Plano de aula
Criando um mapa de um trajeto conhecido – Sugestão de Idade – Educação Infantil – Crianças pequenas (4 anos a 6 anos e 2 meses).
Campos de Experiência: Espaços, Tempos, Quantidades, Relações e Transformações. Escuta, Fala, Pensamento e Imaginação. O Eu, o Outro e o Nós.
Objetivos e códigos da Base
(EI03ET04) Registrar observações, manipulações e medidas, usando múltiplas linguagens (desenho, registro por números ou escrita espontânea), em diferentes suportes.
(EI03EF09) Levantar hipóteses em relação à linguagem escrita, realizando registros de palavras e textos, por meio de escrita espontânea.
(EI03EO02) Agir de maneira independente, com confiança em suas capacidades, reconhecendo suas conquistas e limitações.
O que fazer antes?
Contextos prévios:
O dia a dia é cheio de transformações e desperta o interesse das crianças por explorar, investigar e conhecer mais sobre o mundo que as cerca. Neste sentido, refletir mais profundamente sobre um trajeto que lhes é costumeiro pode ser uma oportunidade rica em possibilidades de exploração. A linguagem cartográfica é pouco desenvolvida na escola, em especial na Educação Infantil, mas é algo que desperta muita curiosidade e envolvimento. Nessa proposta, a escolha de trajeto para ser investigado é da sala ao parque, pensando em algo que instigue as crianças, mas você pode adaptar a proposta para outro trajeto, se desejar.
Materiais:
Papel, lápis-de-cor, lápis grafite, borracha e canetinhas hidrocor para os registros. É interessante disponibilizar sulfite A3, devido ao seu tamanho maior e para já ambientar as crianças no contexto da cartografia. Mas, caso isso não seja possível, você pode utilizar o papel A4 ou craft cortado em tamanho similar ao A3. Exemplos de mapas para crianças, para serem socializados com a turma de forma a possibilitar um contato com este material. Você pode pesquisar na internet outras opções e providenciar a impressão. Caso você tenha mapas de locais que visitou, como parques, museus e etc, também pode levar para mostrar. Celular ou câmera para fotos e vídeos.
Espaços:
Essa atividade irá ocorrer em mais de um espaço. Se iniciará na sala com a apresentação da proposta. Em seguida, vocês percorrerão o trajeto da sala até o parque. Por fim, finalizarão com uma roda de conversa em algum local agradável do parque.
Tempo sugerido:
Aproximadamente uma hora.
Perguntas para guiar suas observações:
1. Como as crianças interagem nos grupos e apresentam as hipóteses? De que maneira ocorre a discussão e decisões do grupo dentre as diferentes sugestões de trajetos e de formas de registro?
2. Como utilizam a língua escrita em seus registros do trajeto (elementos do local, sinalizações, legendas)? Como articulam as diferentes hipóteses de escrita do pequeno grupo durante o registro do mapa?
3.Quais comparações estabelecem entre o que registraram e o que observam durante a realização do trajeto? Quais novos elementos foram acrescentados em seus registros?
O que fazer durante?
1 – Reúna as crianças no grande grupo e diga que sempre temos crianças novas chegando na escola. Uma das dificuldades destes novos colegas pode ser de se situar no novo ambiente, e conhecer a localização e melhor forma de locomoção. Diga: “e se, para isso, tivéssemos um mapa?”. Instigue-as a expor hipóteses e experiências prévias com esse recurso. Pergunte se já viram alguém da família utilizando este meio em alguma situação ou se já visitaram algum lugar que dispõe de um mapa fixado, de forma a ajudar os visitantes a se localizarem. Apresente os mapas que você trouxe de exemplo para que, aqueles que não tiveram outra oportunidade, tenham contato com o material. Ao circulá-lo entre as crianças, para que todas possam ter a chance de observar, instigue-as comentarem sobre eles. Por exemplo: o que será que este mapa está mostrando? O que vocês observam no caminho? De onde podemos sair e para onde podemos ir usando este mapa?
2 – Apresente a ideia de elaborar um mapa da sala até o parque e, para isso, sugira que relembrem juntos este trajeto, de modo que as crianças narrem os locais e pontos de referência pelos quais passam para chegar até lá. Caso exista mais de um caminho possível, vocês podem relembrar de todos, mas oriente-os que devem decidir por, no máximo, dois trajetos para focar em seus registros. Caso necessário, vocês podem se utilizar de estratégias como votação ou sorteio para optar por quais caminhos serão registrados nos mapas das crianças.
3 – Peça que se reúnam em trios ou duplas, buscando proporcionar uma reflexão coletiva no decorrer da atividade. Não se oponha caso alguma criança queira realizá-la individualmente. Caso alguma criança não queira participar desta proposta, ofereça a ela os materiais disponíveis para criar alguma composição que a agrade e diga que, depois, ela poderá acompanhar o mapa com algum colega. Assim que se reunirem da forma que preferirem, ofereça as folhas de papel e materiais riscantes diversos (como lápis de cor, lápis grafite e canetinha) para que possam utilizar no registro dos trajetos. Diga que, juntos, irão elaborar o mapa do trajeto que fazem da sala ao parque, e que, para isso, precisam conversar com o colega para decidirem o que vão representar no papel. Adiante que, em um segundo momento, vocês irão percorrer os trajetos para conferir se as informações do mapa os fazem chegar até o parque, se apresentam os elementos e locais que tem pelo caminho ou se será necessário fazer acréscimos e correções. Informe que terão 15 minutos para esta primeira etapa do registro e auxilie-as na contagem do tempo, para que possam se programar.
4 – Observe com atenção como se dão os diálogos e os registros das crianças neste momento. Tenha o cuidado de não se antecipar, mas esteja disponível caso alguém solicite sua presença. Observe como estão registrando, se há algum desacordo em relação ao trajeto, como resolvem isso etc. É importante perceber qual a necessidade de cada trio ou dupla neste momento. Pode ser que solicitem seu auxílio para escrever alguma palavra ou um pequeno texto no mapa. Nestes momentos, incentive que façam tentativas de registrar essas palavras a partir de outras que elas já conhecem. Possibilite que, em duplas ou trios, construam novas hipóteses de escrita a partir da escrita espontânea e da argumentação de suas ideias. Caso as crianças peçam que você as ajude a construir o trajeto, tenha o cuidado de não fornecer as respostas, mas de fazer perguntas que as ajudem a refletir sobre este caminho.
É provável (e até esperado) que as crianças comecem desenhando seus mapas ocupando uma parte grande da folha, ficando pouco espaço para concluir o desenho de todo o trajeto. Neste caso, você pode questionar o que aconteceu, tentar identificar com elas possíveis estratégias para resolver esta questão e oferecer outro papel.
Possíveis falas do professor neste momento: Quando saímos da sala para ir ao parque, onde passamos primeiro? Que outros locais e outras coisas encontramos neste caminho? Como podemos representar isso no mapa que estão fazendo?
5 – Ao verificar que os grupos já estão finalizando seus mapas, ou assim que faltarem 5 minutos para o término, avise que precisam ir concluindo para que tenham a oportunidade de investigar os trajetos presencialmente, verificando se os mapas que construíram irão levá-los direitinho ao parque. Pode ser que os mapas não representem realmente o caminho. Tenha isso em mente de forma a ajustar as expectativas: o objetivo essencial desta experiência é que as crianças conheçam a função social desta ferramenta. Terminado o tempo proposto, diga que agora irão para o parque, percorrendo o trajeto registrado e observando com atenção se os elementos que encontram pelo caminho estão presentes nos mapas ou se serão necessários acréscimos e correções. Sugira que levem algum apoio, caso tenham necessidade de alterar algo, como uma prancheta, caderno ou livro, e que escolham os materiais que queiram levar neste momento, como lápis grafite, borracha ou canetinhas hidrocor. Caso exista mais de um trajeto a ser percorrido, combine com as crianças em qual vocês irão primeiro e o tempo que terão disponível para se dedicar à observação. Neste momento, vocês podem estabelecer combinados de como agir, caso precisem fazer pausas durante o trajeto, de forma que ninguém fique para trás.
6 – Convide a turma para utilizar os mapas com a finalidade de descobrir se conseguem chegar ao parque a partir deles. Sugira que se mantenham próximos, nos trios e duplas, para que possam acompanhar, rever e completar os registros. Diga para que se desloquem todos em um grande grupo, para que você possa acompanhá-los. Caso alguma criança não queira participar desta etapa, convide-a para envolver-se de outra forma, como registrando o deslocamento do grupo por meio de fotos e vídeos. Enquanto vocês transitam pelo espaço, oriente que as crianças tenham atenção aos mapas para compararem se as informações que foram registradas estão de acordo com o que estão vivenciando: o percurso a ser percorrido, pontos de referência de um ou outro lado etc. Fique atento às observações e manifestações das crianças em relação ao registro que fizeram no mapa dos elementos que compõem o trajeto e podem não ter sido notados a princípio, como o refeitório, painéis informativos, plantas etc.
Possíveis ações das crianças neste momento: Você observa que um grupo de crianças se orienta pelo caminho que já estão acostumadas e se esquecem de utilizar o mapa que foi elaborado pelo grupo. Relembre-as da proposta, convidando a conferirem no mapa se o caminho que estão fazendo está de acordo com o que foi registrado.
7 – Tenha atenção à possível necessidade dos grupos de parar para acrescentar algo no mapa e informe aos outros grupos quando isto acontecer. Lembre dos combinados que foram feitos, tome cuidado para que ninguém seja deixado para trás e que todos possam cuidar de seus registros com a atenção necessária.
Caso seja necessário (devido ao pouco espaço que pode ter no caminho que irão percorrer e isso dificulte que eles possam abrir seus mapas e completar seus registros), as crianças podem escrever ou desenhar em um pequeno papel o que falta e no parque, antes da roda, deixe um tempo para que elas completem seus mapas.
Caso exista um outro trajeto a ser percorrido, repita o processo com as crianças. Convide aquelas que registraram o primeiro caminho a auxiliarem os próximos amigos na observação dos elementos deste novo caminho para a construção de seus mapas.
Possíveis falas das crianças neste momento: Uma criança manifesta que nunca havia reparado que passava em frente da copa dos funcionários quando ia ao parque e que precisou acrescentar isso em seu mapa.
8 – Assim que chegarem ao parque, peça a ajuda das crianças para que encontrem um local agradável no qual todas possam se reunir no grande grupo e compartilhar o que acharam da experiência de construir o mapa para ensinar um trajeto à um colega novo.
Instigue as crianças a se manifestarem sobre o que acharam da investigação: como foi, se conseguiram elaborar mapas que as trouxessem ao parque, as descobertas que fizeram durante essa vivência, se algo ficou faltando e acrescentaram depois, se precisaram corrigir alguma parte do registro etc. Pergunte também o que acharam da proposta, se foi difícil, o que mais gostaram e se têm interesse em fazer novos mapas em outras oportunidades. Acolha e valorize as manifestações das crianças neste momento, mas respeite aquelas que não quiserem se colocar.
Para finalizar:
Após a conversa, indique um local para as crianças guardarem com segurança os registros (como uma caixa) e quaisquer materiais que possam ter utilizado. Convide-as para brincar no parque.
Para ajudar os profissionais na área de saúde e educação, a Neuropsicopedagoga Clínica e estre em Educação Renata Bringel, ministra o curso Online Testes de Rastreio para Autismo (TEA) e Atrasos no Desenvolvimento Infantil entre outros. Os cursos online realizados pela Professora Renata estão disponibilizados no site renatabringel.com.br
Referência:
Autor: Sandra Bonotto
Mentora: Wildes Gomes de Campos
Especialista do subgrupo etário: Karina Rizek