta dos três anos, começam a ver as letras reunidas, formando palavras não importando em que contexto apareçam, nem que aspecto tenham; datilografadas ou manuscritas, maiúsculas ou minúsculas, a criança reconhece.
  • É bem provável que, ainda sem ter desenvolvido a capacidade de falar, sem dominar a linguagem oral usada por outras crianças da mesma idade, ela já esteja lendo palavras e frases.
  •  Isso não é ensinado.
  • A capacidade de ler, simplesmente aparece e fica.
  • Do reconhecimento da palavra escrita, a criança, sem prévia instrução fonética, evolui para se interessar pelas sílabas que a compõem.
  • Ela aprende a decifrar, a decodificar palavras.
  •  Algumas crianças atingem alto nível visual, instantâneo, e raramente erram a pronúncia, mesmo de palavras difíceis. Outras crianças continuam a reconhecer as palavras pela forma, ou usam uma combinação de decifração fonética e reconhecimento visual.
  • Geralmente, se uma criança começa a ler, sem receber lições, antes dos cinco anos, isto é considerado leitura precoce e pode significar hiperlexia.
  • Nem todas as crianças hiperléxicas têm igual capacidade de ler, algumas leem aos dois anos outras só aos quatro. A compreensão também varia, mas todas reconhecem as palavras em nível muito superior ao que se poderia esperar de um pré-escolar.

B) dificuldade em lidar com a linguagem oral;

  • Para uma criança hiperléxica o nível do reconhecimento de palavras isoladas é um, e outro é o nível de compreensão de palavras agrupadas, formando conceitos.

C) conduta social atípica;

  • Enquanto outras crianças estão começando a falar e descobrindo na linguagem um meio de comunicação com seus pares, as hiperléxicas estão por fora!
  • Elas não têm interesse social no mesmo nível que pode ser notado em outras crianças, se colocadas em ambiente social, demonstram não possuir as qualidades requeridas para interação em grupo.

D) leitura compulsiva

  • As crianças com a Síndrome da Hiperlexia lêem tudo que seus olhos encontram em forma de letra.
  • Pode ser difícil conseguir que fiquem sentadas por algum tempo, lendo histórias infantis, mas lerão qualquer outra coisa que lhes apareça.
  • Elas, simplesmente, não podem evitar isso, pois os estímulos visuais são muito do seu agrado, principalmente sob a forma de letra.

E) conduta inflexível

  • Uma criança pode ser muito geniosa sem que isso nada tenha a ver com a hiperlexia, mas o que se ressalta é que, nas crianças hiperléxicas, o “mau gênio” é ainda mais forte e as explosões podem ser bem mais duradouras.
  • As situações constrangedoras podem ocorrer por conta da inflexibilidade, típica das crianças hiperléxicas, que se julgam com o direito ao comando das decisões, mas também pode ter raízes na circunstância de aquelas crianças não entenderem os fatos correntes, nem saberem o que se esperam que elas façam.
  • É a limitação da sua linguagem que determina a sua conduta.
  • Desde que não entendem o que dizem as pessoas, procuram assumir o controle da situação. A reação que tem contra a confusão, a frustração e a insegurança – que sentem, sem poder exprimir – é comportarem-se de um modo que abala a estabilidade de todos !

F) apego à rotina

  • Para as crianças hiperléxicas, qualquer mudança é algo muito difícil. Quando for necessário introduzir alguma modificação na rotina, é importante preparar-se a criança para isso.

G) desligamento da realidade

  • A criança hiperléxica parece pensar que vivem num mundo somente seu. Não merecem confiança para sair com um grupo numa excursão, por exemplo, nem podem ser deixadas na rua, sem vigilância, mesmo perto de casa.

H) pequena capacidade de atenção

  • A capacidade de atenção das crianças é pequena, e menor ainda nas hiperléxicas.
  • Em certos casos, manter concentrada em um determinado assunto, por mais de alguns instantes, a atenção de uma dessas crianças, é um desafio realmente sério para seus pais e professores.
  •  Com freqüência, a criança desvia a atenção para outro objeto, deixando de lado as tarefas que lhe são propostas, uma após a outra. Por outro lado, se o assunto for de sua própria escolha, algumas crianças hiperléxicas serão capazes de lhe dedicar atenção por longo tempo. É o que acontece, por exemplo, quando assistem a programas de televisão ou a gravações em vídeo, e isto ocorre do constante estímulo visual que recebem.
  •  Há outros procedimentos que também são comuns em crianças hiperléxicas: atitudes de auto-estímulo, tais como, agitar as mãos, bater a cabeça, torcer coisas; sensação geral de ansiedade inexplicada; temor específico a alguma coisa fora do comum; sensibilidade a barulho, freqüentes acessos temperamentais.
  •  Muitas crianças apresentam esses sintomas, entre os 2 e 3 anos, e parecem ser autistas.
  • Entretanto, melhorando a linguagem (compreensão e expressão), a conduta autista diminui ou desaparece.
  • Deve ser lembrado que a hiperlexia é um distúrbio de linguagem, não um distúrbio de conduta.
  • A medida que pais, professores e terapeutas desenvolvam estratégias para melhorar a linguagem e ajudar a criança a entender o que se passa em torno de si, ou o que se espera de si, ela fica menos ansiosa, mais flexível, mais interativa.
  •  Os pais da criança e qualquer adulto que tenha contato regular com a mesma, devem lembrar-se sempre deste princípio: O desenvolvimento da linguagem é a chave para destrancar uma criança hiperléxica.

A importância da Avaliação Precoce

A hiperlexia, por vezes, surge associada a casos de transtorno do espetro do autismo – TEA, alterações específicas da linguagem, ao transtorno de déficit de atenção – TDAH ou pode surgir como uma aprendizagem de leitura precoce, associado a Altas Habilidades e Superdotação.

A avaliação precoce é de fundamental importância. Os pais devem levar a criança para realizar uma avaliação com neurologista infantil, com neuropsicólogo especializado em autismo e altas habilidades/superdotação e fonoaudióloga, para realizar o diagnóstico correto e buscar as devidas intervenções terapêuticas.

Para ajudar os profissionais na área de saúde e educação, a Neuropsicopedagoga Clínica e Mestre em Educação Renata Bringel, ministra um curso onde apresenta Testes de Rastreio para Autismo (TEA) e Atrasos no Desenvolvimento Infantil. Os cursos online realizados pela Professora Renata estão disponibilizados no site www.renatabringel.com.br

Referências:

MILLER, Susan Martins. Lendo muito cedo: como compreender e ajudar a criança hiperléxica. Tradução: Elza S. M. de Freitas. Belo Horizonte: Nova Alvorada Edições Ltda., 1997.

LAMONICA, D. A. C. et al. Habilidades de leitura em crianças com diagnóstico de hiperlexia: relato de caso. CoDAS, São Paulo, v. 25, n. 4, p. 391-395, 2013.

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