Análise do Comportamento Aplicada – ABA
Entre as propostas de intervenção psicológica para o Transtorno do Espectro Autista uma delas é conhecida como “método ABA”, do inglês, Applied Behavior Analysis ou Análise do Comportamento Aplicada. As intervenções ABA enfocam, usualmente, habilidades da vida diária (Atividades da Vida Diária – AVDs), como escovar os dentes, tomar banhos, trocar de roupas etc; habilidades motoras finas e amplas que envolvem estimulação sensorial (tato, olfato, paladar, equilíbrio, sons e figuras); habilidades cognitivas, como fala fluente, leitura, escrita, matemática etc; habilidades sociais, como participar de brincadeiras, esperar pela vez. Os programas podem ter como objetivos, também, o aumento da variabilidade comportamental e a diminuição de comportamentos agressivos.
A inclusão de pessoas diagnosticadas Autistas no ensino regular é um dos principais objetivos do tratamento intensivo, principalmente em intervenções com crianças (DE SOUZA 2018).
Ensino por aproximações Sucessivas
Ao ensinar uma criança a ler, por exemplo, é necessário elaborar um programa de reforços educacionais, em que as respostas adequadas, em suas unidades, sejam reforçadas com frequência, a fim de se chegar ao objetivo comportamental. Até porque não se aprende a ler um texto de um momento para o outro; pode-se aprender as letras, as sílabas, as palavras, as frases etc, e, em cada etapa a criança vai sendo reforçada (com elogios atenção, notas) até chegar à resposta desejada de ler o texto.
O psicólogo e professor Burrhus Frederic Skinner (1904-1990) chamou esse processo de modelagem, ou seja, um processo de reforçamento por aproximação sucessiva de uma resposta (esperada), em que o operante é o resultado de um contínuo processo de modelagem. “O condicionamento operante modela o comportamento como o escultor modela a argila”.
Skinner defende que a aprendizagem por aproximações sucessivas é uma maneira eficiente de ensinar comportamentos operantes. Nesse procedimento, a instalação de novos comportamentos, via de regra, se dá pela seleção de respostas parecidas com a resposta esperada. Em uma dada situação, o organismo tende a emitir diferentes respostas e a pessoa que quer instalar o comportamento apropriado deve reforçar as respostas mais próximas da resposta final até que ela seja obtida e reforçada para a consolidação. Uma mãe, por exemplo, pode aceitar que seu filho, inicialmente, fale “aa” para “água” e lhe dar a água como reforçador. Aos poucos vai exigindo que para receber a água, a criança melhore a pronúncia reforçando respostas como “aua” e “aga”. Até que finalmente a criança diga “água” e receba o que pede.
ABA e a inclusão Social
Em relação ao TEA, de modo geral, o tratamento para essas pessoas é intenso e abrangente, havendo necessidade da participação da família/cuidadores da criança/pessoa e uma equipe multiprofissional. Portanto, a partir de uma avaliação realizada por essa equipe, elabora-se um plano terapêutico, que deve respeitar a necessidade e individualidade do paciente e a família poderá, ainda, combinar mais de um método de tratamento consoante o caso em questão. Outrossim, se a criança estiver no contexto escolar, é essencial criar as condições necessárias para que a mesma obtenha as mesmas condições de aprendizagem que os demais estudantes, sendo que a aplicação dos princípios ABA poderão ser estendidos também a este ambiente (CARVALHO FILHA, 2019).
Ensino por aproximações Sucessivas ou Modelagem em crianças com TEA
Sabendo que crianças com autismo possuem adesão a rotinas e padrões ritualizados de comportamento, o uso de uma rotina visual é fundamental, principalmente no contexto escolar que exige mudança de rotina e situações novas que geram medo, ansiedade e podem desencadear diversos comportamentos disruptivos. O uso de suportes visuais para o estabelecimento das rotinas tem se mostrado eficaz, pois crianças com TEA tem mais facilidade de interagir com estímulos visuais do que com estímulos verbais, e por isso em intervenção comportamental os suportes visuais têm sido amplamente adotados (FIALHO, 2018 cita MARTINS 2020). Desse modo, através de um quadro com fotos ou imagens das atividades do dia é possível organizar uma rotina visual para crianças com TEA na escola, sendo possível usar fotos representativas ou fotos da própria criança executando tais atividades do dia. Além disso, as mudanças que ocorrem na rotina devem ser antecipadas e representadas no quadro da rotina visual, assim as crianças com TEA conseguem antecipar as mudanças ocorridas e controlar sua ansiedade em relação ao imprevisível, participando mais das atividades escolares, com pouca ou nenhuma frequência de comportamentos inadequados em decorrência dos problemas de inflexibilidade de rotina (FIALHO, 2018 cita MARTINS 2020). As pistas visuais ajudam também para o estabelecimento de regras e combinados com a criança com TEA; auxiliam nos momentos de negociação do professor com a criança; são úteis para que a criança possa expressar e discriminar seus sentimentos; para sinalizar comportamentos que são permitidos e proibidos em determinados momentos da escola, promovendo maior compreensão e motivação para crianças com autismo (MARTINS 2020).
Para ajudar os profissionais na área de saúde e educação, a Neuropsicopedagoga Clínica e Mestre em Educação Renata Bringel, ministra um curso onde apresenta Testes de Rastreio para Autismo (TEA) e Atrasos no Desenvolvimento Infantil. Os cursos online realizados pela Professora Renata estão disponibilizados no site www.renatabringel.com.br
Referências:
DE SOUZA, Rodrigo Dal Ben; JULIANI, João. Psicologia e autismo. Revista Terra & Cultura: Cadernos de Ensino e Pesquisa, v. 29, n. 56, p. 139-152, 2018.
CARVALHO FILHA, Francidalma Soares Sousa et al. Análise do comportamento aplicada ao transtorno do espectro autista: aspectos terapêuticos e instrumentos utilizados-uma revisão integrativa. Revista de Divulgação Científica Sena Aires, v. 8, n. 4, p. 525-536, 2019.
MARTINS, Juliana dos Santos. Contribuições da Análise do Comportamento Aplicada (ABA) para adaptação escolar de crianças pré-escolares com autismo. 2020. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Pelotas.