Ensino de Habilidades Verbais para Autistas (TEA)

Ensino de Habilidades Verbais é essencial e consiste na capacidade de se expressar de maneira eficaz.
Ensino de Habilidades Verbais é essencial e consiste na capacidade de se expressar de maneira eficaz.

TEA – Transtorno do Espectro Autista

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é referido como um transtorno de desenvolvimento complexo, definido a partir de investigação clínica e baseado em evidências comportamentais. O TEA é caracterizado por prejuízos ou excessos comportamentais em três esferas de comportamento: 1) interação social; 2) linguagem e padrões de interesses restritos; e 3) comportamentos repetitivos e estereotipados (DSM-IV), cada esfera com uma lista característica de comportamentos. Para caracterizar o TEA, o funcionamento atípico em cada uma dessas esferas deve estar presente antes do três anos de idade e as manifestações clínicas devem variar amplamente em termos de níveis de gravidade, requerendo o preenchimento de mais de um critério comportamental em cada uma das três esferas de comportamento alterado, conforme prescrevem manuais de classificação internacional de doenças (AUTISTA 2012).

Dificuldade das habilidades verbais

Entre as manifestações do TEA, os aspectos da linguagem pragmática (ou linguagem funcional) são destacados como uma das dificuldades mais acentuadas. Essas alterações incluem prejuízos em interpretar corretamente as ações dos outros e em expressar apropriadamente seus desejos e intenções, habilidades essas fundamentais para uma efetiva inclusão educacional e social. Os déficits na linguagem são uma manifestação clínica importante nos quadros do TEA e há estudos que investigam as iniciativas de comunicação na interação entre essas crianças e suas mães. Esses estudos observaram que as diferenças mais significativas em termos estatísticos estão relacionadas a dificuldades em iniciar conversação e uso frequente e excessivo de gestos e vocalizações sem função (estereotipias), quando comparadas com o grupo-controle (AUTISTA 2012).

Na maioria dos casos em que a criança é diagnosticada com TEA, pode existir um diagnóstico associado de Deficiência Intelectual, em geral na faixa moderada (QI de 35–50). Aproximadamente 75% das crianças com TEA apresentam Deficiência Intelectual e desenvolvimento atípico de habilidades cognitivas (DSM IV).

Planejamento de Intervenção

Alguns dos objetivos das intervenções em quadros do Transtorno do Espectro Autista (TEA) são: 1) ensinar novos comportamentos; e 2) obter mudanças em comportamentos não adaptativos de tal forma que os comportamentos: a) adquiram uma função mais adaptativa na obtenção de ganhos no ambiente físico e social; b) sejam generalizáveis para uma diversidade maior de ambientes do que aqueles restritos ao ensino; e c) sejam mantidos ao longo do tempo. Intervenções individualizadas, sistemáticas, bem estruturadas e com escopo conceitual sólido têm mostrado evidências de sucesso. De maneira geral, tais intervenções pressupõem a identificação de comportamentos-alvo, o estabelecimento de relações funcionais (adaptativas) entre o comportamento e o ambiente, a tomada de medidas diretas dessas relações, considerando aspectos contextuais, e as implicações do comportamento-alvo para a adaptação do indivíduo à sociedade (AUTISTA 2012).

No que concerne especificamente à linguagem, considerando-a como algo que fazemos, isto é, um comportamento que é aprendido e mantido pelas interações entre o organismo e o ambiente, a descrição desses comportamentos configura um importante meio para a intervenção nos casos em que a linguagem não foi bem estabelecida.

A capacidade de produzir sons é considerada como um pré-requisito para a emissão de comportamentos verbais vocais (fala), mas a criança pode apresentar comportamentos verbais, por exemplo, utilizando gestos e sinais (AUTISTA 2012).

Ensino de Habilidades Verbais na aquisição de linguagem para TEA

Um artigo publicado na Revista DI (Deficiência Intelectual) pelos autores Ana Claudia M. Almeida-Verdu, Maria Martha C. Hübner, Robson B. Faggiani, daniela de S. Canovas e Marina S. lemos em 2012, apresenta aqui as habilidades de imitar vocalizações, descrever, pedir e interagir, descritas pela sua função, ou seja, pelos efeitos que produzem no ambiente da criança (este ambiente tem uma característica particular que é o comportamento de outras pessoas), conforme segue:

  1. Imitar vocalizações. O aluno deverá ouvir uma palavra falada por uma pessoa e dizer algo que tenha correspondência com a palavra falada. Se o professor diz “caderno”, a resposta repetida deve ser “caderno” e não outra palavra qualquer; esse comportamento vocal pode ser mantido por aprovação de alguém ou quando a criança ouve a própria fala que corresponde à fala de outra pessoa. Isso é muito importante, pois, ao ser capaz de imitar vocalizações, a criança pode aprender palavras e frases novas, inicialmente por imitação, mas, aos poucos, pode ser capaz de falar tais palavras ou frases em outros contextos. Se as imitações iniciais são apenas aproximadas à palavra falada, é possível aprimorar as imitações, aprovando o esforço inicial do aprendiz e aumentando, gradualmente, a exigência para imitações mais refinadas.
  2.  Nomear/descrever. Os comportamentos de nomear ou descrever, independentemente da forma (gestual, vocal), são aqueles apresentados diante de qualquer aspecto do ambiente como, por exemplo, uma figura, uma pessoa, um objeto ou um evento. Essa habilidade é importante no desenvolvimento da linguagem, pois, ao nomear ou descrever, o indivíduo passa a estabelecer relações entre os nomes (ou descrições) e os próprios eventos a que se referem. Além disso, ao adquirir vocabulário e aprender a descrever eventos, o indivíduo pode interagir e comunicar-se com as outras pessoas. Tais habilidades são ensinadas e mantidas por atenção e aprovação social. Nesse caso, o aluno deverá ver o aspecto do ambiente e dizer a palavra correspondente; se o aluno vê/pega um caderno e diz “caderno” (e não outra palavra), é importante reconhecer seu progresso.
  3. Pedir/solicitar. Esses são comportamentos que envolvem uma necessidade do aluno. A presença de uma pessoa que atende essa necessidade é crítica, tanto como pista (“para essa pessoa, eu posso pedir…”) quanto como uma condição para que o comportamento ocorra e possa produzir o aspecto do ambiente especificado na resposta do aluno. Nesse caso, se o aluno precisa do caderno e o solicita (“O caderno, por favor”), o professor então dá o caderno a ele. Esse comportamento não depende de uma forma específica (pode ser em forma de gesto, fala ou até por meio da entrega de uma figura) e o que o mantém é a obtenção do próprio objeto, item ou oportunidade de fazer alguma coisa (por exemplo, “Posso pegar o caderno de desenho?” ou “Posso desenhar?”).
  4. Interagir. Envolve ouvir alguém e interagir com o comportamento verbal dessa pessoa, mas não há correspondência pontual com a fala apresentada pelo interlocutor. Então, se o professor diz ao aluno “devemos anotar as tarefas realizadas em nosso…” e o aluno diz “caderno”; há uma interlocução ou conversação entre quem fala e quem ouve.

Ao priorizar as habilidades verbais, verifica-se o nível dessas competências no repertório da criança e se ela apresenta os pré-requisitos para os comportamentos de falante e de ouvinte. As habilidades de ouvinte envolvem a compreensão auditiva de vocábulos e frases. As habilidades de falante compreendem as habilidades expressivas de vocalizações, nomeação, descrição, pedidos e diálogos (manter e iniciar interações).

Para ajudar os profissionais na área de saúde e educação, a Neuropsicopedagoga Clínica e Mestre em Educação Renata Bringel, ministra um curso onde apresenta Testes de Rastreio para Autismo (TEA) e Atrasos no Desenvolvimento Infantil. Os cursos online realizados pela Professora Renata estão disponibilizados no site www.renatabringel.com.br

Referência: AUTISTA, Transtorno Do Espectro. Aquisição de linguagem e habilidades pré-requisitos em pessoas com transtorno do espectro autista. Revista Di• no, v. 3, p. 36, 2012.

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