TCC e TEA
O Autismo ou Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um distúrbio do desenvolvimento que se caracteriza por deficiência nas áreas de comunicação, socialização e comportamento. (GOMES; PUJALS, 2015 cita BRITO 2021) Chama a atenção pelo déficit ou ausência de contato social, bloqueio para uso da linguagem ou compreensão desta, comportamento repetitivo e estereotipado, pouco interesse nas atividades do dia a dia e tolerância a frustações. (CONSOLINI; LOPES; LOPES, 2019 cita BRITO 2021) Nesse contexto, tem-se a inclusão da Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) como uma forma de tratamento mais completa, uma vez que esse método proporciona uma melhora no âmbito das psicopatologias, tanto cognitivas quanto comportamentais.
A primeira enfatiza e compreende o pensamento, as condutas, os sentimentos, as relações familiares e a forma de interpretar o mundo, enquanto a segunda trabalha uma mudança mais eficaz no comportamento (CONSOLINI; LOPES; LOPES, 2019 cita BRITO 2021).
TEA – Transtorno do Espectro Autista
Trata-se de um transtorno comportamental complexo, do desenvolvimento neurológico, e deve estar presente desde o nascimento ou começo da infância, mas pode não ser detectado antes, devido às demandas sociais mínimas na mais tenra infância, e do intenso apoio dos pais ou cuidadores nos primeiros anos de vida. (NAZARI; NAZARI; GOMES, 2017 cita BRITO 2021) Os indivíduos com TEA podem ser distinguidos através do comportamento, que manifesta algumas características distintas. As particularidades autísticas e os sinais aparecem na maior parte dos casos entre 18 a 24 meses (GOMES; COELHO; MICCIONE, 2016 cita BRITO 2021).
A clínica determinante do autismo em um indivíduo é caracterizada, principalmente, por déficits em três áreas: no comportamento, nas relações sociais e na comunicação (APA, 2014). O diálogo é um quesito significativamente acometido no autismo, e frequentemente está severamente prejudicado. Nas crianças autistas, o desenvolvimento atrasado da fala geralmente é o principal sintoma que incita a procura por ajuda clínica pelos pais. Da mesma forma pode ocorrer ausência de progresso ou até mesmo regressão após ganho inicial da linguagem (FÁVERO; SANTOS, 2005 cita BRITO 2021).
No aspecto Social o autista apresenta dificuldade de relacionamento, pois são incapazes de interagir para assimilar as regras sociais. É possível destacar algumas peculiaridades do indivíduo autista associadas a essa área, como: não se relacionar com contato visual, expressões faciais, relação com os pares, primar pela rotina, sendo que a criança autista pode tanto isolar-se como também interagir de forma anormal aos padrões habituais (MARINHO; MERKLE, 2009 cita BRITO 2021).
Na área de Comunicação e Linguagem, o autista tanto na linguagem verbal como na linguagem não verbal, expõe uma forma inapropriada e bem distinta dos padrões habituais, em razão de possuírem uma linguagem repetitiva e estereotipada, não conseguindo iniciar e manter uma conversa. Caracterizado como ecolalia, que se apresenta de dois tipos: a ecolalia imediata e a mediata (MARINHO; MERKLE, 2009 cita BRITO 2021).
Destaca-se também o comportamento ritualista e muitas vezes obsessivo, o atraso intelectual e a dependência de rotinas. A ausência das brincadeiras de imaginação, pois não percebem o objeto inteiro, apenas uma parte, um detalhe, além de possuírem dificuldade em compreender a funcionalidade do brinquedo (MARINHO; MERKLE, 2009 cita BRITO 2021).
TCC – Terapia cognitivo-comportamental
A TCC possui 10 princípios s básicos para o tratamento do paciente: 1- ela formula e desenvolve continuamente os problemas dos pacientes em uma conceituação individual de cada pessoa em termos cognitivos;2 – a aliança terapêutica deve ser sólida;3 – a pessoa deve ser ativa no processo e colaborar para o bom andamento da psicoterapia (Beck, 2013 cita De Souza, Da Silva 2021).
Outros princípios básicos apontam que a TCC é: 4 – orientada para objetivos e focada nos problemas; 5 – enfatiza inicialmente o presente; 6 – é educativa, tem como meta ensinar a pessoa a se tornar seu próprio terapeuta e destaca a prevenção sobre recaídas; 7 -visa ser limitada no tempo; 8 – as sessões são estruturadas (Beck, 2013 cita De Souza, Da Silva 2021).
Em seus princípios básicos a TCC ensina os seus pacientes a: 9 – identificar, avaliar e responder aos seus pensamentos e crenças disfuncionais; 10 – lança mão de uma gama enorme de técnicas para alterar o pensamento, o humor e o comportamento dos pacientes (Beck, 2013 cita De Souza, Da Silva 2021).
O tratamento envolve por parte do terapeuta tentar produzir de inúmeras maneiras uma mudança cognitiva, uma modificação no pensamento e no sistema de crenças da pessoa, para gerar uma mudança emocional e comportamental duradoura (Beck, 2013 cita De Souza, Da Silva 2021).
A TCC é uma técnica estruturada, diretiva e colaborativa, com uma postura educacional, direcionada para o aqui e agora, de prazo curto, com eficácia comprovada cientificamente (Rangé,2011; Beck, 2013 cita De Souza, Da Silva 2021).
A TCC é utilizada com pessoas de diferentes níveis de renda, com diversos tipos de culturas, idades que variam entre crianças, adolescentes, adultos e idosos e em pessoas com diferentes níveis de educação (Rangé,2011; Beck, 2013 cita De Souza, Da Silva 2021).
A TCC foi amplamente verificada desde a publicação das primeiras pesquisas científicas em 1977, atualmente mais de 500 pesquisas científicas apontam a eficácia da terapia cognitivo-comportamental para uma variada série de transtornos psiquiátricos, distúrbios psicológicos e problemas médicos com elementos psicológicos (Beck, 2013 cita De Souza, Da Silva 2021).
Usando o TCC para Transtorno do Espectro Autista
Deve-se levar em consideração que o tratamento para o TEA é estritamente especializado e direcionado para as principais áreas afetadas, pois há grande diversidade de manifestações clínicas para cada paciente. Atualmente prima-se por intervenções comportamentais precoces, de forma intensiva, sendo considerada a terapia padrão ouro, mundialmente, para o autismo (NORTE, 2017 cita BRITO 2021). Viu-se que programas comportamentais podem diminuir a irritabilidade, agressividade, medos e os rituais, assim como fomentar um desenvolvimento mais apropriado. (PIRES; SOUZA, 2013 cita BRITO 2021).
Nesse sentido, a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) disponibiliza maneiras para que, a criança e os pais durante o processo terapêutico, possam utilizá-las em seu benefício próprio. Na TCC empregam-se estratégias com a finalidade de preservar os resultados obtidos na terapia, além de aplicá-las em adversidades futuras que podem surgir (PIRES; SOUZA, 2013 cita BRITO 2021).
A TCC é um conjunto de atividades que ajudam o tratamento das psicopatologias, e assim, seus métodos e alvos conceituais procede principalmente de duas abordagens: a comportamental e a cognitiva, as quais serão avaliadas a partir do movimento integrador na psicologia que resultou nas chamadas terapias cognitivo-comportamentais. (GOMES; COELHO; MICCIONE, 2016 cita BRITO 2021).
Para ajudar os profissionais na área de saúde e educação, a Neuropsicopedagoga Clínica e estre em Educação Renata Bringel, ministra os cursos Online Testes de Rastreio para Autismo (TEA) e Atrasos no Desenvolvimento Infantil, TDAH, Avaliação e Intervenção entre outros. Os cursos online realizados pela Professora Renata estão disponibilizados no site renatabringel.com.br
Referências:
BRITO, Hellen Kristina Magalhães et al. O impacto da terapia cognitivo-comportamental no transtorno do espectro autista. Brazilian Journal of Health Review, v. 4, n. 2, p. 7902-7910, 2021.
DE SOUZA, Vanessa Silva; DA SILVA, Diego. Técnicas Utilizadas Para O Tratamento Do Transtorno De Déficit De Atenção E/Ou Hiperatividade (Tdah) Na Terapia Cognitivo-Comportamental (Tcc) 2021.