O que é a Psicomotricidade
Psicomotricidade é a ciência que tem como objeto de estudo o homem através do seu corpo em movimento e em relação ao seu mundo interno e externo. Está relacionada ao processo de maturação, onde o corpo é a origem das aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas.
É sustentada por três conhecimentos básicos: o movimento, o intelecto e o afeto. Psicomotricidade, portanto, é um termo empregado para uma concepção de movimento organizado e integrado, em função das experiências vividas pelo sujeito cuja ação é resultante de sua individualidade, sua linguagem e sua socialização (Associação Brasileira de Psicomotricidade).
Psicomotricidade no desenvolvimento
Em seu livro “Psicologia da criança” o psicólogo Arthur T. Jersild afirma que o primeiro contato do ser humano com o mundo é pelo movimento. Durante toda a vida a pessoa possui uma visão de si própria influenciada pela percepção de seu corpo e suas peculiaridades de força e habilidades em atividades físicas. O movimento é um dos fatores que dá ao homem o desenvolvimento físico que o acompanhará por toda a sua vida, desde a sua infância até no desempenho funcional nas diversas atividades profissionais que os indivíduos irão exercer na sociedade. Por meio da fala, dos gestos, dos olhares, dos movimentos e da emoção, e também através da linguagem verbal e corporal é que ele se faz entender em relação as suas necessidades de sobrevivência.
Psicomotricidade e a prevenção dos problemas motores
Segundo a pedagoga Cleide Madalena Fontana existem alguns pré-requisitos do ponto de vista psicomotor para que uma criança comece a ler e escrever, como também no desenvolvimento da sua lógica matemática. Para isso é necessário que ela possua o domínio dos gestos motores e de instrumento, como esquema corporal, lateralidade, estruturação espacial, organização espaço-corporal,orientação temporal. Tais habilidades são os elementos básicos da psicomotricidade. Fontana cita alguns autores, fonte de pesquisa de seus estudos, que defendem a importância dessas habilidades para a aprendizagem como De Meur e Staes (1984); De Meur e Staes, (1991); Guilherme (1983); Le Boulch (1984).
Elementos Básicos da Psicomotricidade
Esquema Corporal – A noção do esquema corporal além de estar ligada à atividade motora, e as necessidades biológicas, também está vinculada com alguns aspectos emocionais. O esquema regula a postura, equilíbrio e a própria imagem corporal, que é a impressão que a criança tem de seu próprio corpo proveniente das experiências com o meio em que vive, sendo que, a imagem corporal pode ser deduzida a partir dos desenhos da figura humana que a criança realiza. A noção do esquema corporal além de estar ligada a atividade motora, também está relacionada aos aspectos emocionais e com as necessidades biológicas do indivíduo.
Se a imagem corporal da criança for favorável aumentará a possibilidade de interagir com as pessoas, utilizando como referência ela própria. Para se fazer uma ação, o indivíduo precisa ter uma organização de si mesmo, sendo esta a base para descobrir diferentes possibilidades de ação. O esquema corporal se organiza pela experiência corporal, sendo uma construção mental que a criança faz de seu corpo.
É através do corpo que o ser humano interage com o mundo que a cerca, desta forma, o conceito da imagem corporal torna-se indispensável para qualquer tipo de aprendizagem, pois é através de uma boa formação destes pré-requisitos que a criança torna o seu corpo um ponto seguro de referência, que servirá de sustentação e princípio para a aprendizagem de todas as noções e definições que são necessárias e obrigatórias para a alfabetização da criança. Tais conceitos podem ser definidos como: em cima, embaixo, na frente, atrás, esquerda, direita, alto, baixo, permitindo desse modo que ela desenvolva o equilíbrio corporal e tenha a capacidade de dominar seus atos motores de acordo com as os limites impostos pela folha de papel, ou contornos dos desenhos.
Lateralidade – A lateralidade é o uso preferencial de um lado do corpo para a realização das atividades. Esse uso preferencialmente se refere ao olho, ouvido, mão e pé. Existem indivíduos destros e canhotos, também indivíduos com a lateralidade cruzada, isto ocorre quando se tem preferência pela mão de um lado do corpo e pelo olho e pé do lado oposto, significando que existe predomínio, tornando um lado mais eficaz.
Este lado que prevalece, irá evidenciar maior força muscular, bem como, um maior grau de precisão e rapidez. A lateralidade na criança se define naturalmente, não é necessário que seja forçada pelos pais ou professores.
O termo “esquerda” e “direita” é o domínio dos lados em relação ao próprio corpo e aos objetos, devem ser usados quando a lateralidade estiver bem definida na criança, ou seja, a dominância de um lado em relação ao outro a nível de força e precisão. Caso a lateralidade não esteja bem definida, a criança apresentará dificuldades neste conceito. Quando à dominância dos três níveis, ou seja, da mão, olho e pé, e que este ocorra do lado direito, são chamadas de destra homogênea, canhota ou sinistra homogênea se for do lado esquerdo. Se o indivíduo usa os dois lados, mostrando a mesma habilidade com ambos, e destreza, chama-se de ambidestra.
Estruturação Espacial – A criança passa ter conhecimento básico do seu corpo, tanto dele por inteiro como das suas partes, sabendo onde se localiza e a nomenclatura de cada parte do seu corpo. A criança com boa noção de estrutura espacial tem consciência do lugar ocupado por ela, por outras pessoas e coisas e a maneira de colocar o seu corpo ou parte dele e desloca-se com movimentos que apresentam o padrão normal de desenvolvimento, com maior controle e domínio corporal. Tais noções são adquiridas cotidianamente ao movimentar-se em casa, na escola, nas brincadeiras e nas atividades do dia a dia.
Nesta fase é possível avançar nas atividades sensoriais, a fim de preparar e melhorar os seus sentidos e sua percepção. As crianças ao iniciarem o processo de alfabetização sem possuírem uma noção de posição e orientação espacial, tem tendência de confundir as letras do alfabeto, bem como, dificuldade em respeitar a ordem das letras nas palavras e das palavras nas frases.
Organização Espaço-Corporal- É o período de por em prática e vivenciar todas as práticas corporais possíveis que possam ser realizadas pela a criança, pois ela já conhece as partes do seu corpo e as suas posições. Com a estrutura espacial e da organização espaço-corporal os movimentos serão percebidos e antecipados e assim podendo ser adaptados aos objetivos pretendidos e consequentemente a ação que este objetivo pretende alcançar, através do movimento do corpo, que expressa emoções e sentimentos. Para conseguir o domínio corporal, será necessário realizar atividades e exercícios de coordenação, equilíbrio e destreza.
Orientação Temporal – Estudos mostram que a estruturação temporal é a capacidade do indivíduo de situar-se em função de uma série sucessiva de fatos, coisas e pessoas que irão ocorrendo no decorrer de sua vida. Para se formar um pensamento sobre noção de espaço é necessário estabelecer relações com o conhecimento básico de tempo. As noções temporais são abstratas e de difícil compreensão, então se tornam difíceis de serem alcançadas pelas crianças.
A criança vai conquistando, obtendo e entendendo as noções de tempo e espaço, através de situações concretas feitas com a prática do dia a dia. A criança ao receber estímulo antes do tempo previsto, recebe o conhecimento da noção de passado, presente e futuro (tempo), ou seja, ou dos termos que são empregados como: antes, depois, por último, ontem, hoje, amanhã, cedo demais, mais tarde e outros. Ao incorporá-las a criança conseguirá melhor se organizar, perceber que pode dispor de mais tempo para as atividades diárias, bem como executar as suas atividades corpóreas com melhor qualidade.
As noções de corpo, espaço e tempo estão muito ligadas entre si, pois o corpo coordena-se, movimenta-se dentro de um espaço determinado, em função de sua base de aprendizagem, por isso, muitas vezes são empregadas a terminologia: “orientação espaço temporal de forma integrada”.
Avaliações
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Referências:
FONTANA, Cleide Madalena. A importância da psicomotricidade na educação infantil. 2012. 78 p. Monografia (Especialização em Educação: Métodos e Técnicas de Ensino). Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Medianeira, 2012.
JERSILD, A. T. Psicologia da criança. Belo Horizonte: Itatiaia, 1971.