Ecoar (ou comportamento ecóico)
Ecoar ou comportamento ecóico: É controlado por discriminativos sonoros, em geral palavras ditas por pessoas; a resposta é vocal; e a consequência é social, por exemplo, a aprovação dos outros. Supõe um grau de identidade estrutural entre as características acústicas e/ou sonoras do antecedente e da resposta. Ex. tendo alguém dito a palavra cavalo, o emitente diz a palavra cavalo.
Análise de Comportamento Verbal – ECOAR
A Psicóloga Adriana Cunha Cruvinel apresentou em sua Tese de Mestrado uma análise de Comportamento verbal. Nesta tese a Dra. Cruvinel aponta o operante verbal- Ecoar segundo Skinner (1957).
O operante verbal ecóico se caracteriza pela resposta verbal oral ter a mesma topografia do estímulo verbal sonoro. Como por exemplo, diante do som “bola” a criança emite uma resposta vocal com o mesmo padrão sonoro “bola”. Segundo Skinner (1957) mandos como “Diga X” caracteristicamante produzem resposta que mostram uma correspondência ponto a ponto entre o som do estímulo e o som da resposta. De acordo com o autor, um repertório ecóico pode ser estabelecido na criança através de reforçamento “educacional” porque é útil aos pais e professores.
O reforçamento educacional é frequentemente combinado com mandos do tipo “Diga X”, onde o ouvinte que está se tornando um falante, produz reforçamento se sua resposta produz o padrão sonoro “X”. O procedimento continua a ser usado na educação formal para permitir que o professor estabeleça novas formas de respostas ou colocar uma resposta sob novas formas de controle de estímulos, como por exemplo, na nomeação de objetos. É interessante notar que Skineer (1957) sugere que os ecóicos podem ser instalados no repertório da criança através de mandos dos adultos, no entanto, essa é uma questão que deve ser investigada empiricamente.
O autor acrescenta que posteriormente o comportamento ecóico pode aparecer mesmo na ausência de um mando explícito. Comportamento ecóico continua a receber reforçamento mesmo quando o ouvinte não está mais “explicitamente” educando o falante. Por exemplo, somos reforçados a ecoar formas emitidas por outros em uma conversa porque essas formas são mais prováveis de serem partes efetivas dos seus repertórios. Em conversação, por exemplo, é provável que uma pessoa repita palavras que outras tenham dito, dentro de um diálogo. As duas partes do diálogo, em geral, terão palavras em comum. Se uma pessoa fala a palavra “incrível”, ao invés de “inacreditável”, a outra pessoa tem uma maior probabilidade de dizer “incrível”. Esta também é uma questão que deve ser investigada.
Reforçamento Ecóico
Segundo Skinner (1957) o comportamento ecóico é comumente observado em combinação com outros tipos de controle, como, por exemplo, quando pode ser útil e reforçado em situações nas quais preenchem ou completam uma sentença ou em situações em que o falante ganha mais tempo. Por exemplo, ao responder a questão: “O que acontecerá com a situação intencional durante as próximas semanas?” O estudante pode começar “Durante as próximas semanas, a situação intencional…”, a emissão do ecóico pode ser especialmente reforçadora se produz um breve espaço para a composição do restante da sentença.
Outras situações nas quais o comportamento ecóico também pode ser reforçado, segundo o autor, são quando ele continua produzir um estímulo e a permitir que o falante reaja a ele de outras maneiras. Em algumas situações a repetição de instruções é especialmente reforçadora. Uma pessoa repetir uma ordem que lhe foi dada para si mesma ou para a pessoa que lhe deu a ordem. Além disso, repetir uma resposta verbal para si mesma pode fazer com que ela emita uma resposta não verbal mais efetiva, como por exemplo, ao repetir um número de telefone até que ele seja discado. Uma resposta também pode ser emitida ecoicamente para esclarecimento, como por exemplo, quando a pessoa repete o que outra falou confirmando se compreendeu direito o que foi dito. Todas essas questões são interessantes para serem investigadas.
Outra distinção importante feita por Skineer (1957) é entre uma resposta ecóica e a reprodução posterior de uma fala. A resposta à questão: “O que fulano falou para você ontem?”, não é comportamento ecóico, pois a relação temporal está ausente.
Segundo Skinner (1957) a similaridade formal entre o estímulo e a resposta no comportamento ecóico, não torna a resposta mais provável ou fornece ajuda em sua execução. O estímulo é um padrão sonoro complexo e a resposta consiste em movimentos articulados de pulmões, cordas vocais, língua, lábios, etc (Catania, 1999). O comportamento ecóico depende ao menos em parte da modelagem das articulações pelas suas consequências vocais. Isso fica claro devido ao longo processo pelo qual operantes ecoicos são adquiridos. Inicialmente o comportamento ecóico nas crianças é muito amplo, os pais reforçam correspondências bastante imperfeitas para manter o comportamento. “Tentar emitir o som correto”, assim como tentar encontrar algum objeto consiste em emitir o máximo de respostas diferentes possíveis até que a correta apareça.
Comportamento Ecóico
De acordo com Skineer (1957) quando algum ecóico foi adquirido, a aquisição de novas unidades é simplificada. O comportamento exploratório é reduzido. Adquirindo um repertório ecóico, o falante aumenta a chance de ecoar corretamente novos estímulos, aprendendo a não responder da mesma maneira. Assim como a pessoa que procura um objeto aprende a não procurar nos lugares que já foram procurados. Respostas ecóicas serão parcialmente emitidas diante de novos estímulos como resultado de experiências anteriores similares. O processo de aprendizagem será mais rápido se o falante puder se aproximar de um determinado som por etapas, alcançando parcialmente um padrão correspondente, que depois é repetido e distorcido através de modulações explicitamente adquiridas.
Skinner (1957) faz uma tentativa de explicar como os ecoicos poderiam ser aprendidos e de que maneira esse repertório poderia se tornar generalizado, permitindo que o indivíduo ecoasse novas palavras. Além disso, sugere que os ecóicos podem ter um papel facilitador na aquisição de outros operantes ao afirmar que ao ecoar respostas verbais de outras pessoas, as circunstâncias nas quais o ecóico foi emitido podem passar a controlar o comportamento de outras maneiras (Skinner, 1957,1992).
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Referências:
CRUVINEL, Adriana Cunha. Análise da aquisição de comportamento verbal em uma criança dos dezoito meses aos dois anos de idade. 2010. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo.
MATOS, Maria Amélia de. As categorias formais de comportamento verbal em Skinner. Anais da XXI Reunião Anual da Sociedade de Psicologia de Ribeirão Preto, v. 1991, p. 333-341, 1991.