Comportamento verbal – TEA

Comportamento Verbal é considerado um comportamento operante. É mantido por consequências mediadas por um ouvinte que foi especialmente treinado.
Comportamento Verbal é considerado um comportamento operante. É mantido por consequências mediadas por um ouvinte que foi especialmente treinado.

TEA

De acordo com o DSM-5, o Transtorno do Espectro Autista (TEA) é caracterizado por dois domínios de sintomas centrais, sendo: déficits de interação social e comunicação, bem como comportamentos, interesses e atividades restritos e repetitivos (APA 2013).

Quanto às características, a pessoa com TEA pode apresentar prejuízos na reciprocidade social-emocional, ou seja, dificuldade em partilhar e reconhecer sentimentos e pensamentos, além de déficits nas habilidades de iniciar e manter interações sociais, fato este que pode estar relacionado a um desinteresse pelo outro, ou até mesmo, a formas inadequadas de iniciar interações. Estas tentativas inadequadas de contato também estão relacionadas a respostas de comunicação, tanto verbal como não verbal (VARELLA, AMARAL 2018).

Comunicação

A comunicação é, sem dúvidas, uma ferramenta de suma importância para a construção e fortalecimento das relações sociais. Tendo em vista que é por meio dela que é possível compreender as pessoas, objetos e eventos e relacionar-se com tudo. A comunicação é um mecanismo complexo, a qual contribui para o fortalecimento de relações sociais, mas também depende dessas relações sociais para o seu desenvolvimento. Assim, para crianças com TEA, a comunicação é um desafio. Embora os comprometimentos relacionados ao déficit de comunicação variem amplamente entre as pessoas, é possível afirmar que esses comprometimentos estão relacionados à semântica e pragmática (MENESES 2020).

É comum ocorrer dificuldades em realizar pedidos, expressar necessidades, nomear e descrever objetos, realizar e responder perguntas e sustentar diálogos. Estes fatos podem desencadear, por exemplo, comportamentos-problema (choro, grito, jogar-se no chão, autoagressão, heteroagressão, entre outros), influenciando na integração do indivíduo em seu ambiente social e acadêmico (SOUZA 2018p 261-77 cita BALBINO 2021).

Comportamento Verbal por Skinner

O comportamento verbal se constitui de boa parte da complexidade do comportamento humano. A investigação do comportamento verbal tem sido, por essa razão, muito importante para a Análise do Comportamento. Apesar da aceitação da obra “Comportamento Verbal” de Skinner (1957/1978) ter sido tímida na época de seu lançamento, em 1957, ela se mantém como uma das mais importantes referências para o estudo do comportamento verbal. As restrições a ela apontadas estão ligadas, em parte, ao fato de que era necessário obter dados empíricos para a aceitação de todos os conceitos e princípios que Skinner (1957/1978) apresentou. Os conceitos e princípios apresentados por Skinner, em relação ao comportamento verbal, porém, têm sido postos à prova na prática teórico-explicativa e na pesquisa experimental, mostrando-se úteis para analisar comportamentos altamente complexos. A abordagem aparentemente simplista adotada por Skinner não resultou em uma simplificação inadequada do comportamento verbal (BARROS 2003).

 A seguir, serão apresentados alguns conceitos básicos introduzidos por Skinner na sua obra “Comportamento Verbal”:

Comportamento Operante

O comportamento operante é, grosso modo, aquele que altera o ambiente, sofrendo também o efeito das alterações ambientais por ele promovidas. Esse efeito é basicamente a alteração na probabilidade de ocorrência futura da classe de respostas que integram o dado operante. O comportamento verbal é um tipo de comportamento operante: ele altera o ambiente e é modificado por essas alterações. A diferença básica entre o comportamento verbal e os outros operantes (não-verbais) está no fato de que o comportamento verbal é um operante cujas consequências não guardam relações mecânicas com a resposta a que são contingentes. Essas consequências são providas através de um ouvinte, cujo comportamento foi previamente treinado por uma comunidade verbal. O comportamento verbal é, portanto, comportamento operante e é mantido por consequências mediadas por um ouvinte que foi especialmente treinado pela comunidade verbal para operar como tal (SKINNER 1957/1978).

Comportamento Verbal

De acordo com Matos (1991), sob certas circunstâncias, falar, escrever, digitar um texto usando um computador, usar códigos podem ser exemplos de comportamentos verbais, desde que a característica de comportamento, mediado por um ouvinte especificamente treinado, seja clara. É muito importante, contudo, considerar o contexto em que o comportamento ocorre, para confirmar sua definição como verbal ou não-verbal. O comportamento de assobiar, por exemplo, pode ser um comportamento verbal, dependendo do efeito que tem sobre o ouvinte. Assobiar pode fazer parte de um código verbal e, neste caso, seria um comportamento verbal.

Um outro aspecto importante sobre o comportamento verbal é que não existe a necessidade de elementos topográficos na sua definição. De acordo com Matos (1991), ele é interação pura. A definição de operantes como andar, chutar uma bola, por exemplo, envolvem sempre uma topografia e até mesmo um substrato físico. No caso da definição do comportamento de andar, é importante o deslocamento do sujeito (aspecto funcional) e as posturas e movimentos do corpo de quem anda (aspectos morfológicos); no caso do comportamento de chutar uma bola, pode-se fazer a mesma afirmativa. No comportamento verbal, não há como defini-lo seguramente pela sua topografia. O importante é o efeito sobre o ouvinte, ou seja, os aspectos funcionais. (cita BARROS 2003).

Outro aspecto que difere a abordagem skinneriana do comportamento v. em relação a abordagens tradicionais é que, segundo Skinner (1957/1978), o comportamento verbal não pode ser compreendido como um conjunto de comportamentos com função comunicativa, representativa ou expressiva; a função do comportamento verbal é adaptativa. Ele é modelado e mantido por suas consequências no ambiente físico ou social, interno ou externo, público ou privado. O princípio da seleção pelas consequências, de acordo com o qual sobrevivem os comportamentos ou as práticas que tornam o indivíduo ou o grupo mais adaptado, deve ser aplicado à compreensão do comportamento verbal. Quando se diz a alguém “Hoje é o meu aniversário”, não se está transmitindo uma informação (não há nada que esteja no falante e que passa para o ouvinte), mas alterando o ambiente (neste caso, produzindo estímulos para o ouvinte), de maneira que certas consequências sejam providas através do ouvinte.

TEA e a Comunicação

A comunicação tem sido objeto de muitos estudos sobre o desenvolvimento de pessoas com TEA. O déficit presente nessa área está associado a dificuldades em outros segmentos da vida do sujeito. Sendo assim, a aprendizagem de uma comunicação funcional repercutirá, dentre outros aspectos, na compreensão, nas respostas aos estímulos de forma geral, sejam verbais ou não verbais, e na relação social, sendo esta última importante para o surgimento de outras aprendizagens (BALBINO 2021).

Para ajudar os profissionais na área de saúde e educação, a Neuropsicopedagoga Clínica e Mestre em Educação Renata Bringel, ministra um curso onde apresenta Testes de Rastreio para Autismo (TEA) e Atrasos no Desenvolvimento Infantil. Os cursos online realizados pela Professora Renata estão disponibilizados no site www.renatabringel.com.br.

Referências:

VARELLA aab, AMARAL rn. Os sinais precoces do transtorno do espectro autista. In: Sella AC, Ribeiro DM (Org.). Análise do comportamento aplicada ao transtorno do espectro autista. 1 ed. Curitiba: Appris, 2018. p. 35-43.

MENESES, Elieuza Andrade et al. Transtorno do Espectro Autista (TEA) e a linguagem: a importância de desenvolver a comunicação. Revista Psicologia & Saberes, v. 9, n. 18, p. 174-188, 2020.

BALBINO, Elisa Maria Santos et al. Efeitos do ensino do comportamento verbal para pessoas com transtorno do espectro autista: uma revisão sistemática. Distúrbios da Comunicação, v. 33, n. 4, p. 651-658, 2021.

BARROS, Romariz da Silva. Uma introdução ao comportamento verbal. Rev. bras. ter. comport. cogn.,  São Paulo ,  v. 5, n. 1, p. 73-82, jun.  2003

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