Comportamento textual

Comportamento Textual são respostas verbais vocais (oralização) controladas por estímulos discriminativos verbais visuais (texto escrito) e mantidas por reforçamento social.
Comportamento Textual são respostas verbais vocais (oralização) controladas por estímulos discriminativos verbais visuais (texto escrito) e mantidas por reforçamento social.

Comportamento Textual

No comportamento textual, o estímulo discriminativo verbal que o controla é um texto escrito (estímulo visual) e a resposta é vocal.  Entre estímulo discriminativo e resposta verbal, há correspondência ponto a ponto, mas nunca há correspondência formal.   Reforçamos uma criança a pronunciar gato na presença da palavra impressa gato. Em função das práticas de escrita de cada língua, pode haver imperfeições na correspondência ponto a ponto, como  no  caso   do   comportamento textual chave,   controlado   pelo   estímulo discriminativo   visual chave em   que   o primeiro  tem  quatro  componentes  (quatro fonemas), ao passo que o segundo tem cinco(as cinco letras).A  comunidade  depende  do  comportamento textual  para  estabelecimento  de  muitos  de seus controles (DA FONSECA 2003).

Análise comportamental e ensino de leitura e escrita

É mais conveniente analisar a leitura e a escrita não como comportamentos unitários, mas como repertórios envolvendo um conjunto de comportamentos distintos. O objetivo de uma análise comportamental é a identificação destes componentes dos repertórios de leitura e escrita, e uma descrição de suas relações características.

A perspectiva da Análise Comportamental leva a considerar que, em princípio, qualquer indivíduo é capaz de aprender, mesmo aqueles que apresentam limitações ou deficiências. Nenhum diagnóstico ou rótulo descreve adequadamente as capacidades ou dificuldades de uma pessoa. Os indivíduos de inteligência considerada normal, e mesmo os considerados gênios, podem ter deficiências graves em áreas específicas, e os considerados deficientes intelectuais  podem ter bastante potencial em algumas áreas. Cabe ao professor, com base em análise dos repertórios a serem ensinados, identificar as habilidades dos estudantes e também os comportamentos que eles não dominam, e ensinar estes comportamentos, avaliando constantemente os resultados de seus procedimentos de ensino. Fracassos eventuais devem ser atribuídos à inadequação dos procedimentos e não a características intrínsecas do aluno ou do meio do qual provém.

É possível que as dificuldades apresentadas por determinado estudante sejam, de fato, devidas à falta de pré-requisitos importantes. Neste caso, em vez de esperar que o estudante amadureça, ou que atinja a fase apropriada de desenvolvimento cognitivo, é importante identificar os pré-requisitos e ensiná-los diretamente (DE ROSE 2012).

Comportamento Textual segundo Skinner

O comportamento textual presumivelmente continua ocorrendo em nível sub vocal na leitura silenciosa. As respostas continuam a ser emitidas em escala  tão reduzida que não mais afetam um ouvinte externo, embora continuem tendo efeitos sobre o próprio leitor.

Skinner observa que comportamento textual não é a mesma coisa que leitura. É possível emitir precisamente a sequência de respostas verbais correspondentes a um texto sem compreender este texto. A pessoa que faz isto está emitindo comportamento textual, mas não está lendo, uma vez que leitura envolve também a compreensão do texto. Todavia, a relação de controle de estímulo entre texto e respostas verbais é uma condição necessária, embora não suficiente, para a compreensão (DE ROSE 2012).

Os estímulos discriminativos para o comportamento textual são visuais ou táteis (Braille) e as respostas são verbais (geralmente vocais ou sub-vocais, mas podem ser também gestuais, como quando um surdo- mudo lê um texto respondendo em linguagem de sinais). Assim, os estímulos discriminativos e as respostas (na verdade os estímulos produzidos pela resposta), têm diferenças importantes na sua constituição física; eles envolvem sistemas dimensionais diferentes (cf. Skinner, 1957). Há, além disto, uma correspondência entre o estímulo discriminativo e o produto da resposta. Esta correspondência envolve uma relação ponto a ponto entre unidades do estímulo e unidades da resposta. Estas unidades dependem da natureza do texto: na escrita ideográfica, por exemplo, cada ideograma corresponde a uma palavra falada, enquanto na escrita alfabética, há uma correspondência entre letras (ou combinações de letras) e sons (fonemas) que compõem as palavras (DE ROSE 2012).

Comportamento Textual e leitura

Se o comportamento textual foi bem aprendido, fragmentos de palavras, palavras inteiras ou grupos de palavras, constituem estímulos discriminativos que exercem controle sobre uma sequência de respostas vocais (muitas vezes encobertas) que se seguem fluentemente. O indivíduo emite uma cadeia de respostas verbais que corresponde ao texto. A pessoa pode fazer isto sem, no entanto, compreender o texto. Para que haja compreensão, a cadeia deve envolver outras respostas. Basicamente a criança deve aprender a ouvir seu próprio comportamento textual. Para isto, é importante que ela tenha um repertório desenvolvido de comportamento verbal e compreensão auditiva, de modo a atuar eficazmente como ouvinte de seu próprio texto. Uma criança que já tem bastante prática em ouvir estórias, por exemplo, deverá ter maior facilidade para ouvir a si própria lendo estórias e detectar, em seu próprio comportamento textual, trechos que “não fazem sentido”, como por exemplo, palavras inexistentes em seu repertório, sentenças incompreensíveis, contradições, etc. Ao detectar trechos que não fazem sentido, a criança deve aprender a, como faz o leitor experiente, interromper a cadeia de comportamento textual e retornar ao ponto anterior, produzindo nova resposta (DE ROSE 2012).

A ausência de qualquer componente do repertório pode resultar numa aprendizagem defeituosa. Por exemplo, crianças que não aprenderam a sequência de movimentos de olhar podem ler palavras de trás para diante ou em ordem que não corresponde à do texto. Muitas crianças podem precisar aprender a ouvir o próprio comportamento textual, para desenvolver a compreensão e autocorrigir trechos que não fazem sentido (DE ROSE 2012).

Observações informais que vimos realizando em sala de aula sugerem que estas características importantes do repertório de ler são frequentemente desconsideradas pelos professores. Contribui para isto o fato de que a leitura não é identificada como uma capacidade distinta da escrita. Parece haver uma ênfase exagerada no adestramento das crianças para uma escrita ortograficamente correta. Enquanto isto, a leitura parece ser negligenciada, resultando em pouquíssimas oportunidades para que as crianças aprendam e pratiquem estes componentes do repertório de ler (DE ROSE 2012).

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Referências:

DA FONSECA, Maria de Lourdes Rodrigues et al. A análise funcional do comportamento verbal em Verbal Behavior (1957) de BF Skinner. Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva, v. 5, n. 2, p. 195-213, 2003.

DE ROSE, Júlio C. Análise comportamental da aprendizagem de leitura e escrita. Revista Brasileira de análise do Comportamento, v. 1, n. 1, p. 29-50, 2012.

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