“Essa criança parece que tem bicho carpinteiro!”, “Não termina nada que começa!”, “É muito burro, não sabe 2+2!”, “Não tem educação, me deixou falando sozinha!”. Qual pessoa diagnosticada com Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade TDAH, não ouviu alguma destas frases durante sua vida?
Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade é frescura?
Em pleno século 21, ainda existem pessoas, que não acreditam na existência do TDAH. Pais e Educadores desconfiam de certos comportamentos dessas crianças, devido ao fato de serem comportamentos comuns do ser humano, mas, até certo ponto. O sofrimento causado pela incompreensão do Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade gera uma batalha, travada no momento em que a criança mais precisa de cuidados. É muito importante o olhar atento dos pais e educadores em comportamentos insistentes e diferenciados. Pois é exatamente na fase escolar que os problemas se intensificam.
Primeiros estudos sobre TDAH
O TDAH é a sigla usada para Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM-versão 5. O TDAH é um conjunto de sintomas e suas principais características são: desatenção, hiperatividade e impulsividade. O neurologista Constantin von Economo em 1926, durante suas pesquisas sobre uma epidemia de gripe encefalite na Europa, utilizou o termo hipercinético para descrever as sequelas da doença, que se evidenciavam por movimentação incessante e desordenada, incapacidade de ficar no lugar e problemas de concentração, memória, aprendizagem e consequente dificuldade de adaptação social. Em 1960 foi descrita, nos Estados Unidos e Canadá, a síndrome de crianças hipercinéticas sem ligação direta a encefalite (inflamação do cérebro). O termo Hipercinético ainda hoje é usado na Classificação de Doenças Internacionais – CID 10 – F90, Transtornos hipercinéticos.
TDAH é um transtorno de desenvolvimento devido a alterações cerebrais
A revista Lancet, uma das mais antigas e respeitada revista científica, publicou o maior estudos realizado por médicos e cientistas do mundo sobre TDAH. Eles observaram uma diferença no volume de estruturas subcortical do cérebro, de crianças e adultos diagnosticados com TDAH, causador de atraso no desenvolvimento cerebral. Esse estudo foi realizado com mais de três mil pessoas (pacientes com TDAH e indivíduos saudáveis) com idade entre 4 e 63 anos, Os voluntários foram submetidos a exames de neuroimagem estrutural por Ressonância Magnética. Exames que permite estudar com precisão a estrutura do cérebro. Segundo os pesquisadores as estruturas como a amígdala cerebral, accumbens e hipocampo, responsáveis pela regulação das emoções e motivações são menores em pacientes com TDAH. Levando em conta a diferença de idade entre os voluntários, foi observado que em pacientes adultos essas alterações são mais leves, sugerindo que há uma compensação parcial durante a formação cerebral. Essa pesquisa corrobora a afirmação de que o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) ocorre devido a um transtorno relacionado ao atraso na maturação de regiões cerebrais reguladoras das emoções, pois essas estruturas estão menos desenvolvidas, principalmente nas crianças.
Existe remédio para TDAH
Este é um grande dilema entre os profissionais de saúde mental. Para a indicação de remédios no tratamento do TDAH, em primeiro lugar, é fundamental que seja feito um diagnóstico complexo. Pois a automedicação por pais, pelo simples fato de quererem controlar as crianças com TDAH para convívio em sociedade é muito perigoso. Podendo causar problemas psíquicos graves.
O medicamento indicado para pessoas com TDAH é o Metilfenidato (Ritalina), ele diminui a agitação melhorando a convivência e o aprendizado. Este medicamento está incluso na convenção de substâncias psicotrópicas pela Organização das Nações Unidas (ONU) desde 1971. Só podendo ser indicado para tratar doenças e transtornos legalmente diagnosticados.
O melhor tratamento
O melhor tratamento para crianças e adultos com TDAH é um conjunto de cuidados. Integrar família, escola, medicação e acompanhamento psicológico. Todos visando a melhora e o bem estar do indivíduo.
Para ajudar os profissionais na área de saúde e educação, a Neuropsicopedagoga Clínica e Mestre em Educação Renata Bringel, ministra um curso online onde apresenta o curso TDAH Avaliação e Intervenção. Os cursos online realizados pela Professora Renata estão disponibilizados no site www.renatabringel.com.br .
Referência:
DE MATOS, Heloise Pereira et al. O uso da Ritalina em crianças com TDAH: uma revisão teórica. REVISTA HUM@ NAE, v. 12, n. 2, 2018.
LACET, Cristine; ROSA, Miriam Debieux. Diagnóstico de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e sua história no discurso social: desdobramentos subjetivos e éticos. Psicologia Revista, v. 26, n. 2, p. 231-253, 2017.