Transtorno de Ansiedade
Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais os transtornos de ansiedade incluem transtornos que compartilham características de medo e ansiedade excessivos e perturbações comportamentais relacionados. Medo é a resposta emocional a ameaça iminente real ou percebida, enquanto ansiedade é a antecipação de ameaça futura. Obviamente, esses dois estados se sobrepõem, mas também se diferenciam, com o medo sendo com mais frequência associado a períodos de excitabilidade autonômica aumentada, necessária para luta ou fuga, pensamentos de perigo imediato e comportamentos de fuga, e a ansiedade sendo mais frequentemente associada a tensão muscular e vigilância em preparação para perigo futuro e comportamentos de cautela ou esquiva. Às vezes, o nível de medo ou ansiedade é reduzido por comportamentos constantes de esquiva. Os ataques de pânico se destacam dentro dos transtornos de ansiedade como um tipo particular de resposta ao medo. Não estão limitados aos transtornos de ansiedade e também podem ser vistos em outros transtornos mentais. Os transtornos de ansiedade diferem entre si nos tipos de objetos ou situações que induzem medo, ansiedade ou comportamento de esquiva e na ideação cognitiva associada. Assim, embora os transtornos de ansiedade tendam a ser altamente comórbidos entre si, podem ser diferenciados pelo exame detalhado dos tipos de situações que são temidos ou evitados e pelo conteúdo dos pensamentos ou crenças associados.
Muitos dos transtornos de ansiedade se desenvolvem na infância e tendem a persistir se não forem tratados. A maioria ocorre com mais frequência em indivíduos do sexo feminino do que no masculino (proporção de aproximadamente 2:1). Cada transtorno de ansiedade é diagnosticado somente quando os sintomas não são consequência dos efeitos fisiológicos do uso de uma substância/medicamento ou de outra condição médica ou não são mais bem explicados por outro transtorno mental (DSM-5).
Visão Histórica
O Dr. Antonio Egídio Nardi fundador e coordenador do Laboratório de Pânico & Respiração do Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro escreveu em um de seus artigos publicado no Jornal Brasileiro de Psiquiatria, que as primeiras civilizações viam a loucura como algo sobrenatural, castigo. Assírios e egípcios consideravam muitas doenças como arremessado dos céus. Mitos e épicos gregos vistos de forma semelhante à loucura como visitação de deuses (Porter, 2002 cita Nardi).
Na Grécia antiga, Platão (428 – 348 aC) apresenta em Timeu um caso de ansiedade associado a um antigo conceito egípcio do útero vazio. Embora esta descrição seja frequentemente associada à histeria, o texto original descreve uma mulher com ansiedade aguda muito semelhante ao transtorno do pânico. “O útero é um animal desejoso de procriar filhos. Quando permanece infrutífero por longos períodos além da puberdade, fica descontente e com raiva, começa a vagar por todo o corpo, fechando as passagens de ar, impedindo a respiração, provocando angústia dolorosa, e causando uma variedade de doenças associadas”.
Platão não apenas associou o transtorno do pânico às mulheres da idade reprodutiva, mas também afirma que a gravidez melhora os sintomas (em alguns casos) e que os sintomas respiratórios (dispneia, dificuldade em respirar) são sintomas comuns. Por exaltando a mente e valorizando a ordem e a lógica, pensadores gregos definiu para idades futuras o problema do irracional. Fazendo o homem a medida de todas as coisas, eles arrancaram a loucura do céu e humanizou-a (Nardi2006).
OMS- Transtorno de Ansiedade
Um levantamento feito em 2016 sobre depressão, publicado pela Organização Mundial da Saúde, compreende-se que 264 milhões de pessoas no mundo sofrem com o transtorno de ansiedade, em diversos tipos e graus. Aponta-se que o Brasil tem mais de 9% da população com algum tipo de transtorno de ansiedade, ou seja, quase três vezes mais que a média mundial. São mais de 18 milhões de pessoas nessa situação (Organização Mundial da Saúde [OMS], 2016).
Tipos de Transtorno de Ansiedade
Transtorno de Ansiedade de Separação; O indivíduo com transtorno de ansiedade de separação é apreensivo ou ansioso quanto à separação das figuras de apego até um ponto em que é impróprio para o nível de desenvolvimento.
Mutismo Seletivo; O mutismo seletivo é caracterizado por fracasso consistente para falar em situações sociais nas quais existe expectativa para que se fale (p. ex., na escola), mesmo que o indivíduo fale em outras situações.
Fobia Específica; Os indivíduos com fobia específica são apreensivos, ansiosos ou se esquivam de objetos ou situações circunscritos. . Medo, ansiedade ou esquiva é quase sempre imediatamente induzido pela situação fóbica, até um ponto em que é persistente e fora de proporção em relação ao risco real que se apresenta.
Transtorno de Ansiedade Social (Fobia Social); No transtorno de ansiedade social (fobia social), o indivíduo é temeroso, ansioso ou se esquiva de interações e situações sociais que envolvem a possibilidade de ser avaliado.
Transtorno de Pânico; No transtorno de pânico, o indivíduo experimenta ataques de pânico inesperados recorrentes e está persistentemente apreensivo ou preocupado com a possibilidade de sofrer novos ataques de pânico ou alterações desadaptativas em seu comportamento devido aos ataques de pânico (p. ex., esquiva de exercícios ou de locais que não são familiares). O ataque de pânico pode, portanto, ser usado como um especificador descritivo para qualquer transtorno de ansiedade, como também para outros transtornos mentais.
Agorafobia; Os indivíduos com agorafobia são apreensivos e ansiosos acerca de duas ou mais das seguintes situações: usar transporte público; estar em espaços abertos; estar em lugares fechados; ficar em uma fila ou estar no meio de uma multidão; ou estar fora de casa sozinho em outras situações.
Transtorno de Ansiedade Generalizada; As características principais do transtorno de ansiedade generalizada são ansiedade e preocupação persistentes e excessivas acerca de vários domínios, incluindo desempenho no trabalho e escolar, que o indivíduo encontra dificuldade em controlar. Além disso, são experimentados sintomas físicos, incluindo inquietação ou sensação de “nervos à flor da pele”; fatigabilidade; dificuldade de concentração ou “ter brancos”; irritabilidade; tensão muscular; e perturbação do sono.
Transtorno de Ansiedade Induzido por Substância/Medicamento; O transtorno de ansiedade induzido por substância/medicamento envolve ansiedade devido à intoxicação ou abstinência de substância ou a um tratamento medicamentoso.
Transtorno de Ansiedade Devido a Outra Condição Médica; No transtorno de ansiedade devido à outra condição médica, os sintomas de ansiedade são consequência fisiológica de outra condição médica.
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Referências:
Nardi, A. E. (2006). Some notes on a historical perspective of panic disorder. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, 55(2), 154-160.
Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais [recurso eletrônico] : DSM-5 / [American Psychiatric Association ; tradução: Maria Inês Corrêa Nascimento … et al.] ; revisão técnica: Aristides Volpato Cordioli … [et al.]. – 5. ed. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : Artmed, 2014.