Comportamento Intraverbal (Intraverbalizar)

Comportamento intraverbal é quando a resposta está sob controle de estímulo discriminativo verbal sem correspondência ponto a ponto entre estímulo e resposta.
Comportamento intraverbal é quando a resposta está sob controle de estímulo discriminativo verbal sem correspondência ponto a ponto entre estímulo e resposta.

Do Comportamento Verbal ao Intraverbal

No livro Verbal behavior (1957), Skinner delineou um programa de pesquisas para a área, para o qual propôs como um dos primeiros passos a análise das contingências envolvidas no comportamento do falante (Andery & Sério,2003; Michael, 1984; Richelle, 1976 cita SANTOS, ANDERY2012).

Comportamento verbal foi então definido como comportamento operante que se caracteriza por estabelecer uma relação mediada com o ambiente. Deve receber especial atenção por ser comportamento operante que não altera o ambiente via relações que podem ser mecanicamente descritas, uma vez que as consequências que mantêm o comportamento dependem da ação de outra pessoa – o ouvinte – especialmente treinada pela comunidade verbal para assim proceder (Skinner, 1957, 1974).

Está implícito na definição de comportamento verbal que as contingências de três termos que descrevem o comportamento do falante necessariamente envolvem outra contingência, que descreve o comportamento do ouvinte, que participa como ambiente comportamentalmente relevante do comportamento do falante.

Ao analisar as contingências de reforçamento características do comportamento verbal, Skinner (1957) propôs uma classificação que descreveria os comportamentos do falante – os operantes verbais – categorizando os em seis tipos: mando, tato, ecóico, textual,transcrição e intraverbal.

Em sua classificação Skinner (1957) destacou, entre os operantes verbais sob controle de estimulação antecedente, aqueles nos quais os estímulos antecedentes que controlam a emissão de respostas verbais específicas são estímulos verbais: os operantes verbais ecóico, textual, transcrição e intraverbal. Quando tratou dos operantes verbais em que as respostas do falante são controladas por estímulos verbais, Skinner fez ainda outra distinção: operantes que guardavam relações de ‘correspondência ponto-a-ponto’ entre estímulo verbal antecedente e resposta verbal – ecóico, textual e transcrição – e operantes nos quais as relações entre estímulo antecedente verbal e resposta não seriam de correspondência ponto a ponto – comportamento intraverbal. Chamou-se de correspondência ponto-a-ponto relações nas quais partes específicas (e delimitáveis) do estímulo verbal controlariam a forma (a topografia) de partes específicas (e identificáveis) da resposta verbal (SANTOS, ANDERY,2012).  

Comportamento Intraverbal

O operante verbal intraverbal é controlado, ou melhor, evocado, por estímulo discriminativo verbal, que pode ser tanto vocal quanto escrito. A reposta verbal pode ser vocal ou escrita, mas sua topografia não guarda uma correspondência formal com o estímulo discriminativo que a evoca. As consequências que mantêm essa resposta são reforçadores generalizados, como no caso de todos os outros operantes verbais sob controle de estímulos antecedentes discriminativos. Relações intraverbais são comuns e estão presentes nas interações sociais cotidianas, como, por exemplo: “Como vai você?” E a resposta verbal “Bem, obrigado”. O comportamento intraverbal também desempenha papel importante em muitas outras interações sociais(conversas, canções, descrição de uma história)e é, pelo menos em parte, o produto de processos de ensino, que reconhecemos como habilidades acadêmicas (SANTOS, ANDERY,2012).

Segundo Skiner Comportamento Intraverbal

Quando um longo poema é recitado, frequentemente podemos explicar a maior parte do recitar supondo apenas que uma parte controla a outra de maneira intraverbal. Se interrompermos o falante, o controle pode se perder; mas voltar ao início o restabelece, uma vez que recria o estímulo verbal adequado. O alfabeto é adquirido como uma série de respostas intraverbais, assim como contar, adicionar, multiplicar e reproduzir tabelas matemáticas em geral. A maior parte dos “fatos” da história são adquiridos e retidos como respostas intraverbais. O mesmo ocorre com fatos da ciência, embora nesse caso também haja frequentemente respostas sob outro tipo de controle… [tato] Uma pergunta constitui muitas vezes o estímulo para uma longa resposta sem que haja outra variável controladora importante. Os espaços para completar itens em uma prova objetiva estimulam respostas intraverbais mais ou menos do mesmo modo. Muitas aparentes metáforas e alusões literárias têm frequentemente origem apenas intraverbal (Skinner, 1957, p. 72).

Revisão de pesquisas empíricas influenciadas pelo livro Verbal behavior (1957)

Estudos empíricos sobre comportamento intraverbal, subdivididos em três conjuntos:

O primeiro conjunto envolveu estudos que desenvolveram e testaram procedimentos para instalar repertório intraverbal específico, com respostas unitárias, em indivíduos com desenvolvimento atípico (Braam & Poling, 1983;Luciano, 1986; Watkins, Pack Teixeira &Howard, 1989), ou com lesão cerebral adquirida (Sundberg, San Juan, Dawdy & Argüelles,1990) e estudos que testaram procedimentos para desenvolver repertório intraverbal em crianças com desenvolvimento típico (Partington& Bailey, 1993). Esses estudos investigaram o desenvolvimento e estabelecimento de operantes intraverbais, em geral utilizando o que os autores chamaram de procedimentos de transferência de controle de estímulos (SANTOS, ANDERY,2012).

Braam e Poling (1983) ensinaram repertório intraverbal a crianças diagnosticadas com retardo mental apresentando aos participantes estímulos não-verbais, tais como figuras de objetos, quando eles não emitiam uma reposta intraverbal a um estímulo verbal (sinal manual): o experimentador sinalizava uma classe de substantivos – por exemplo, ‘alimento’ – e a reposta intraverbal considerada correta consistia na sinalização de itens pertencentes à classe ‘alimentos’, por exemplo: maçã, laranja, cachorro-quente. Quando o participante não emitia a resposta intraverbal correta, figuras dos itens que pertenciam à classe eram apresentadas. Em tentativas posteriores o procedimento era repetido até que respostas intraverbais fossem emitidas diante apenas do estímulo verbal (SANTOS, ANDERY,2012).

Luciano (1986) replicou o trabalho de Braam e Poling (1983) com indivíduos com desenvolvimento atípico. Seus participantes também aprenderam a emitir respostas verbais sob controle de estímulos verbais (comportamento intraverbal) a partir de um procedimento de treino no qual estímulos verbais foram sistematicamente pareados com estímulos não verbais que evocavam respostas verbais (SANTOS, ANDERY,2012).

Watkins e cols. (1989) também trabalharam com crianças com desenvolvimento atípico. Em seu procedimento de treino de respostas intraverbais simples e múltiplas transferiram o controle de uma dica ecóica para um estímulo verbal.  As perguntas envolviam solicitação ao participante para que nomeasse substantivos –animais, brinquedos, roupas, ou mobiliário – ou adjetivos – texturas, cores, tamanhos. Nos treinos de respostas múltiplas, depois que o participante respondia uma pergunta (por exemplo: ‘qual é uma cor?’ – o experimentador pedia: “mais uma…’ e assim sucessivamente. No treino, as respostas esperadas eram emitidas pelo experimentador e repetidas pelo participante. Os resultados mostraram que o treino foi eficiente (SANTOS, ANDERY,2012). .

Testes posteriores para testar se as topografias de repostas estabelecidas como comportamento intraverbal seriam emitidas como tato indicaram que o treino direto parece ser necessário (SANTOS, ANDERY,2012).

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Referências:

SANTOS, Maxleila Reis M.; ANDERY, Maria Amalia Pie Abib. Comportamento intraverbal: aquisição, reversibilidade e controle mútiplo de variáveis. Revista Brasileira de Análise do Comportamento, v. 3, n. 2, 2012.

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