Disgrafia
Saiba o que é Disgrafia. A disgrafia é considerada como a principal dificuldade de escrita manual, que pode ser considerada como “uma falha no processo de desenvolvimento ou da aquisição da escrita. Está relacionada a uma disfunção na inteiração entre dois sistemas cerebrais, que permitem que a pessoa transforme uma atividade mental em linguagem escrita”. A disgrafia não está associada a nenhum comprometimento intelectual, geralmente é caracterizada pela chamada “letra feia”, devido à incapacidade que a criança tem de recordar a grafia da letra e de reproduzir para a escrita, ao tentar lembrar o grafismo, escreve muito lentamente podendo unir de forma incorreta as letras, tornando-as ilegíveis. Portanto, a disgrafia é um distúrbio da linguagem escrita devido às dificuldades de passar para a escrita o estímulo visual da palavra impressa, ou seja, o aluno com disgrafia não consegue idealizar no plano motor o que captou no plano visual. Caracteriza-se pelo traçado das letras, que em geral são difíceis de decifra-las. Cita esta definição a Dra. Daniela Leal psicóloga, especialista em Psicopedagogia e Educação Inclusiva em seu livro Dificuldades de aprendizagem: um olhar psicopedagógico.
Prováveis causas da Disgrafia
Nora Cecília Bocaccio Cinel Especialista em Linguística e em Supervisão de Sistemas Educacionais diz que crianças com disgrafia apresentam dificuldades no ato motor da escrita, tornando a grafia praticamente indecifrável. Então disgrafia é a perturbação da escrita no que diz respeito ao traçado das letras e à disposição dos conjuntos gráficos no espaço utilizado. Relacionando-se, portanto, a dificuldades motoras e espaciais.
As prováveis causas da disgrafia de acordo com a Professora Cinel (2003) podem estar relacionadas a distúrbios da motricidade fina e ampla, distúrbios de coordenação visomotora, deficiência de organização têmporoespacial, devido a problemas de lateralidade e de direcionalidade e erro pedagógico.
Alguns distúrbios causadores de Disgrafia:
Distúrbios da motricidade ampla e fina: Frequentemente, observamos que, mesmo em crianças de nível intelectual médio ou elevado, existe um determinado potencial ou certo conjunto de habilidades não desenvolvidas. Neste caso, é possível constatarmos uma ou outra ou várias disfunções psiconeurológicas ou anomalias na maturação do sistema nervoso central, tornando-se evidente, na maior parte das situações, a falta de coordenação entre o que a criança se propõe a fazer (intenção) e a respectiva ação. Ocorre, portanto, um verdadeiro hiato que resulta em dificuldade ou, mesmo, impedimento de expressão por meio do corpo. Essa falta de sintonia entre o pretendido e o realizado provoca desequilíbrio, especialmente o afetivo com repercussões de ordem social, nas áreas motora e perceptiva. Na área motora, aparecem a hiper ou a hipoatividade, as perturbações do ritmo, a incoordenação excessiva, prejudicando a postura, a locomoção, os movimentos dos braços, pernas, mãos, pés e a respiração. Na área perceptiva, evidenciam-se desordem perceptovisual, de orientação e estruturação espacial, perturbações do esquema corporal e da lateralidade.
Tais perturbações interferem, sensivelmente, em todos os campos de ação da criança. Na escola, geralmente ela estará sujeita a mau rendimento, a um desempenho medíocre, apesar da sua boa capacidade intelectual, de vez que um bom desempenho requer atenção e concentração da criança. Se não houver domínio do corpo, se faltar autonomia, automatismo e precisão no gesto, a atenção será desviada e absorvida no necessário controle do movimento. Para que a criança adquira os mecanismos da escrita, além da cessidade de saber orientar-se no espaço (motricidade ampla), deve ter consciência de seus membros, da mobilização dos mesmos, e saber fazer agir, independentemente, o braço em relação ao ombro, a mão em relação ao braço e ter a capacidade de individualizar os dedos (motricidade fina) para pegar o lápis ou a cata e riscar, traçar, escrever, desenhar o que quiser. Existem inúmeros exercícios para minimizar ou sanar essas dificuldades. O professor precisa iniciar com aqueles que visam exercitar os grandes músculos e, posteriormente, trabalhar com os pequenos músculos, seja na educação infantil, seja no ensino fundamental.
Distúrbios na coordenação visomotora: coordenação visomotora está presente sempre que um movimento dos membros superiores ou inferiores ou de todo o corpo responde a um estímulo visual de forma adequada. O traçar uma linha, por exemplo, a criança, ao mesmo tempo que segue, com os olhos, a ação de riscar, deve ter em mira o alvo a atingir. Isso implica sempre ter atenção a algo imediatamente posterior à ação que está realizando no instante presente. Criança com problemas de coordenação visomotora não consegue, por exemplo, traçar linhas com trajetórias predeterminadas, pois, apesar de todo o esforço, a mão não obedece ao trajeto previamente estabelecido. Esses problemas repercutem negativamente nas aprendizagens, uma vez que para aprender e fixar a grafia é indispensável que a criança tenha conveniente coordenação olho/mão, da qual depende a destreza manual. Os esforços para focalização visual distraem a sua atenção e ela perde a continuidade do traçado das letras e suas associações.
Deficiência na organização temporoespacial: Quando falamos em organização temporoespacial nos referimos à orientação e à estrutura do espaço e do tempo: é o conhecimento e o domínio de direita/esquerda, frente/atrás/lado, alto/ baixo, antes/depois/durante, ontem/hoje/ amanhã, etc., que a criança deve ter desenvolvido para construir seu sistema de escrita. Criança com problemas de orientação e estruturação espacial, normalmente, apresenta dificuldades ao escrever, invertendo letras, combinações silábicas, sob o ponto de vista de localização, o que denota uma insuficiência da análise perceptiva dos diferentes elementos do grafismo. Ela não consegue, também, escrever obedecendo ao sentido correto de execução das letras, nem orientar-se no plano da folha, apresentando má utilização do papel e/ou escrevendo fora da linha. É natural, ainda, que encontre dificuldade na leitura e na compreensão de sentido de um texto, como decorrência da desorganização temporoespacial.
Problemas de lateralidade e direcionalidade: Sabemos que os distúrbios de motricidade manifestam-se, principalmente, por meio dos gestos imprecisos, dos movimentos desordenados, da postura inadequada, da lentidão excessiva, etc. Entre as crianças com dificuldades motoras, muitas podem apresentar problemas relativos à lateralidade e que podem provocar ou ser provocados por perturbações do esquema corporal, pela má organização do espaço em relação ao próprio corpo ou, ainda, por desarranjos de ordem afetiva. As perturbações da lateralidade podem apresentar-se de várias maneiras: lateralidade mal-estabelecida; caracteriza-se pela não definição da dominância, em especial, da mão direita ou esquerda. Nesse caso, a criança vive uma permanente incerteza quanto ao uso das mãos, tornando-se, por isso, confusa e pouco eficiente no desempenho das atividades motoras. Uma dominância não claramente definida pode ser, também, causa de certas dificuldades, como, por exemplo, inversão de letras na leitura e/ou na escrita, confusão de letras de grafismos (traçados) parecidos, mas com orientação espacial diferente (por exemplo, b/p – bato/ pato). O que conhecemos como escrita espelhada também pode ser decorrência da lateralidade mal- estabelecida. lateralidade cruzada; caracteriza-se pela dominância da mão direita em coxão com o olho esquerdo, por exemplo, ou da mão esquerda com o olho direito. Esse tipo de lateralidade heterogênea olho/mão tem sido pesquisado por muitos estudiosos do tema, que, apesar dos esforços, têm chegado a conclusões divergentes. Vários autores levantam a hipótese de que a lateralidade cruzada poderia ser, em certos casos, causa de desequilíbrios motores e outras perturbações, que dificultariam o aprendizado e o desenvolvimento da leitura e da escrita. Há diferentes pesquisas sobre o assunto e não há conclusões definitivas a respeito.
Erro pedagógico: Geralmente, as dificuldades que os alunos apresentam na escrita se devem a falhas no processo de ensino, nas estratégias inadequadas escolhidas pelos docentes ou por desconhecimento do problema ou por despreparo. Os cuidados que o professor das séries iniciais (1 o ciclo) deve ter quando seus alunos começam a aprender a escrever não devem resumir-se à ortografia mas, também, à legibilidade. Esses cuidados prolongam-se por todo o período de escolarização ou pelo professor de classe ou pelos professores de Língua Portuguesa. Preparar um aluno para escrever com correção e legibilidade é trabalhar com ele, desde o início, atentando para a grafia correta das palavras, a forma das letras, a uniformidade no traçado, o espaçamento, o ligamento e a inclinação da escrita em relação ao espaço onde se está escrevendo. Legibilidade é uma qualidade complexa que se constitui na soma desses vários aspectos, dentre outros considerados importantes.
Para ajudar os profissionais na área de saúde e educação, a Neuropsicopedagoga Clínica e Mestre em Educação Renata Bringel, ministra o curso online DISLEXIA Avaliação e Intervenção entre outros. Os cursos online realizados pela Professora Renata estão disponibilizados no site www.renatabringel.com.br
Referências:
CINEL, Nora CB. Disgrafia-prováveis causas dos distúrbios e estratégias para a correção da escrita. Revista do Professor, v. 19, n. 74, p. 19-25, 2003.
LEAL, Daniela; NOGUEIRA, Makeliny Oliveira Gomes. Dificuldades de aprendizagem: um olhar psicopedagógico. Curitiba: Ibpex, 2011.