TCC no tratamento da Depressão

TCC ajuda na redução dos sintomas da depressão. Uma forma efetiva e eficaz para lidar com essa patologia.
TCC ajuda na redução dos sintomas da depressão. Uma forma efetiva e eficaz para lidar com essa patologia.

Depressão

Diversos autores vêm discutindo ao longo dos anos acerca dos transtornos do humor, sobretudo a depressão, que vem tomando proporções preocupantes. Segundo Matos e Oliveira (2013 cita OLIVEIRA 2019), a depressão produz um impacto desagradável tanto na vida do paciente quanto na de sua família, uma vez que compromete o funcionamento social, pessoal e laboral do indivíduo. A depressão é definida como um transtorno que afeta o corpo, o humor e o pensamento, altera o apetite, o sono e a forma como a pessoa se sente e pensa (Brito, 2003 cita OLIVEIRA 2019).

De acordo com Powell e colaboradores (2008 cita OLIVEIRA 2019), a depressão não impacta apenas o paciente, mas também sua família, com profundo comprometimento em áreas fundamentais da vida, como nos aspectos sociais, ocupacionais e em outros campos de funcionamento. Segundo a Organização Pan-americana da Saúde (OPAS, 2001), a depressão é um dos transtornos mentais mais estudados por conta do elevado número de pessoas que, em decorrência dela, desenvolvem incapacidades funcionais temporárias que podem evoluir para limitações permanentes.

Para Tavares (2005, p.19 cita OLIVEIRA 2019): “Com os esquemas e modos depressogênicos, vemos que as conceituações sobre as situações do deprimido são distorcidas para conformarem-se aos esquemas disfuncionais predominantes, que, por sua vez, seguem um padrão de modo negativo, gerando assim pensamentos negativistas, perseverativos e ruminativos”.

Depressão no DSM-5

Segundo a quinta edição do Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (DSM-5; APA, 2014), da American Psychiatric Association, a depressão pode manifestar-se como episódio depressivo maior (EDM). Nesse caso, os critérios do DSM- 5 especificam que pelo menos cinco dos nove sintomas que se seguem devem estar presentes: humor deprimido, redução do interesse ou prazer em todas ou quase todas as atividades, perda ou ganho de peso, insônia ou hipersonia, agitação ou retardo psicomotor, fadiga ou perda de energia, sentimentos de desvalia ou culpa inapropriados, redução da concentração e ideias de morte ou de suicídio. Para o diagnóstico, é necessário que os sintomas durem pelo menos duas semanas e que um deles seja, obrigatoriamente, humor deprimido ou perda de interesse ou prazer (APA, 2014).

A depressão pode apresentar-se também em uma forma mais crônica, o transtorno distímico, que se caracteriza por humor deprimido ou perda de interesse em todas ou quase todas as atividades da vida do indivíduo, com uma intensidade menor do que o EDM. O diagnóstico é distimia quando o início dos sintomas é leve e mais insidioso, com duração de pelo menos dois anos para alcançar as proporções do EDM. Uma forma segura de diferenciar a distimia da depressão maior é o modo como os sintomas se iniciam (Klein,1995 cita OLIVEIRA 2019).

Classificação da Depressão na CID-10

Os sintomas de depressão estão classificados em três níveis na Classificação estatística internacional de doenças e problemas relacionados à saúde (CID-10; WHO, 2010 cita OLIVEIRA 2019): leve, moderado e grave, de acordo com seu número e sua intensidade. Os critérios diagnósticos de acordo com a CID-10 para o episódio depressivo apresentam-se da seguinte forma: dois dos três sintomas principais (humor deprimido, perda de interesse ou prazer e energia reduzida), podendo ser acompanhados de outros sintomas: concentração e atenção, assim como autoestima e autoconfiança, reduzidas, aliadas à interferência funcional ou social (WHO, 2010 cita OLIVEIRA 2019).

Ainda segundo a CID-10, há uma variação diária no humor depressivo ou, de acordo com as circunstâncias, este pode vir associado a condições somáticas como perda de interesse ou prazer, despertar matinal precoce (várias horas antes da hora habitual de despertar), agravamento matinal da depressão, lentidão psicomotora, agitação, perda de apetite, perda de peso e perda da libido (OLIVEIRA 2019).

Terapia cognitivo-comportamental – TCC

A terapia cognitivo-comportamental (TCC) foi desenvolvida principalmente por Aaron Beck e Albert Ellis na década de 1960, na Universidade da Pensilvânia, tomando como base o modelo de processamento da informação (Matos & Oliveira, 2013 cita OLIVERIRA 2019). Para Beck e Ellis, a depressão é o resultado de hábitos de pensamento excessivamente profundos, e foi com base nessa premissa que eles descreveram os fundamentos da TCC (Powell et al., 2008 cita OLIVEIRA 2019).

A partir de um trabalho de observação, Beck e Ellis descobriram que os pensamentos e as crenças distorcidas de pessoas com depressão resultavam de seus comportamentos negativos, e não de forças inconscientes, como pensava Freud. Dessa forma, são as próprias cognições e os esquemas cognitivos disfuncionais do indivíduo que geram sofrimento, ocasionando a depressão (Powell et al., 2008 cita OLIVEIRA 2019).

Para Almeida e Lotufo Neto (2003 cita OLIVERIRA 2019), quando o indivíduo faz uma avaliação realista do fenômeno e modifica seus pensamentos distorcidos e suas crenças disfuncionais, a consequência direta é uma melhora duradoura em seu humor e em seu comportamento. Para atingir tais objetivos é fundamental reforçar o caráter pedagógico da terapia cognitiva (Almeida & Lotufo Neto, 2003 cita OLIVEIRA 2019).

TCC no tratamento da Depressão

A aplicação da TCC no tratamento da depressão permite que o terapeuta conduza o paciente a acessar crenças e regras a partir dos dados ambientais e mnemônicos fornecidos pelo próprio paciente. O indivíduo depressivo traz esses dados saturados de erros de lógica e comportamentos disfuncionais. Com efeito, é possível afirmar que a TCC é uma ferramenta que desenvolve a confiança e a cooperação, tendo o paciente papel ativo em seu processo de mudança. Esse processo se dá em dois níveis, a saber: a aprendizagem e a cognição (Matos & Oliveira, 2013 cita OLIVEIRA 2019).

Freeman (1983) publicou o primeiro texto sobre TCC abordando unicamente o tratamento de casais e em grupos como extensão da teoria e da prática que funcionava na terapia individual. “Ao abordar questões sobre o trabalho em grupo com tempo administrado, descobriu que as bases comuns são maiores que os tópicos tradicionalmente do domínio da TCC, como a prevenção de recaída e o estabelecimento de objetivos” (Mackenzie,1997 cita OLIVEIRA 2019).

Para alguns autores, como Wainer, Pergher e Piccoloto (2003 cita OLIVERIRA 2019), a TCC é a abordagem terapêutica mais bem qualificada no tratamento dos transtornos depressivos. Para Bennett-Levy e colaboradores (2004 cita OLIVEIRA 2019), a TCC prioriza a importância das cognições como determinantes na forma como o indivíduo sente e age.

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Referência:

OLIVEIRA, Antoniel Campos. Eficácia da terapia cognitivocomportamental no tratamento da depressão: revisão integrativa. Revista Brasileira de Terapias Cognitivas, v. 15, n. 1, p. 29-37, 2019.

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