Afasia – Transtorno na comunicação

Afasia é definida como transtornos da comunicação, adquiridos por lesão nas regiões cerebrais especificamente envolvidas no processo linguístico após a sua estruturação.

Afasia – Transtorno na Comunicação e a Linguagem

A afasia – transtorno na comunicação é uma fragmentação da linguagem. A linguagem pode ser entendida como um universo complexo e multifacetado. Enquanto ocorre a linguagem oral, o ser humano necessita lembrar-se dos sons da fala, da ordem em que estes devem ocorrer em uma palavra, além da gramática da língua e o significado das palavras e frases. A linguagem faz o acesso entre o conhecimento e a expressividade, e a memória a responsável pela forte influência no que se pretende proclamar, pois lembrar e esquecer são partes integrantes do mecanismo de comunicação (SITTA2010).

Segundo a fonoaudióloga Dra. Érica Ibelli Sitta e colaboradoras a afasia – transtorno na comunicação afeta tanto a compreensão quanto a expressão dos símbolos verbais e/ou escritos da comunicação comprometendo a interação do indivíduo com o meio que está inserido. Por ser uma patologia de origem neurológica, ela advêm em subsequência às sequelas de lesões cerebrais. Os indivíduos lesionados cerebrais podem apresentar lesões nas áreas cerebrais da linguagem, geralmente devido a acidentes vasculares cerebrais (AVC), mas também devido a lesões cefálicas, tumores cerebrais ou outras lesões que afetem o cérebro. Dessa maneira, apresenta aspectos prejudicados nas chamadas dissociações, ou seja, dificuldade na realização de atos voluntários e específicos da linguagem e também dificuldade nos pensamentos abstratos.

Afasia e o Comprometimento Motor

Essas alterações além de afetar a condição corporal do indivíduo, afetam também a face, fato que vem colaborar para o desempenho ruim da comunicação do afásico. Embora a manifestação mais frequente seja a dificuldade para encontrar as palavras na linguagem expressiva, outras manifestações são encontradas em consequência ao comprometimento motor, como por exemplo, a dificuldade ao nível da combinação dos movimentos articulatórios para produzir os sons da fala. Como a linguagem é um meio de comunicação privilegiado, a perda desse instrumento torna-se, para o afásico, uma fonte de isolamento, de solidão. A tristeza, a frustração, o desespero frequentemente fazem parte da vida do afásico pela sua incapacidade de se exteriorizar e mesmo de se expressar. Além dessa depressão também pode estar associada com o aumento de morbidade e mortalidade deste grupo de indivíduos afetados pela lesão e sua recorrência. É importante convergir o comprometimento motor com o surgimento de repercussões importantes na autonomia e nas relações interpessoais, desencadeando muitas vezes reações emocionais. Indivíduos com comprometimento por uma ou diversas lesões cerebrais sofrem tanto na reabilitação da saúde quanto na interação com o meio que o cerca. Como são observadas diversas manifestações clínicas, o conhecimento sobre as bases biológicas de recuperação e da reabilitação das afasias são relativamente escassos, o que não contribui para a recuperação em logo prazo (SITTA2010 p1065).

Primeiros estudos sobre Afasias

A versão moderna da teoria das localizações cerebrais iniciou-se com o anatomista, cirurgião e antropólogo francês Pierre Paul Broca (1824-1880) que descreveu a impossibilidade ou dificuldade de expressão da linguagem quando havia lesão na corticalidade frontal, mais precisamente na área 44 de Brodmann (localizada no giro frontal inferior, responsável pela produção da palavra falada) que se tornou conhecida como área de Broca. Chamou essa situação de afemia, termo posteriormente substituído pelo médico francês Armand Trousseau (1801-1867) pela expressão afasia (ROTTA2015).

Criança com afasia?

 A afasia é definida como transtornos da comunicação, adquiridos por lesão nas regiões cerebrais especificamente envolvidas no processo linguístico após a sua estruturação. Fazem parte desse processo funções como gnosias, praxias, memória e afeto. Na criança, não se pode falar sempre em afasia, pois esse conceito requer que o indivíduo já tenha adquirido a função, que será comprometida em caso de lesão. Sem dúvida, em uma criança que já tenha adquirido condições de formar frases, o que, em média, corresponde aos dois anos de idade, podemos falar em afasia (ROTTA2015). Bruce E Murdoch autor do livro Desenvolvimento da fala e distúrbios da linguagem: uma abordagem neuroanatômica e neurofisiológica divide as afasias, em função de suas características anatomoclínicas, em:

Afasia de expressão, motora ou de broca: caracteriza-se por dificuldade ou impossibilidade de se expressar em resposta a um questionamento, tendo adequada percepção da linguagem oral ou escrita. O vocabulário, nesses casos, é restrito e estereotipado. Muitas vezes, o paciente consegue dizer, de forma repetitiva, uma ou duas palavras – talvez, como sugeriu Jackson, aquelas que proferira no momento do ictus cerebral –, pois a doença cerebrovascular é a forma mais frequente de afasia no adulto.

Afasia de percepção, sensorial ou de Wernicke: caracteriza-se por dificuldade parcial ou total no entendimento do que se escuta ou lê. Ao contrário da afasia de expressão, o afásico de percepção pode falar muito, mas pode estar deslocado do contexto.

• Afasia mista: caracteriza-se por dificuldades semelhantes na percepção e na expressão.

• Afasia de condução: caracteriza-se pelo comprometimento na repetição e nomeação.

• Afasia transcortical: caracteriza-se não por falhas na percepção ou expressão, mas sim por dificuldade na elaboração da resposta.

• Afasia de Pitres ou anômica: caracteriza- -se por dificuldade para nomeação.

• Afasia global: caracteriza-se pelo comprometimento de todas as funções linguísticas.

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Referências:

SITTA, Érica Ibelli et al. A contribuição de estudos transversais na área da linguagem com enfoque em afasia. Revista CEFAC, v. 12, p. 1059-1066, 2010.

Murdoch BE. Desenvolvimento da fala e distúrbios da linguagem: uma abordagem neuroanatômica e neurofisiológica. 2. ed. Rio de Janeiro: Revinter; 2012.

ROTTA, Newra Tellechea; OHLWEILER, Lygia; DOS SANTOS RIESGO, Rudimar. Transtornos da aprendizagem: abordagem neurobiológica e multidisciplinar. Artmed Editora, 2015.

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