Motricidade Orofacial
A Motricidade Orofacial é a área da Fonoaudiologia que estuda a musculatura dos lábios, língua, bochechas e face e as funções a elas relacionadas, como a respiração sucção, mastigação, deglutição e fala. Atua na prevenção, avaliação, diagnóstico e tratamento dos Marcos do Desenvolvimento da Motricidade Orofacial de pessoas com comprometimento destas funções. (Sociedade Brasileira De Fonoaudiologia).
Desenvolvimento da Motricidade Orofacial
O bebê quando nasce tem o queixo (mandíbula) pequeno e retraído (posicionado mais para trás). A cavidade oral é pequena; sendo assim, a língua posiciona-se para frente, apoiando-se sobre a gengiva, podendo colocar-se entre os lábios. Para extrair o leite do seio materno é preciso elevar a língua, pressionando o mamilo contra o palato, enquanto a mandíbula realiza o movimento de ordenha. O movimento de ordenha é composto por um conjunto de movimentos mandibulares (abaixamento, protrusão, elevação, retrusão) realizados durante a extração do leite materno.
Esse ato exige um grande esforço de todos os músculos da face, estimulando o crescimento da mandíbula e prevenindo futuros problemas nos dentes e ossos da face (por exemplo, os dentes superiores projetados para frente ou pouco desenvolvimento do queixo/mandíbula). A ordenha só ocorre no seio materno. Nenhum tipo de bico artificial possibilita todos esses movimentos mandibulares, fundamentais para o desenvolvimento facial e mandibular (MS Brasil2016).
Problemas relacionados à motricidade orofacial
Os principais problemas relacionados aos Marcos de Desenvolvimento da Motricidade Orofacial são alterações na respiração, sucção, mastigação, deglutição e fala, assim como na posição dos lábios, da língua e das bochechas.
Segundo estudos realizados por fonoaudiólogos, mamar no peito fortalece a musculatura orofacial do bebê, diminuindo riscos de problemas futuros em funções importantes, tais como a respiração, mastigação, deglutição e fala. As dificuldades de sugar podem ocorrer devido a: ausência do reflexo de sucção; diminuição da força de sucção; incoordenação entre as ações de sugar, deglutir e respirar; posicionamento inadequado da mãe e/ou bebê; ausência de selamento (fechamento) dos lábios ao redor do bico do seio materno; e inadequada movimentação de língua e mandíbula durante a amamentação.
Avaliando os Marcos do Desenvolvimento da Motricidade Orofacial
A avaliação dos Marcos do Desenvolvimento da Motricidade Orofacial deve ser feita pelo fonoaudiólogo, considerando suas dimensões estruturais e funcionais.
Avaliação estrutural; deve considerar a morfologia da cabeça e pescoço, o equilíbrio de tamanho entre os terços da face, a simetria da face e dos órgãos fonoarticulatórios, em repouso e durante a movimentação. Observar a integridade e conformação dos lábios, do palato (estreito, alto); da língua (retraída, fixada na mandíbula, excessivamente larga ou pequena) e se há retração excessiva da mandíbula. Além disso, deve-se avaliar controle postural, sensibilidade, tonicidade e mobilidade.
Avaliação funcional; deve observar a sucção, mastigação, deglutição, respiração, fonação e fala, considerando:
• Tipo de administração alimentar: aleitamento materno no peito, uso de mamadeira; via oral, sonda nasográstrica, sonda orogástrica.
• Posicionamento durante as refeições.
• Dificuldade nas funções alimentares: sugar, sorver, amassar, mascar, mastigar e deglutir.
• Sinais clínicos: tosse, sudorese, dispneia, apneia, recusa, engasgos, doença de refluxo gastroesofágico, sonolência.
• Tipos de alimentos oferecidos: líquidos, pastosos e sólidos.
• Sucção não nutritiva: presente com chupeta e/ou com sucção digital.
• Tipo de respiração: oral, nasal, mista.
• Tipo de utensílio utilizado para apresentação do alimento.
A importância do Aleitamento materno para o Desenvolvimento da Motricidade Orofacial
É importante considerar que enquanto se está mamando no seio materno, a possibilidade de respiração é somente pelo nariz. A respiração nasal é fundamental, pois através dela o ar que o bebê inspira é filtrado, aquecido e umedecido, além de ser mais um estímulo para o desenvolvimento das suas estruturas orais. Então, todo o “esforço” que o bebê faz no momento da mamada é extremamente benéfico e importante para o correto desenvolvimento da face e das suas estruturas orais. Os lábios, a língua, as bochechas, a mandíbula e os músculos da face são fundamentais para que a criança possa, posteriormente, falar e mastigar corretamente. Portanto, não são poucos os motivos que justificam o incentivo constante ao aleitamento materno, principalmente nos primeiros seis meses de vida do bebê (Brasil2016).
Marco do desenvolvimento da Motricidade Orofacial e o Teste da Linguinha
O que é língua presa? – Língua presa é uma alteração comum, mas, muitas vezes, ignorada. Ela está presente desde o nascimento e ocorre quando uma pequena porção de tecido, que deveria ter desaparecido durante o desenvolvimento do bebê na gravidez, permanece na parte de baixo da língua, limitando seus movimentos;
O que é o Teste da Linguinha? – O Teste da Linguinha é um exame padronizado que possibilita diagnosticar e indicar o tratamento precoce das limitações dos movimentos da língua, causadas pela língua presa, que podem comprometer as funções exercidas pela língua: sugar, engolir, mastigar e falar. O Protocolo de Avaliação do Frênulo da Língua em Bebês (Teste da Linguinha) foi desenvolvido durante o mestrado da fonoaudióloga Roberta Lopes de Castro Martinelli, na FOB-USP. É lei: O Projeto de Lei nº 4.832/12, de autoria do Deputado Federal Onofre Santo Agostini, “obriga a realização do Protocolo de Avaliação do Frênulo da Língua em Bebês, em todos os hospitais e maternidades do Brasil”, foi sancionado pela Presidência da República e se converteu na Lei nº 13.002, de 20 de junho de 2014;
Como é realizado o teste – O Teste da Linguinha deve ser realizado por um profissional da área da saúde qualificado, como, por exemplo, o fonoaudiólogo. Ele deve elevar a língua do bebê, para verificar se a língua está presa, e também observar o bebê chorando e sugando. O exame não tem contraindicações. Recomenda-se que a avaliação do frênulo da língua seja, inicialmente, realizada na maternidade. A avaliação precoce é ideal para que os bebês sejam diagnosticados e tratados com sucesso. O que fazer se a maternidade ou hospital não tiver realizado o teste? Avise o pediatra ou profissional da saúde logo, na primeira consulta. Ele deverá encaminhar o bebê para os locais que estejam preparados para realizar o teste. Orientações gerais para realização do teste: 1. Posicionamento do bebê: a mãe ou responsável deve apoiar a nuca do bebê no espaço entre o braço e o antebraço. Em seguida, deve segurar as mãos do bebê. 2. Elevação da língua do bebê: é utilizada uma manobra específica, por meio da qual o profissional introduz os dedos indicadores enluvados embaixo da língua, para que se possa fazer sua elevação.
Importância do teste – Quando um bebê nasce com a língua presa, normalmente parentes próximos podem apresentar o mesmo problema. Por falta de informação, muitos sofrem em silêncio as várias dificuldades que essa alteração pode causar. Há bebês com dificuldades para mamar, causando estresse, tanto para ele, quanto para a mãe; crianças, jovens e adultos com dificuldades na mastigação/deglutição e alterações na fala, afetando a comunicação, o relacionamento social e o desenvolvimento profissional. Além disso, diferentes movimentos da língua, como, por exemplo, lamber sorvete e beijar podem ser difíceis de realizar. É importante que seu bebê faça o exame o mais cedo possível, preferencialmente no primeiro mês de vida, para que se descubra, com a maior antecedência, se tem língua presa, evitando dificuldades na amamentação, possível perda de peso e, principalmente, o desmame precoce, com introdução desnecessária da mamadeira. Seguir essas recomendações faz toda diferença para a amamentação e, consequentemente, para a boa saúde do seu filho (fonte: Portal dos Bebês da área da Fonoaudiologia).
Para ajudar os profissionais na área de saúde e educação, a Neuropsicopedagoga Clínica e Mestre em Educação Renata Bringel, ministra um curso onde apresenta Testes de Rastreio para Autismo (TEA) e Atrasos no Desenvolvimento Infantil. Os cursos online realizados pela Professora Renata estão disponibilizados no site www.renatabringel.com.br
Referências:
RIZATTO, Ana Julia dos Passos et al. Portal dos Bebês: atualização e avaliação dos conteúdos sobre as funções orofaciais. Audiology-Communication Research, v. 25, 2020.
DA SOCIEDADE, Comitê de Motricidade Orofacial. Brasileira de Fonoaudiologia. Documento oficial, 2ª edição 2012.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Diretrizes de estimulação precoce : crianças de zero a 3 anos com atraso no desenvolvimento neuropsicomotor / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde. – Brasília: Ministério da Saúde, 2016.
MINISTÉRIO DA SAÚDE SECRETARIA DE ATENÇÃO À SAÚDE DEPARTAMENTO DE AÇÕES PROGRAMÁTICAS ESTRATÉGICAS COORDENAÇÃO GERAL DE SAÚDE DA CRIANÇA E ALEITAMENTO MATERNO NOTA TÉCNICA Nº 35/2018