Marcos do Desenvolvimento Motor

Marcos do Desenvolvimento Motor estão diretamente ligados ao Sistema Nervoso Central.

É importante acompanhar nos três primeiros anos de vida os Marcos do Desenvolvimento Motor, pois é a fase que abrange o desenvolvimento cerebral e as conexões necessárias para os ganhos motores, cognitivos e socioemocionais.

Marcos do Desenvolvimento

Os Marcos do Desenvolvimento Motor são o resultado da assimilação e incorporação pelo ser humano dos fatores: genéticos, biológicos, psíquicos e sociais com características biológicas e ambientais.

O desenvolvimento humano não acontece de forma isolada. O contato com o meio, com estímulos diversos e com seus pares fazem com que o indivíduo desenvolva suas habilidades plenamente.

Desenvolvimento Infantil

O Desenvolvimento infantil acontece do momento da concepção uterina e continua após o nascimento. Os três primeiros anos de idade é a fase em que o cérebro mais se desenvolve. Em algumas literaturas científicas a primeira infância significam os primeiros 1000 dias da criança.

Nesta fase ocorre o desenvolvimento cerebral formando as conexões necessárias para os ganhos motores, cognitivos e socioemocionais. Tornando de suma importância o conhecimento dos Marcos do Desenvolvimento Motor desejável para cada idade com o propósito de identificar e irromper qualquer forma de atraso.

Desenvolvimento Motor

É na primeira infância que funções reflexas aparecem e desaparecem, de acordo com a evolução do Sistema Nervoso Central (SNC), progredindo para movimentos mais complexos e voluntários.

As etapas do desenvolvimento motor evoluem de forma gradativa e organizada. Neste processo de maturação cerebral, as experiências sensório-motoras da criança contribuem para o desenvolvimento das habilidades motoras através do estabelecimento e formação de novas redes neurais.

Principais Marcos do Desenvolvimento Motor

Principais indicadores do desenvolvimento motor em criança de 0 a 3 anos:

IDADE: 1° mês INDICADOR DE DESENVOLVIMENTO – Postura característica do bebê em supino: membros flexionados (hipertonia fisiológica), cabeça oscilante, comumente mais lateralizada, mãos fechadas. Os membros inferiores mais livres, que alternam movimentos de flexo-extensão, porém com as pernas geralmente fletidas sobre o abdome. O tronco apresenta característica mais hipotônica, com ausência de equilíbrio cervical e de trono. Apresenta movimentos amplos, variados e estereotipados, com forte influência de reflexos primitivos. Abre e fecha os braços em resposta ao estímulo, movimento que pode estar influenciado pelo Reflexo de Moro.

Em prono: o peso do corpo se encontra na cabeça e tronco superior, em função da elevação da pelve decorrente da flexão de membros inferiores. Isto dificulta a ampla mobilidade dos membros superiores. Pode levantar a cabeça momentaneamente, sempre lateralizada, sem alcance da linha média (ajeita a cabeça para poder respirar / primeiro passo no desenvolvimento da extensão anti-gravitacional).

IDADE: 2° mês INDICADOR DE DESENVOLVIMENTO – Em supino: pode apresentar uma postura mais assimétrica, influenciada pela resposta ao Reflexo Tônico Cervical Assimétrico (extensão dos membros superior e inferior do lado para o qual a face está volta, e flexão dos membros contralaterais). Acompanha visualmente os objetos ou a face humana, com movimentos de cabeça geralmente até a linha média. Prono: eleva mais a cabeça, aproximadamente 45°, mas não a mantém erguida. Os membros inferiores estarão um pouco mais estendidos, porém ainda em flexão. Colocado na posição sentada, mantém a cabeça elevada intermitentemente.

IDADE: 3° mês INDICADOR DE DESENVOLVIMENTO – No final do 3° mês, espera-se aquisição do equilíbrio cervical. Supino: melhor controle cervical, consegue manter a cabeça na linha média. Acompanha objetos visualmente com movimentos de rotação da cabeça para ambos os lados, a mais de 180º. Os movimentos dos olhos e cabeça já são, muitas vezes, simultâneos e coordenados. Prono: é capaz de fazer a descarga de peso em antebraços, com melhora da estabilidade escapular, elevando a parte superior do tronco e a cabeça (em 90°), na linha média. Puxado para sentar: leve atraso de cabeça. Colocado na posição sentada: mantém a cabeça erguida, podendo ainda ocorrer oscilações.

IDADE: 4° mês INDICADOR DE DESENVOLVIMENTO – Alterna facilmente os movimentos dos membros entre a extensão e a flexão. Postura mais simétrica; une as mãos na linha média, mantendo também a cabeça mais centralizada. Os olhos são mais ativos e a atenção visual contribui para o aumento da estabilidade da cabeça e garante a sua correta orientação no espaço. Supino: consegue alcançar os joelhos e rolar para decúbito lateral, com maior percepção corporal. Ouvindo ruídos, o bebê para de mover-se e vira para a fonte sonora. Prono: é capaz de manter o apoio das mãos com o cotovelo estendido, e de se estender contra a gravidade deixando apenas o abdome no apoio. Tendência a cair para os lados, rolando acidentalmente para supino. Inicia reação de Landau. Gosta de ser colocado na posição sentada, mantendo a cabeça ereta, mas instável quando o tronco oscila; tronco permanece menos tempo fletido.

IDADE: 5° mês INDICADOR DE DESENVOLVIMENTO – Supino: é capaz de levar os pés à boca, eleva o quadril e pode arrastar em supino empurrando o corpo para trás (interesse no alcance do objeto), inicia o rolar para prono ainda sem muita rotação do tronco. Prono: desloca lateralmente o peso sobre antebraços para o alcance dos brinquedos, rola para supino, tenta “nadar” no chão, é capaz de pivotear (giro sob o próprio eixo) e de manter membros superiores estendidos. Puxado para sentar: eleva a cabeça do apoio. Colocado na posição sentada: a cabeça não oscila; começa a sentar com apoio, mantendo o tronco ereto.

IDADE: 6° mês INDICADOR DE DESENVOLVIMENTO – Ao final do 6° mês, a criança já tem domínio sobre os movimentos rotacionais, denotando controle sobre as transferências de decúbito como o rolar. Supino: rola para prono, levanta a cabeça espontaneamente. Prono: suporta peso nas mãos, liberando o apoio de uma delas para o alcance de objetos; apresenta reação de equilíbrio nesta posição, começando em supino; inicia o arrastar. Puxado para sentar: auxilia no movimento, elevando a cabeça do apoio e tracionando membros superiores. Colocado na posição sentada: é capaz de manter-se nessa postura com apoio, por longo tempo, ainda com cifose lombar. Apoia as mãos à frente do corpo pela reação de proteção para frente. Como ainda não tem total controle do seu deslocamento de peso nesta postura e não apresenta ainda as reações laterais e posteriores de apoio, pode cair para os lados e para trás.

IDADE: 7° mês INDICADOR DE DESENVOLVIMENTO – Nesse período, o desenvolvimento adequado da musculatura de tronco e da pelve permite uma ótima estabilidade na postura sentada e, com isso, a retificação do tronco fica mais evidente. Supino: reações de equilíbrio presentes (iniciando na posição sentada); eleva a cabeça como se fosse sentar. Prono: mantém cabeça elevada, com apoio no abdômen e nas mãos, pode girar ou arrastar-se. Brinca em decúbito lateral. Aquisição do equilíbrio de tronco / senta sem apoio.

IDADE: 8° mês INDICADOR DE DESENVOLVIMENTO – Com o domínio das rotações, o bebê experimenta várias posturas diferentes como o sentar em anel, o sentar de lado (sidesitting), o sentar com as pernas estendidas (longsitting), sentar entre os calcanhares (sentar em “w”), e todas essas possibilidades permitem a transferência para a postura de gatas e ajoelhado e vice-versa. Supino: geralmente rola ou puxa-se para sentar. Prono: assume a posição quadrúpede (ou de gatas), transfere de prono para sentado e vice-versa. Sentado: bom equilíbrio de tronco, inclina-se para frente, apresenta reação protetora para os lados.

IDADE: 9° mês INDICADOR DE DESENVOLVIMENTO – Uma vez na postura de gatas, a criança experimenta as transferências de peso, balançando para frente, para trás e para os lados; com isso, vai desenvolvendo o equilíbrio e a força muscular para iniciar o engatinhar. Inicialmente desenvolve o engatinhar com o tronco em bloco e depois de maneira dissociada, ou seja, com movimentos laterais do tronco. Apresenta reação de equilíbrio na posição sentada (inicia quadrúpede), com melhor controle de tronco (realiza movimentos de rotação). Engatinha e realiza transferências de sentado para a posição de gatas e vice-versa. Começa a assumir a posição de joelhos e fica de pé com apoio.

IDADE: 10° mês INDICADOR DE DESENVOLVIMENTO – Ao final do 10° mês, a criança consegue se transferir de sentado para gatas, para joelhos, semi-ajoelhado e tracionar-se para de pé. Engatinha ou desloca-se através da posição “tipo urso”, com apoio nas mãos e pés, mantendo joelhos estendidos. Sentado, apresenta extensão protetora para trás, roda em círculos. Inicia marcha lateral com apoio nos móveis e é capaz de caminhar quando segurado pelas mãos.

IDADE: 11° mês INDICADOR DE DESENVOLVIMENTO – Essa fase é marcada pelo desenvolvimento da postura ortostática; a criança realiza marcha lateral e já é capaz de liberar o apoio de uma das mãos. Posteriormente, realiza marcha para frente, empurrando um apoio móvel (como cadeira ou banquinho). O caminhar para frente, ao redor dos móveis, enquanto se apoia com uma mão, é um precursor natural da marcha para frente com auxilio da mão de um adulto.

IDADE: 12° mês INDICADOR DE DESENVOLVIMENTO – Capaz de elevar-se estendendo ativamente membros inferiores; transfere da posição ortostática para sentado dissociando movimentos de membros inferiores; inicia ficar de pé sem apoio; primeiros passos independentes. Na fase inicial da marcha independente, a criança assume uma base alargada de apoio nos pés, abdução dos braços e fixação do tronco superior. Apresenta passos curtos e acelerados, com cadência aumentada em função do déficit de equilíbrio. A literatura aponta que a ocorrência de marcha sem apoio antes dos 12 meses ou até os 18 meses pode ser considerada dentro da faixa de normalidade, no caso de uma criança nascida a termo e sem sinais de comprometimento neurológico.

IDADE: 12 a 18 meses INDICADOR DE DESENVOLVIMENTO – Ganho gradativo de equilíbrio, reduz base de suporte durante a marcha. Após o 15º mês, a criança mantém o ritmo de aquisições motoras, porém com foco no refino das habilidades motoras grossas e habilidades manipulativas. Sobe e desce escadas engatinhando ou apoiada pelas mãos. Ajoelha-se só.

IDADE: 18 a 24 meses INDICADOR DE DESENVOLVIMENTO – Melhora do equilíbrio e desempenho de marcha: realiza choque de calcanhar no inicio do apoio, diminui cadência e aumenta a velocidade. Fica sentada sozinho numa cadeira. Sobe e desce escadas segurando-se no corrimão. Começa a saltar sobre os dois pés.

IDADE: 24 a 30 meses INDICADOR DE DESENVOLVIMENTO – Corre e bate numa bola sem perder o equilíbrio; tenta se equilibrar num só pé.

IDADE: 24 a 30 meses INDICADOR DE DESENVOLVIMENTO – Sobe escadas alternando movimento de membros inferiores (coloca um pé de cada vez no degrau, apenas para subir). Consegue manter-se em pé sobre uma única perna. Salta no mesmo local com ambos os pés. Anda de triciclo.

Para ajudar os profissionais na área de saúde e educação, a Neuropsicopedagoga Clínica e Mestre em Educação Renata Bringel, ministra um curso onde apresenta todos os Marcos do Desenvolvimento Motor e Testes de Rastreio para Autismo (TEA) e Atrasos no Desenvolvimento Infantil. Os cursos online realizados pela Professora Renata estão disponibilizados no site www.renatabringel.com.br  

Referência:

DA SILVA VELHO, MARIANA ABREU; CARDOSO, FABRÍCIO BRUNO; chave, palavras. marcos do desenvolvimento motor de crianças de 0 a 3 anos numa visão neuropsicopedagógica: conhecendo o típico para identificar o atípico, 2020.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Diretrizes de estimulação precoce : crianças de zero a 3 anos com atraso no desenvolvimento neuropsicomotor / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde. – Brasília: Ministério da Saúde, 2016.

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