TOC
O TOC Transtorno obsessivo-compulsivo é caracterizado pela presença de obsessões e/ou compulsões. Obsessões são pensamentos, impulsos ou imagens recorrentes e persistentes que são vivenciados como intrusivos e indesejados, enquanto compulsões são comportamentos repetitivos ou atos mentais que um indivíduo se sente compelido a executar em resposta a uma obsessão ou de acordo com regras que devem ser aplicadas rigidamente (DSM-5).
O especialista em psiquiatria e professor Dr. Aristides Volpato Cordioli da Universidade Federal do Rio Grande Do SUL diz que o Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) é um transtorno comum que acomete cerca de 2% da população mundial ao longo da vida, e no Brasil, é provável que existam entre 3 e 4 milhões de pessoas portadoras de TOC até o ano de 2008. Grande parte dessas pessoas nunca foi diagnosticada e nem tratada, mesmo tendo sua vida comprometida de alguma forma. Para o Dr. Cordioli muitas das pessoas portadoras de TOC desconhecem que seus sintomas constituem uma doença, perdendo muito tempo de sua vida realizando todos os rituais, procurando ajuda realmente quando não suportam mais tanto sofrimento.
Os males causados pela falta de um diagnóstico
Algumas pessoas não procuram ajuda por vergonha e se sentem angustiadas por realizar coisas que não aparentam sentido. Com isso, acabam, na grande maioria das vezes, se escondendo para realizar tais rituais para não demonstrarem e nem mesmo terem que explicar para os outros suas atitudes. O TOC, dentro do quadro das doenças psiquiátricas, é considerado como uma das doenças mais graves e incapacitantes. Ainda segundo Cordioli (2008), pessoas que são acometidas por esse tipo de transtorno ficam permanentemente ansiosas e com a expectativa de que algo terrível possa lhes acontecer. Estes pensamentos podem ser relacionados a medos como os de adquirir doenças, ter sua casa destruída, matar sua família e amigos, entre outros. Essas constantes preocupações e receios acabam levando essas pessoas, segundo o professor Cordioli, a realizarem diversos rituais, acreditando que, ao realizarem tais atos, possam evitar e resolver os problemas que acabam sendo desenvolvidos e criados pelos mesmos.
O TOC até pouco tempo atrás era considerado como uma mania, tanto pelos seus portadores, como por familiares. Este também era tido como um tipo difícil de ser tratado pelos profissionais da área da saúde, devido às poucas publicações sobre o assunto e as poucas informações gerais sobre este tipo de transtorno, levando assim seus portadores a demorarem muito a procurar ajuda. Com isso os portadores acabavam sendo raramente tratados e diagnosticados (CORDIOLI, 2008).
Critérios Diagnósticos do Transtorno Obsessivo-compulsivo – DSM-5
- Presença de obsessões, compulsões ou ambas:
Obsessões são definidas por (1) e (2):
1. Pensamentos, impulsos ou imagens recorrentes e persistentes que, em algum momento durante a perturbação, são experimentados como intrusivos e indesejados e que, na maioria dos indivíduos, causam acentuada ansiedade ou sofrimento.
2. O indivíduo tenta ignorar ou suprimir tais pensamentos, impulsos ou imagens ou neutralizá-los com algum outro pensamento ou ação.
As compulsões são definidas por (1) e (2):
1. Comportamentos repetitivos (p. ex., lavar as mãos, organizar, verificar) ou atos mentais (p. ex., orar, contar ou repetir palavras em silêncio) que o indivíduo se sente compelido a executar em resposta a uma obsessão ou de acordo com regras que devem ser rigidamente aplicadas.
2. Os comportamentos ou os atos mentais visam prevenir ou reduzir a ansiedade ou o sofrimento ou evitar algum evento ou situação temida; entretanto, esses comportamentos ou atos mentais não têm uma conexão realista com o que visam neutralizar ou evitar ou são claramente excessivos. Nota: Crianças pequenas podem não ser capazes de enunciar os objetivos desses comportamentos ou atos mentais
B. As obsessões ou compulsões tomam tempo (p. ex., tomam mais de uma hora por dia) ou causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.
C. Os sintomas obsessivo-compulsivos não se devem aos efeitos fisiológicos de uma substância (p. ex., droga de abuso, medicamento) ou a outra condição médica.
D. A perturbação não é mais bem explicada pelos sintomas de outro transtorno mental (p. ex., preocupações excessivas, como no transtorno de ansiedade generalizada; preocupação com a aparência, como no transtorno dismórfico corporal; dificuldade de descartar ou se desfazer de pertences, como no transtorno de acumulação; arrancar os cabelos, como na tricotilomania [transtorno de arrancar o cabelo]; beliscar a pele, como no transtorno de escoriação [skin-picking]; estereotipias, como no transtorno de movimento estereotipado; comportamento alimentar ritualizado, como nos transtornos alimentares; preocupação com substâncias ou jogo, como nos transtornos relacionados a substâncias e transtornos aditivos; preocupação com ter uma doença, como no transtorno de ansiedade de doença; impulsos ou fantasias sexuais, como nos transtornos parafílicos; impulsos, como nos transtornos disruptivos, do controle de impulsos e da conduta; ruminações de culpa, como no transtorno depressivo maior; inserção de pensamento ou preocupações delirantes, como nos transtornos do espectro da esquizofrenia e outros transtornos psicóticos; ou padrões repetitivos de comportamento, como no transtorno do espectro autista).
Especificar se:
Com insight bom ou razoável: O indivíduo reconhece que as crenças do transtorno obsessivo- -compulsivo são definitiva ou provavelmente não verdadeiras ou que podem ou não ser verdadeiras.
Com insight pobre: O indivíduo acredita que as crenças do transtorno obsessivo-compulsivo são provavelmente verdadeiras.
Com insight ausente/crenças delirantes: O indivíduo está completamente convencido de que as crenças do transtorno obsessivo-compulsivo são verdadeiras.
Especificar se:
Relacionado a tique: O indivíduo tem história atual ou passada de um transtorno de tique.
Especificadores do TOC
Muitos indivíduos com TOC têm crenças disfuncionais. Essas crenças podem incluir senso aumentado de responsabilidade e tendência a superestimar a ameaça; perfeccionismo e intolerância à incerteza; e importância excessiva dos pensamentos (p. ex., acreditar que ter um pensamento proibido é tão ruim quanto executá-lo) e necessidade de controlá-los.
Os indivíduos com TOC variam no grau de insight que têm quanto à exatidão das crenças subjacentes aos seus sintomas obsessivo-compulsivos. Muitos têm insight bom ou razoável (p. ex., o indivíduo acredita que a casa definitivamente não irá, provavelmente não irá ou pode ou não incendiar se o fogão não for verificado 30 vezes). Alguns têm insight pobre (p. ex., o indivíduo acredita que a casa provavelmente irá incendiar se o fogão não for verificado 30 vezes), e poucos (menos de 4%) têm insight ausente/crenças delirantes (p. ex., o indivíduo está convencido de que a casa irá incendiar se o fogão não for verificado 30 vezes). O insight pode variar em um indivíduo durante o curso da doença. O insight mais pobre foi vinculado a pior evolução no longo prazo.
Até 30% dos indivíduos com TOC têm um transtorno de tique ao longo da vida. Isso é mais comum no sexo masculino com início do TOC na infância. Esses indivíduos tendem a diferir daqueles sem história de transtornos de tique nos temas dos seus sintomas obsessivo-compulsivos, comorbidade, curso e padrão de transmissão familiar.
Para ajudar os profissionais na área de saúde e educação, a Neuropsicopedagoga Clínica e Mestre em Educação Renata Bringel, ministra um curso onde apresenta Testes de Rastreio para Autismo (TEA) e Atrasos no Desenvolvimento Infantil dentre outros. Os cursos online realizados pela Professora Renata estão disponibilizados no site www.renatabringel.com.br
Referência:
DE FARIAS LEITE, Madson Márcio. A Eficácia da Análise do Comportamento no Tratamento a Pacientes com Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC)/The Effectiveness of Behavior Analysis in Treating Patients with Obsessive Compulsive Disorder (OCD). ID on line REVISTA DE PSICOLOGIA, v. 14, n. 50, p. 513-529, 2020.
CORDIOLI, Aristides Volpato. Vencendo o transtorno Obsessivo-compulsivo. 2. Ed. Porto alegre: Artmed, 2008.
Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais [recurso eletrônico] : DSM-5 / [American Psychiatric Association ; tradução: Maria Inês Corrêa Nascimento … et al.] ; revisão técnica: Aristides Volpato Cordioli … [et al.]. – 5. ed. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : Artmed, 2014.