Brincadeiras rítmicas para incluir crianças autistas

Brincadeiras rítmicas para incluir crianças autistas no contexto escolar e melhorar o desenvolvimento motor.
Brincadeiras rítmicas para incluir crianças autistas no contexto escolar e melhorar o desenvolvimento motor.

Crianças autistas

As Brincadeiras rítmicas ajudam a incluir crianças autistas no contexto escolar.

A caminhada de uma criança autista começa ao nascimento, e não a partir do diagnóstico. A criança autista já nasce autista, e consequentemente, já nasce enfrentando os desafios que sua condição traz (Nogueira 2022).

O diagnóstico é o ponto de partida para que o eixo entre família, escola e inclusão possam acontecer, pois o mesmo abre uma porta de compreensão, respaldo e suporte entre todos os envolvidos, entre família, escola e psicólogos (Nogueira 2022).

O desenvolvimento de uma criança autista no contexto escolar também está relacionado com a promoção de estímulos e criação de ambientes que estimulem essa criança a se desenvolver em todos os âmbitos que lhe é esperado, como na linguagem, afetividade, interação e autonomia. O olhar do professor deve ir além do diagnóstico, deve ver seu aluno como um ser além do “rótulo” dado a ele, indo mais afundo nas peculiaridades e particularidades daquele aluno. Com o uso de atividades que promovam o trabalho em equipe, seja em dupla ou pequenos grupos, pode ser de grande ajuda para inserir o aluno autista nas atividades propostas, assim como na interação e inclusão do mesmo entre os outros alunos. Atividades colaborativas também podem ser um aliado para trabalhar a linguagem verbal e a autonomia do aluno autista, fazendo com que o mesmo interaja e colabore com outros colegas, sempre sob mediação ativa e estratégica do professor. Aulas com roteiros pré-definidos tendem a auxiliar alunos autistas a se integrar melhor no espaço de aula e se sentirem mais confortáveis, visto que um sintoma comum do autismo é o apego por rotinas e atividades definidas e repetitivas (Nogueira 2022). 

Brincadeira rítmica para promover inclusão

Ao brincar a criança tem a oportunidade de interação, pois ao participar de uma brincadeira a criança socializa. A brincadeira é prazerosa para toda criança e integra os alunos com necessidades educativas especiais no contexto escolar, tornando o ambiente escolar saudável, lúdico e divertido, proporcionando a inclusão. É importante que a criança descubra e construa por si mesma os significados por meios de jogos e brincadeiras (Mazzinghy 2020).

Dica de Brincadeiras rítmicas

Materiais sugeridos

  • Equipamento para reproduzir música.
  • Equipamento para reproduzir vídeos (opcional).
  • Vídeos, imagens de cantigas de roda, brincadeiras de corda e brincadeiras de mão da sua região (opcional).
  • Uma folha de papel A4 por grupo.
  • Uma folha de cartolina ou um quadro.

Aqui trazemos algumas sugestões de materiais. De acordo com a sua realidade, utilize materiais similares, alternativos ou adaptados para a prática.  

Conversa inicial

Reúna os estudantes para uma roda de conversa e pergunte sobre as brincadeiras rítmicas que conhecem. Para atender a um dos objetivos de aprendizagem desta aula, faça junto com a turma uma lista com todas as brincadeiras citadas, anote-as no quadro, assim a turma toda poderá participar e aprender com os colegas.

Com a lista pronta, ressalte que existem diferenças entre elas, como, por exemplo: as rodas cantadas utilizam músicas simples, fáceis de memorizar, são cantadas em roda, de mãos dadas e com a execução de coreografias. Já as brincadeiras de mãos são atividades desenvolvidas com cantos e gestos com as mãos, nas quais pode haver contato entre os participantes ou não, elas podem ser realizadas em grupo ou em duplas.

As brincadeiras com objetos, como pular corda, são realizadas a partir do ritmo de uma música cantada por todos, realizando sequências de movimentos, principalmente saltos e giros. As brincadeiras rítmicas, com instrumentos de percussão, utilizando materiais adaptados e até mesmo o próprio corpo.  

Saliente também que apesar das diferenças, as brincadeiras rítmicas possuem características comuns: seguem o ritmo de uma música, apresentam particularidades da cultura local, como o modo de vida da comunidade, e são transmitidas de geração em geração.

Pensando na participação de todos e nas possíveis barreiras, utilize diferentes exemplos e linguagens para conduzir esse momento de maneira a possibilitar que os estudantes participem e aprendam sobre o tema explorado. Para tanto, você pode mostrar vídeos ou até mesmo solicitar que um grupo demonstre algumas brincadeiras.

Atividade

A partir da lista de brincadeiras rítmicas feita no início da aula, selecione as brincadeiras de corda citadas e monte um quadro com o nome das sequências e a descrição dos movimentos de cada uma delas. Os estudantes devem participar da confecção deste registro, escrevendo ou falando sobre as brincadeiras, de acordo com suas potencialidades.

Nome da brincadeira de cordaDescrição dos movimentos
Exemplo de tabela

Rodízio de corda

Monte pequenos grupos, organize-os pelo espaço da aula, construindo cinco estações e solicitando que cada grupo escolha uma das brincadeiras rítmicas utilizando uma corda que foi descrita no quadro. Peça ao grupo para escrever em uma folha de papel o número da estação, o nome da brincadeira e fazer um desenho explicando-a. Fixe essa descrição no local reservado para cada grupo.

Após a experimentação da brincadeira escolhida, peça aos estudantes que troquem de estação. Chegando a uma nova estação, o grupo deverá “ler” o desenho explicativo e experienciá-lo. Todos devem passar por todas as estações.

Percorra os grupos durante a vivência, observe se o ritmo de movimentação da corda é condizente com a capacidade de saltar de todos participantes ou se pode ser uma barreira para a participação de algum estudante. Caso seja necessário, oriente-os para que façam adaptações de ritmo, altura, gestos e formas de participação, garantindo que todos estejam envolvidos na atividade promovendo a inclusão.

Momento da reflexão

Agrupe a turma e questione-os sobre as vivências da aula. Como foi passar por todas as estações? Tinha estações mais fáceis? Mais difíceis? Por quê? Como eram os movimentos das brincadeiras? Eram todos iguais? E o ritmo de cada uma delas? As descrições desenhadas estavam claras? Todos entenderam? Todos os estudantes conseguiram participar? Foi preciso adaptar de alguma maneira as brincadeiras?

Sistematização do conhecimento

Retome os objetivos de aprendizagem da aula e reforce os temas trabalhados. Relacione as brincadeiras rítmicas, presentes no cotidiano dos estudantes, e a cultura local, salientando as letras das músicas e os gestos característicos. Ressalte as influências culturais encontradas nas brincadeiras com corda. As músicas que ditam o ritmo da brincadeira e determinam o nível de dificuldade, a importância da noção espacial, ficar próximo da corda, a realização de diferentes movimentos, e as questões culturais marcantes.

Aponte também que o ritmo está presente em nossas vidas; em nosso corpo – nas batidas do coração, na respiração; na natureza – nas ondas do mar, no dia e na noite; em alguns objetos – ponteiro do relógio; e principalmente nas músicas – que orientam os movimentos das brincadeiras rítmicas e das danças.

Pensando na importância da sistematização do que foi aprendido e em promover situações onde todos os estudantes tenham acesso ao conhecimento, ofereça diferentes possibilidades de aproveitamento desse momento, utilizando diferentes linguagens, como imagens e vídeos, ou até mesmo solicitando que os próprios estudantes expliquem para os colegas, trocando informações entre si.

Registro e avaliação

Escrita coletiva

Para o registro e a avaliação da aprendizagem dos estudantes, proponha uma escrita coletiva.

Explique à turma que produzirão um pequeno texto explicando para os colegas de outras turmas a brincadeira rítmica criada durante a aula.

Você será o mediador neste processo de elaboração textual, escrevendo e organizando as ideias a fim de que o texto fique coerente e compreensivo.

A produção coletiva com os estudantes ainda não alfabetizados ou em processo de alfabetização favorece a compreensão da estrutura de um texto escrito. Portanto, deixe claro sobre o que, para quem e com que finalidade irão escrever.

Para que seja possível coletar evidências da aprendizagem de todos os estudantes, incentive a participação de todos, fazendo perguntas e dando sugestões que os auxiliem a organizar o pensamento sobre o que foi aprendido na aula.

Escreva em uma cartolina ou lousa:

Nome das brincadeiras experimentadas.

Músicas utilizadas.

Sequência de movimentos.

Utilização do espaço.

Referência da cultura local.

Após a escrita, faça a leitura do texto e dê uma devolutiva à turma sobre a produção textual, evidenciando o conteúdo abordado por eles.

Combine onde irão expor, na escola, para que todos possam aprender.  

Desdobramentos

Aprendendo a brincadeira de mão

Forme duplas com um estudante de frente para o outro. Solicite que os dois fechem as duas mãos e batam as mãos fechadas nas mãos fechadas do colega (2 vezes).

Agora, com as mãos abertas, batem as palmas das mãos nas palmas das mãos do colega (2 vezes).

E, então, batem com as costas das mãos nas costas das mãos do colega (2 vezes).

Inicie devagar até que todos aprendam a sequência, depois aumente o ritmo.  

Para ajudar os profissionais na área de saúde e educação, a Neuropsicopedagoga Clínica e estre em Educação Renata Bringel, ministra o curso Online Testes de Rastreio para Autismo (TEA) e Atrasos no Desenvolvimento Infantil entre outros. Os cursos online realizados pela Professora Renata estão disponibilizados no site renatabringel.com.br

Referências:

NOGUEIRA, Geovanna Callazans. Práticas corporais nas aulas de Educação Física e sua contribuição para a socialização e inclusão de crianças autistas no contexto escolar: uma revisão bibliográfica. 2022.

MAZZINGHY, Leonice. A RELEVÂNCIA DA LUDICIDADE NA INCLUSÃO DE ALUNOS AUTISTAS. MAIÊUTICA INCLUSIVA, 2020.

Autor:  Fernanda Marcon Moura

Coautor: Laércio de Moura Jorge

Mentor: Ricardo Yoshio Silveira Ribeiro

Especialista da área: Luis Henrique Martins Vasquinho

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