Tipos de Reforçadores para Autistas

Reforçadores são tudo aquilo que aumenta a frequência da emissão do comportamento.
Tipos de Reforçadores são tudo aquilo que aumenta a frequência da emissão do comportamento.

TEA

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um distúrbio do neurodesenvolvimento com início precoce, crônico, e com duas principais características: prejuízo persistente na comunicação social em diferentes contextos e comportamentos repetitivos/restritos. O comportamento repetitivo/restrito pode aparecer tanto na falta de repertórios da criança (exemplo: apresenta comportamentos que podem ser chamados de estereotipados) como na restrição de interesses (exemplo: fixação em determinados brinquedos ou interesse por poucos itens) (American Psychiatric Association, 2013).

Os interesses restritos podem limitar as oportunidades de aprendizagem, bem como as oportunidades de interagir com colegas que têm uma gama mais ampla de interesses, restringindo o repertório de um indivíduo e dificultando o seu acesso a uma variedade de experiências. Além disso, por apresentar poucos itens de interesse, a intervenção tende a demorar mais para evoluir pela falta de reforçadores, visto que a criança terá pouca motivação para aprender (Leaf, et al., 2012; Michael, 2000 cita DE NOVAES; BRASILEIRO2020).

Reforçamento Positivo

É um processo em que o acréscimo de uma consequência fortalece o comportamento, aumentando a probabilidade desse comportamento se repetir em contextos semelhantes. Essas consequências reforçam o comportamento, uma vez que por serem “agradáveis”, a pessoa se comportará novamente assim para conseguir produzir as mesmas consequências.

Reforçamento Negativo

A fuga ocorre quando interrompemos a ocorrência de um estímulo desagradável e a esquiva quando evitamos o contato com esse estímulo. Se esses comportamentos vierem a ocorrer mais frequentemente no futuro então dizemos que foram reforçados negativamente. Por exemplo, retiramos a etiqueta (estimulo desagradável) de uma camisa nova que estamos vestindo porque está irritando a nuca (fuga). Toda vez que comprarmos uma camisa nova, iremos retirar a etiqueta antes de vestirmos a camisa para que não incomode (esquiva).

Reforçadores Primários

Desde o nascimento, alguns reforçadores já estão em funcionamento. Nós chamamos essa classe inicial de reforçadores de reforçadores primários, o que nos dá a ideia de que eles são os primeiros reforçadores a entrar em cena, e sua efetividade não é dependente da relação deles com os outros reforçadores. Os reforçadores primários são universais, devido à sua função primordial para a sobrevivência da criança. Entre os reforçadores primários positivos estão comida, água, estimulação produzida pelo sugar (na amamentação, por exemplo), estímulos gustativos, temperatura da pele, sono e respirar.

Reforçadores secundários

Tangíveis: bijuterias, brinquedos, livros, figurinhas, entre outros.

Comestíveis: doces, frutas, biscoitos, batata frita, guloseimas e (brindes extras).

Sociais: um elogio, sorrisos, um aceno de cabeça, aplausos, polegar-para-cima, uma piscadinha e etc.

Físicos: cócegas, abraços, beijos, tapinhas nas costas, um toque, um balanço e etc.

Independente se é um reforçador primário ou secundário, é importante ter em mente que qualquer estímulo reforçador tem o poder de alterar a emissão de determinado comportamento.

Reforçadores Condicionados

Os reforçadores condicionados ou secundários são estímulos que podem adquirir função reforçadora por meio de um processo de aprendizagem (Skinner, 2003). Por exemplo, a união de um reforçador primário com um estímulo neutro, pode torna-lo reforçador condicionado (Keller & Gollub, 1962 cita DE NOVAES; BRASILEIRO2020).

O reforçamento condicionado pode ter a origem de seus efeitos a partir de uma relação  respondente, na qual a partir do pareamento de um estímulo neutro com um estímulo incondicionado, aquele passa a eliciar respostas condicionadas parecidas com aquelas eliciadas pelo estímulo incondicionado.  O estímulo condicionado, no entanto, também pode passar a exercer efeitos sobre respostas operantes, inclusive como reforçador (Tomanari, 2000 cita DE NOVAES; BRASILEIRO2020). Por exemplo, ao parear algumas vezes uma boneca (estímulo neutro) com uma comida (reforçador incondicionado), a boneca pode tornar-se um reforçador condicionado para determinadas respostas operantes.

Assim, para dizer que determinado estímulo é condicionado, duas condições são necessárias: a existência da associação com um reforçador já estabelecido (seja ele primário ou secundário) e o estímulo deve aumentar a probabilidade futura da resposta reforçada que o produza (se associado com um reforçador positivo) ou de uma resposta que o elimine (se associado com um reforçador negativo) (Tomanari, 2000 cita DE NOVAES; BRASILEIRO2020).

Reforçadores Condicionados Simples ou Generalizados

O reforçador condicionado pode ser simples ou generalizado. A diferença entre os dois é que, enquanto o primeiro precisa estar relacionado à apenas um reforçador específico, os reforçadores condicionados generalizados precisam ter sido pareados com diversos reforçadores primários e/ou outros reforçadores condicionados. A vantagem do reforçador condicionado generalizado é que as respostas por ele selecionadas não ficam dependentes de nenhuma operação motivadora específica. O dinheiro é um bom exemplo, visto que, com dinheiro o indivíduo pode emitir várias outras respostas que terão como consequência final outros reforçadores (como viajar, comprar um livro, comprar comida).  O indivíduo mantém-se emitindo respostas que produzem dinheiro como consequência, sem que exista nenhuma privação específica em vigor (Moreira & Medeiros, 2007; Skinner, 2003 cita DE NOVAES; BRASILEIRO 2020).

Criação de Estímulos Reforçadores Condicionados

Um outro aspecto importante sobre a criação de estímulos reforçadores condicionados é que o seu valor reforçador dependerá também de certas condições presentes no procedimento de condicionamento, sendo elas:

• Função discriminativa dos estímulos: estímulos discriminativos exercem função de reforça-dores condicionados para as respostas que os produzem. Ou seja, indivíduos expõem-se mais a situações que existem estímulos discriminativos, porque, na presença dos estímulos discriminativos, haverá reforçamento.  Logo, o valor reforçador dos estímulos se fortalece (Wyckoff, 1969 como citado em Tomanari, 2000, p. 69). Portanto, quanto maior for o valor preditivo de um estímulo discriminativo, maior será seu valor como estímulo reforçador condicionado.

• Atraso do reforçamento primário: a força de um reforçador condicionado está diretamente ligada ao intervalo entre a sua apresentação e a do reforçador primário. Então, se esse intervalo é pequeno, o reforçador condicionado tende a ser mais fortalecido (Skinner, 2003; Tomanari, 2000). Portanto, quanto menor for o intervalo entre a apresentação do reforçador primário e a do reforçador condicionado, maior será a força do reforçador condicionado.

• Magnitude do reforçador primário: a magnitude  do  reforçador  diz  sobre  a  quantidade  de reforçador liberado após a emissão da resposta, a duração do reforçador ou a preferência do reforçador. A magnitude do reforçador primário pode afetar, de forma geral, a força do reforçador condicionado. Ou seja, quanto mais alta a magnitude do reforçador primário, mais alta será a força do reforçador condicionado (Skinner, 2003).

• Esquemas de reforçamento primário: em um esquema intermitente de apresentação do reforçador primário, o estabelecimento do reforçador secundário (ou reforçador condicionado) será mais efetivo do que em esquema de reforçamento contínuo. Isso acontece, pois, comportamentos reforçados de maneira intermitente são mais resistentes à extinção, logo, o reforçador secundário estaria mais bem estabelecido em um esquema como esse (Catania, 1999 cita DE NOVAIS, BRASILEIRO 2020).

• Número de pareamentos: a efetividade de um reforçador condicionado está diretamente ligada à quantidade de pareamentos feitos com o reforçador primário. Ou seja, quanto maior o número de pareamentos realizados, maior será o valor do reforçador condicionado. Além disso, a resistência à extinção também será maior em situações que houve pareamento  comparativamente  a  situações  em  que  não  houve  (Skinner, 2003).

Para ajudar os profissionais na área de saúde e educação, a Neuropsicopedagoga Clínica e Mestre em Educação Renata Bringel, ministra um curso onde apresenta Testes de Rastreio para Autismo (TEA) e Atrasos no Desenvolvimento Infantil. Os cursos online realizados pela Professora Renata estão disponibilizados no site www.renatabringel.com.br

Referência:

DE NOVAIS, Bárbara Araujo; BRASILEIRO, Mateus. Procedimentos para condicionar reforçadores para pessoas com TEA: revisão de literatura. Perspectivas em Análise do Comportamento, v. 11, n. 2, p. 240-257, 2020.

Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais [recurso eletrônico] : DSM-5 / [American Psychiatric Association ; tradução: Maria Inês Corrêa Nascimento … et al.] ; revisão técnica: Aristides Volpato Cordioli … [et al.]. – 5. ed. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : Artmed, 2014.

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