TDAH
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade/Impulsividade (TDAH) é um transtorno neurocomportamental, multifatorial, cuja característica principal é um padrão persistente de desatenção e ou hiperatividade/impulsividade, que frequentemente resulta em prejuízos emocionais, sociais e, sobretudo, funcionais (SILVA, 2009 cita COSTA, MOREIRA, SEABRA JR 2015).
A tríade sintomática, na maior parte dos casos, é percebida após o ingresso do sujeito no ambiente escolar, uma vez que, nesse período, comportamentos característicos do transtorno ficam em evidência e resultam em dificuldades de aprendizagem (ROHDE; HALPERN, 2004a cita COSTA, MOREIRA, SEABRA JR 2015).
O diagnóstico do TDAH é fundamentalmente clínico, baseado em critérios provenientes de sistemas classificatórios estabelecidos pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, em sua quarta edição (DSM-V, 2011) e pela Classificação Internacional de Doenças CID-10 (OMS,1993).
O DSM-V subdivide o TDAH em três tipos, quais sejam: a) TDAH com predomínio de sintomas de desatenção; b) TDAH com predomínio de sintomas de hiperatividade/ impulsividade; e, c) TDAH combinado (DSM-V, 2011). O manual propõe a necessidade de pelo menos seis sintomas de desatenção e/ou seis sintomas de hiperatividade/impulsividade para o diagnóstico de TDAH. A equipe multidisciplinar6 deve levar em consideração, além dos critérios, outros aspectos como a história, observação do comportamento, relato de pais e professores sobre o desempenho da criança nos diversos ambientes que frequenta, em um período mínimo de seis meses. Este deve corresponder a um grau desadaptativo e ser inconsistente com o nível de desenvolvimento esperado para a idade do sujeito (ROHDE; HALPERN, 2004b cita COSTA, MOREIRA, SEABRA JR 2015).
A prevalência de diagnósticos pautados nos critérios plenos do DSM-V em crianças em idade escolar é de 3 a 6% segundo Rohde et al. (1999) e Faraone et al. (2003) cita COSTA, MOREIRA, SEABRA JR 2015. Dentre as características persistentes inerentes ao transtorno, as crianças ainda podem apresentar outras dificuldades associadas, como: dificuldades na comunicação falada e escrita, em memorizar, planejar, organizar e executar tarefas, dificuldades com relação às habilidades motoras como, coordenação motora global e fina, equilíbrio, lateralidade, organização espacial e temporal, uma vez que, a habilidade motora de crianças com TDAH tende a ser expressivamente inferior ao que espera em cerca de 30% a 50% dos casos avaliados (PEREIRA; ARAUJO; MATTOS, 2005 cita COSTA, MOREIRA, SEABRA JR 2015).
Esses dados corroboram com os encontrados no estudo realizado por Suzuki, Gugelmim e Soares (2005) cita COSTA, MOREIRA, SEABRA JR 2015, no qual os autores identificaram que crianças com TDAH possuem alterações consideráveis com relação ao equilíbrio estático e que tais alterações influenciam negativamente no desenvolvimento motor, cognitivo e afetivo dos alunos (COSTA, MOREIRA, SEABRA JR 2015).
Crianças TDAH nas escolas
A criança hiperativa mostra um grau de atividade maior que outras crianças da mesma faixa etária. Ou seja, há um grau usual de atividade motora que é padrão em crianças – que não é hiperatividade patológica. A diferença é que a criança hiperativa mostra um excesso de comportamentos, em relação às outras crianças, mostrando também dificuldade em manter a atenção concentrada, impulsividade e ansiedade, inquietação, euforia e distração frequentes podem significar mais do que uma fase na vida de uma criança: os exageros de conduta diferenciam quem vive um momento atípico daqueles que sofrem de Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), doença precoce e crónica que provoca falhas nas funções do cérebro responsáveis pela atenção e memória ( CUNHA 2012).
Dicas em como lidar com crianças TDAH na escola
– Evite colocar alunos nos cantos da sala, onde a reverberação do som é maior. Eles devem ficar nas primeiras carteiras das fileiras do centro da classe, e de costas para ela;
– Faça com que a rotina na classe seja clara e previsível, crianças com TDAH têm dificuldade de se ajustar a mudanças de rotina;
– Afaste-as de portas e janelas para evitar que se distraiam com outros estímulos;
– Deixe-as perto de fontes de luz para que possam enxergar bem;
– Não fale de costas, mantenha sempre o contato visual;
– Intercale atividades de alto e baixo interesse durante o dia, em vez de concentrar o mesmo tipo de tarefa em um só período;
– Repita ordens e instruções; faça frases curtas e peça ao aluno para repeti-las, certificando-se de que ele entendeu;
– Procure dar supervisão adicional aproveitando intervalo entre aulas ou durante tarefas longas e reuniões;
– Permita movimento na sala de aula. Peça à criança para buscar materiais, apagar o quadro, recolher trabalhos. Assim ela pode sair da sala quando estiver mais agitada e recuperar o auto – controle;
– Esteja sempre em contato com os pais: anote no caderno do aluno as tarefas escolares, mande bilhetes diários ou semanais e peça aos responsáveis que leiam as anotações;
– O aluno deve ter reforços positivos quando for bem sucedido. Isso ajuda a elevar sua autoestima. Procure elogiar ou incentivar o que aquele aluno tem de bom e valioso;
– Crianças hiperativas produzem melhor em salas de aula pequenas. Um professor para cada oito alunos é indicado; – Coloque a criança perto de colegas que não o provoquem, perto da mesa do professor na parte de fora do grupo;
– Proporcione um ambiente acolhedor, demonstrando calor e contato físico de maneira equilibrada e, se possível, fazer os colegas também terem a mesma atitude;
– Nunca provoque constrangimento ou menospreze o aluno;
– Proporcione trabalho de aprendizagem em grupos pequenos e favoreça oportunidades sociais. Grande parte das crianças com TDAH consegue melhores resultados académicos, comportamentais e sociais quando no meio de grupos pequenos;
– Adapte suas expetativas quanto à criança, levando em consideração as deficiências e inabilidades decorrentes do TDAH. Por exemplo: se o aluno tem um tempo de atenção muito curto, não espere que se concentre em apenas uma tarefa durante todo o período da aula;
– Proporcione exercícios de consciência e refinamento dos hábitos sociais da comunidade. Avaliação frequente sobre o impacto do comportamento da criança sobre ela mesma e sobre os outros ajuda bastante.
– Coloque limites claros e objetivos; tenha uma atitude disciplinar equilibrada e proporcione avaliação frequente, com sugestões concretas e que ajudem a desenvolver um comportamento adequado; – Desenvolva um repertório de atividades físicas para a turma toda, como exercícios de alongamento ou isométricos;
– Repare se a criança se isola durante situações recreativas barulhentas. Isso pode ser um sinal de dificuldades: de coordenação ou audição, que exigem uma intervenção adicional. – Desenvolva métodos variados utilizando apelos sensoriais diferentes (som, visão, tatu) para ser bem sucedido ao ensinar uma criança com TDAH. No entanto, quando as novas experiências envolvem uma miríade de sensações (sons múltiplos, movimentos, emoções ou cores), esse aluno provavelmente precisará de tempo extra para completar sua tarefa.
– Não seja mártir! Reconheça os limites da sua tolerância e modifique o programa da criança com TDAH até o ponto de se sentir confortável. O fato de fazer mais do que realmente quer fazer, traz ressentimento e frustração.
– Permaneça em comunicação constante com o psicólogo ou orientador da escola. Ele é a melhor ligação entre a escola, os pais e o médico (CUNHA 2012).
Para ajudar os profissionais na área de saúde e educação, a Neuropsicopedagoga Clínica e estre em Educação Renata Bringel, ministra o curso Online Testes de Rastreio para Autismo (TEA) e Atrasos no Desenvolvimento Infantil, TDAH Avaliação e Intervenção, Terapia ABA na prática entre outros. Os cursos online realizados pela Professora Renata estão disponibilizados no site renatabringel.com.
Referências:
COSTA, Camila Rodrigues; MOREIRA, Jaqueline Costa Castilho; SEABRA JÚNIOR, Manoel Osmar. Estratégias de ensino e recursos pedagógicos para o ensino de alunos com TDAH em aulas de educação física. Revista Brasileira de Educação Especial, v. 21, p. 111-126, 2015.
CUNHA, Ana Cristina Teixeira. Importância das atividades lúdicas na criança com Hiperatividade e Déficit de Atenção segundo a perspectiva dos professores. 2012. Tese de Doutorado.