As consultas de puericultura devem avaliar a evolução dos Marcos do Desenvolvimento infantil, incluindo os Marcos de Desenvolvimento Auditivo.
Desenvolvimento
Desenvolvimento é um processo de transformação contínua, progressiva, complexa e ordenada, definido por padrões de comportamentos e aprendizagens que acompanham as diversas modificações do ser humano ao longo da sua vida.
Segundo a OPAS (Organização Pan-Americana da Saúde) o desenvolvimento infantil pode ser definido como um processo multidimensional e integral, que se inicia com a concepção e que engloba o crescimento físico, a maturação neurológica, o desenvolvimento comportamental, sensorial, cognitivo e de linguagem, assim como as relações socioafetivas. Tem como efeito tornar a criança capaz de responder às suas necessidades e as do seu meio, considerando seu contexto de vida.
Atenção aos Marcos do desenvolvimento
O acompanhamento do desenvolvimento infantil desde os primeiros meses de vida é fundamental para a identificação de atrasos no desenvolvimento neuropsicomotor. Qualquer programa de estimulação do desenvolvimento da criança deve ter seu início no período que engloba desde a concepção até os três anos de idade. Esta é a fase em que o cérebro se desenvolve mais rapidamente, constituindo uma janela de oportunidades para o estabelecimento das fundações que repercutirão em uma boa saúde e produtividade no futuro (UNICEF, 2015).
Avaliação precoce com base nos Marcos do Desenvolvimento
A avaliação precoce deve ser feita através de um acompanhamento e intervenção clínico-terapêutica multiprofissional em recém-nascidos, buscando o melhor desenvolvimento possível, com o intuito de diminuir sequelas do desenvolvimento neuropsicomotor.
A criança deve passar por cada estágio do desenvolvimento com regularidade, ou seja, as etapas de desenvolvimento cognitivo são sequenciais.
Marcos do Desenvolvimento Auditivo
A audição é a função sensorial que permite a normal aquisição e desenvolvimento da linguagem oral e a produção da fala. Durante as primeiras consultas do bebê deve-se avaliar a evolução dos marcos do desenvolvimento infantil, incluindo os marcos do desenvolvimento auditivo, através do Teste da Orelhinha.
O Teste da Orelhinha ou Triagem Auditiva Neonatal (TAN) é um exame importante para detectar se o recém-nascido tem problemas de audição. O teste da orelhinha é rápido, indolor e não tem contraindicação. A Lei Federal nº 12.303/2010 tornou obrigatória e gratuita a realização do exame em todo território nacional.
Os Marcos do Desenvolvimento Auditivo propõe que a criança passe pelas seguintes etapas auditivas:
- Detecção auditiva – perceber a presença e a ausência de som.
- Discriminação auditiva – perceber a diferença entre dois ou mais sons, de acordo com intensidade e frequência.
- Reconhecimento auditivo – identificar o som, classificando e nomeando o que ouviu, repetindo ou apontando o estímulo.
- Compreensão auditiva – entender os estímulos sonoros sem repeti-lo. Responder perguntas, seguir instruções e recontar histórias.
A audição é uma das funções sensoriais, que tem o seu auge de desenvolvimento na primeira infância, ou seja, de 0 a 3 anos de idade. A perda auditiva pode ser ocasionada por vários fatores de risco.
Marcos do Desenvolvimento Auditivo e os Indicadores de Risco
Indicadores de Risco para Deficiência Auditiva (IRDA) para o recém-nascido ou lactente.
- Infecções congênitas (Toxoplasmose, Rubéola, Citomegalovírus, Herpes, Sífilis, HIV, Zika).
- Anomalias craniofaciais envolvendo orelha e osso temporal.
- Síndromes genéticas que usualmente expressam deficiência auditiva (como Waardenburg, Alport, Pendred, entre outras).
- Distúrbios neurodegenerativos (ataxia de Friedreich, síndrome de Charcot-Marie-Tooth).
- Infecções bacterianas ou virais pós-natais, tais como citomegalovírus, herpes, sarampo, varicela e meningite.
- Traumatismo craniano.
- Realização de quimioterapia.
- Permanência na UTI por mais de cinco dias, ou ocorrência de qualquer uma das seguintes condições, independentemente do tempo de permanência na UTI:
Ventilação extracorpórea; ventilação assistida; exposição a drogas ototóxicas, como antibióticos aminoglicosídeos e/ ou diuréticos de alça; hiperbilirrubinemia; anóxia perinatal grave; Apgar Neonatal de zero a 4 no primeiro minuto, ou zero a 6 no quinto minuto; peso ao nascer inferior a 1.500 gramas.
- Antecedente familiar de surdez permanente, com início desde a infância, sendo assim considerado como risco de hereditariedade. Os casos de consanguinidade devem ser incluídos neste item.
A importância em detectar os Marcos do desenvolvimento Auditivo
As perdas auditivas, independente do tipo (condutiva ou sensorioneural) e grau (leve a profunda) podem levar a prejuízos no processo de aquisição e desenvolvimento da linguagem oral, podendo se manifestar após o nascimento de forma tardia. Por esta razão, é importante que as crianças que não apresentaram alterações nos exames ao nascimento sejam monitoradas ao longo dos primeiros anos de vida. Destaca-se ainda a importância do envolvimento dos pais, profissionais da saúde e da educação para o sucesso do acompanhamento/monitoramento, bem como do processo de reabilitação auditiva.
Para ajudar os profissionais na área de saúde e educação, a Neuropsicopedagoga Clínica e Mestre em Educação Renata Bringel, ministra um curso onde apresenta Testes de Rastreio para Autismo (TEA) e Atrasos no Desenvolvimento Infantil. Os cursos online realizados pela Professora Renata estão disponibilizados no site www.renatabringel.com.br
Referências:
AZEVEDO, Suelen Brito de. Prática dos enfermeiros na atenção à saúde auditiva infantil. 2014. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Pernambuco.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Diretrizes de estimulação precoce : crianças de zero a 3 anos com atraso no desenvolvimento neuropsicomotor / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde. – Brasília: Ministério da Saúde, 2016.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde da criança : crescimento e desenvolvimento / Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. – Brasília : Ministério da Saúde, 2012.