TCCG com crianças e adolescentes requer preparo diferenciado, pois exige mais atenção e flexibilidade dos terapeutas para atender as demandas e situações.
TCCG com crianças e adolescentes requer preparo diferenciado, pois exige mais atenção e flexibilidade dos terapeutas para atender as demandas e situações.

TCCG Terapia cognitivo-comportamental em grupos

A (TCCG) Terapia cognitivo-comportamental em grupos se mostra atualmente como uma possibilidade de intervenção amplamente difundida para os mais diversos transtornos e indivíduos. Assim como o trabalho com crianças e adolescentes em terapia cognitivo-comportamental requerer planejamentos e adaptações especificas, os grupos voltados para a população infanto-juvenil também apresenta dificuldades e desafios próprios. O atual cenário de grupos voltados para intervenções com crianças e adolescentes tem se mostrado cada vez mais otimista à medida que este tipo de intervenção vem sendo cada vez mais estudada e os resultados mostram sua eficácia (Neufeld & Peron, 2018).

TCC com crianças e adolescentes

A partir da década de 1980, começam a crescer e a apresentar maior consistência os trabalhos dentro da TCC voltados para crianças e adolescentes (Caminha & Caminha, 2007). Acerca da TCC com crianças e adolescentes, existem diversas semelhanças ao atendimento com a abordagem utilizada com adulto, além de algumas diferenças, como é o caso da intervenção com os pais, por exemplo (Pureza, Ribeiro, Pureza & Lisboa, 2014). Atualmente, na literatura observa–se que o tratamento psicológico de crianças e adolescentes tem sido considerado, além de uma medida terapêutica, como uma forma de prevenção e de promoção de saúde (Petersen & Wainer, 2011 cita Neufeld & Peron, 2018).

Infância

A infância é compreendida como a etapa inicial do desenvolvimento humano, podendo ser dividida entre primeira infância (0-3 anos), segunda infância (3-6 anos) e terceira infância (6-11 anos) (Papalia, Olds & Feldman, 2010 cita Neufeld & Peron, 2018). As intervenções pautadas na TCC costumam ser voltadas para crianças a partir de seis anos de idade, sendo trabalhado especificamente com orientação de pais para indivíduos com idades inferiores a esta idade (Nardi, Ferreira & Neufeld, 2015).

Adolescência

Quanto à adolescência, a World Health Organization [WHO] Organização Mundial da Saúde (2014) considera o período correspondendo à fase de transição entre a infância e a vida adulta, compreendendo as idades dos 10 aos 19 anos. É um momento de grandes mudanças físicas, cognitivas e psicossociais, podendo trazer potenciais riscos e oportunidades à vida do indivíduo. Esta fase pode ser dividida em alguns períodos, sendo eles: adolescência inicial (10-14 anos) e final (15-19 anos) (Papalia, Olds & Feldman, 2010 cita Neufeld & Peron, 2018).

TCCG com crianças e adolescentes -Três Grandes desafios

Primeiro Desafio

O primeiro desafio já surge no momento do convite e na autorização de pais e responsáveis, assim como no assentimento para os adolescentes. No caso de pais e responsáveis é essencial que seja apresentado um resumo dos objetivos e dos conteúdos a serem trabalhados em sessão durante o grupo, assim como a importância de cada um deles para o desenvolvimento e para a saúde mental dos participantes. Para os adolescentes, é interessante tornar os conteúdos atrativos e também ressaltar as vantagens da participação do grupo para eles, a curto e a longo prazo (Neufeld & Peron, 2018).

Novamente, um critério importante neste momento é a homogeneidade dos participantes para aquele grupo, especialmente, pois nestas etapas do desenvolvimento, pequenas diferenças na idade podem apresentar significativas diferenças de compreensão e entendimento, principalmente por parte das crianças. Por isso, é necessário cuidado especifico no momento de delineamento de critérios de inclusão e exclusão dos participantes para que a intervenção a ser realizada seja apropriada e aproveitada da melhor forma possível pelos indivíduos (Neufeld & Peron, 2018).

Ainda neste momento, é necessário cuidar do número de participantes juntamente com o preparo da equipe de terapeutas. Especialmente no caso das crianças, uma equipe maior é mais desejável a medida em que as atividades precisam ser mais dinâmicas e os participantes costumam se movimentar e conversar mais durante a sessão. Por conta disso, é essencial que a equipe esteja preparada para lidar com conversas e brincadeiras a parte das atividades planejadas, e seja capaz de cativar e manter a atenção das crianças. Com relação aos adolescentes o desafio surge com relação a equipe saber manejar a relação de forma a não os tratar como crianças, mas também contornar conversas paralelas e desinteresse na participação das atividades (Neufeld & Peron, 2018).

E por fim, neste momento inicial é essencial que a avaliação e o uso de instrumentos sejam pensados cuidadosamente. A avaliação é importante tanto para auxiliar no processo de seleção dos participantes, a partir da contribuição para a definição dos critérios de inclusão de exclusão, quanto para o acompanhamento do processo do grupo por meio de pré e pós-teste. É importante considerar a adequação dos instrumentos e escalas escolhidos para a faixa etária em questão quanto para o objetivo da intervenção realizada. Ainda, as informações fornecidas pelos instrumentos devem ser consideradas de maneira ética, e a partir de resultados apresentados, fornecer feedbacks e encaminhamentos que se considere necessário para cada caso especificamente (Neufeld & Peron, 2018).

Segundo Desafio

O segundo momento de desafio apresentado por Neufeld, Daolio e Longhini (2015 cita Neufeld & Peron, 2018), diz respeito a condução do grupo em si, considerando a adesão e os fatores terapêuticos presentes. Neste sentido, é de fundamental importância que sejam observados o relacionamento entre os membros do grupo. De maneira geral, é comum que os grupos realizados com crianças e adolescentes sejam aplicados dentro de instituições (escolas, ONGs, centros comunitários, etc.), e, portanto, os integrantes do grupo já se conhecem em alguma medida, e já podem se dividem em subgrupos. É importante, então, que cuidados para que brincadeira e momentos de bullying que podem ser comuns fora do ambiente do grupo não venham junto para a sessão. Uma maneira de tentar controlar essa possibilidade é o estabelecimento de regras para o bom funcionamento do grupo e das sessões, as quais o respeito com os colegas e a qualidade dos relacionamentos estejam presentes nas regras acordadas com os participantes (Neufeld & Peron, 2018).

A desistência e o número de faltas também se mostram um desafio importante neste momento. Quanto mais faltas os participantes apresentarem, mais dificuldades de compreensão e entendimento das sessões seguintes poderão ocorrer, o que também pode influencias na desistência. Portanto, é importante que a equipe esteja atenta a este fator e procure minimizar seu impacto, tanto por meio de estratégias de retomada de conteúdos anteriores (item fundamental das TCCs) quando investigar o que pode estar provocando e contribuindo com as faltas do indivíduo, e ajudar no levantamento de possíveis soluções para a causa (Neufeld & Peron, 2018).

Além disso, a motivação tem influência importante nessas questões, e, portanto, o investimento em estratégias neste sentido se torna essencial. Atividades e reforços podem ser negociados para incentivar a participação a princípio; no caso das crianças pode-se criar um jogo em que a cada sessão elas possam acumular pontos, e ao final receber algum prêmio. Com os adolescentes, pode-se negociar uma festa de encerramento e a distribuição de certificados de participação caso uma determinada porcentagem de frequência seja atingida (Neufeld & Peron, 2018).

Terceiro Desafio

O terceiro momento de desafio consiste na intervenção, levando-se em conta a psicoeducação e o treinamento (Neufeld, Daolio & Longhini, 2015). Como já discutido anteriormente, a faixa etária trabalhada exige adequação de conteúdos teóricos para o adequado entendimento por parte dos participantes. Com as crianças, as atividades lúdicas tendem a funcionar muito bem, e ainda conseguem captar a atenção e estimular o engajamento. Contudo, é essencial que momentos de reflexão e discussão dos conteúdos façam parte da sessão para possa-se verificar a compreensão e a generalização por parte das crianças (Neufeld & Peron, 2018).

Já com os adolescentes, é necessário cuidado com as atividades propostas para que as sessões não fiquem muito infantis. Ainda, pode-se adequar os conteúdos a serem trabalhados de formas diferentes a partir dos interesses apresentados pelos integrantes de cada grupo. No caso de grupos mais quietos e envergonhados, a proposição de atividades que necessitem de maior reflexão e exposição de ideias pode fazer com que eles se engajem mais e não se sintam constrangidos. No caso de adolescentes mais dinâmicos e extrovertidos, a proposta de atividades de teatro, role-plays e encenações pode tornar a sessão mais atrativa e o façam refletir mais sobre os conteúdos uma vez que devem preparar uma cena ou exposição que descreva de maneira adequada o que eles estão aprendendo (Neufeld & Peron, 2018).

Ainda, outro aspecto importante a ser pensado, consiste no equilíbrio entre o planejamento de cada uma das sessões com conteúdo que podem surgem por parte dos participantes espontaneamente durante o grupo. Dependendo do tema a ser abordado em sessão, isso pode suscitar relatos de experiências pelos participantes, que podem exigir manejo por parte dos terapeutas para não reprimir o relato completamente, mas não desviar completamente o tema da sessão. Nestes momentos, é necessário saber balancear o momento de acolhimento e o seguimento do planejamento, que por serem grupos estruturados, apresentam continuidade e delimitação de tempo (Neufeld & Peron, 2018).

Para ajudar os profissionais na área de saúde e educação, a Neuropsicopedagoga Clínica e estre em Educação Renata Bringel, ministra os cursos Online Testes de Rastreio para Autismo (TEA) e Atrasos no Desenvolvimento Infantil, TDAH, Avaliação e Intervenção entre outros. Os cursos online realizados pela Professora Renata estão disponibilizados no site renatabringel.com.br

Referência:

NEUFELD, Carmem Beatriz; PERON, Suzana. A terapia cognitivo-comportamental em grupos com crianças e adolescentes: desafios e estratégias. 2018.

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